23º Capítulo.

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Segui-o até o quarto. Ele já havia entrado e fechado a porta. Parei na frente da mesma e bati.
Manuela: Guilherme, sou eu, abre a porta. – Não obtive nenhuma resposta. – Por favor, Guilherme. Só quero conversar. – O silêncio continuava. – Não vai abrir mesmo, Gui!?
Mal terminei a frase e ele abriu a porta.
Guilherme: Me ganhou com o "Gui". – Ele sorriu e eu fiquei paralisada. Foca, Manuela. Foca. Pensei.
Manuela: Posso entrar?
Guilherme: Não sei se é confiável deixar uma estranha entrar no meu quarto, mas – Ele fez um gesto com a mão, convidando-me a entrar. Foi o que eu fiz. Fiquei de pé e ele se sentou na cama.
Manuela: Ficou bolado com o que a Bruna disse?
Guilherme: E tinha como não ficar? Po, eu sei que minha mãe não é a rainha da bondade, mas, velho, ela deixou vocês ficarem aqui. A troca não é lá muito justa, mas deixou. Senão fosse por ela, vocês estavam pelas ruas, passando necessidade ou recebendo merrecas pra fazerem exatamente o que fazem aqui e sem a menor boa condição de vida. Aqui não tem luxo, mas todas vocês tem casa e comida. Po, não que eu defenda o que ela faz, mas a Bruna não podia perder a chance de manter a boca fechada, né!?
Não interrompi-o em nenhum momento. Só quando ele fez a pergunta retórica que eu me pronunciei.
Manuela: Não que eu discorde com o que ela disse, mas não precisava ser dito daquele jeito.
Guilherme: Puta que pariu. – Ele se levantou e ficou de frente pra mim.
Manuela: E você queria o que? Que eu defendesse sua mãe?
Guilherme: Não, Manuela. Só que... Quer saber, esquece. Tu veio aqui pra que então?
Manuela: Pra conversar contigo. Eu percebi o estado que você ficou e quis te ajudar.
Guilherme: Bela ajuda.
Manuela: Quanta ingratidão.
Guilherme: Tô aprendendo com uma estranha que eu esbarrei na rua.
Manuela: Boatos de que ela é gata.
Guilherme: E de que rouba beijos no metrô.
Manuela: Eu vou lá embaixo com as meninas. – Tratei logo de desviar do assunto. Nada de se apegar, Manuela. Nada de se iludir. – Elas vão estranhar a minha demora.
Guilherme: Vai lá.
Sai do quarto, fechei a porta e encostei na mesma. Fechei os olhos e suspirei. Por que raios eu tinha que gostar tanto do jeito do Guilherme? Por que eu tinha que gostar tanto de estar na companhia dele? Merda. Fiquei alguns minutos ali, encostada na parede do quarto do Guilherme. Ele não gosta de você, Manuela. Ele não é pra você, Manuela. Ele tem outra, Manuela. Ele jamais ia querer ter algo com você, Manuela. Não se ilude, Manuela. Não vê coisa onde não tem, Manuela. Respirei fundo e, finalmente, "criei" forças pra me livrar daqueles pensamentos.

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