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𝒟ois dias inteiros haviam se passado desde minha conversa no Blenz com Scott, e a nem um pouco agradável, desavença explosiva com minha mãe

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𝒟ois dias inteiros haviam se passado desde minha conversa no Blenz com Scott, e a nem um pouco agradável, desavença explosiva com minha mãe.
Logo que cheguei em casa naquela noite, me atirei em minha cama e fiquei remastigando todas as suas palavras. Cada sílaba, cada pausa, enquanto brincava com seu cigarro em meus dedos, girando-o e girando-o como um relógio que ansiava pelo momento em que eu deixaria de chamar essas paredes desalmadas e cálidas de casa e viveria no desconhecido.
As de minha progenitora também correu de meus ouvidos até minhas memórias, foi inevitável isso, mas as expurguei para o fundo de minha mente, um canto onde guardo amargamente todas as outras crueldades que já ouvi saindo de sua boca.

Desde aquele dia, não vou à cafeteria. Minha mãe me prendeu em casa, dizendo que tenho que estudar o máximo possível para que eu conquiste minha bolsa onde tanto quero, não importa quantas páginas eu tivesse que engolir ou quanto meu cérebro suportaria antes de pifar.
E eu fiz isso, eu estudei o máximo que eu conseguia para me livrar daqui, me libertar desta droga de prisão. Para finalmente pegar minhas coisas e poder respirar sem ser controlada do quanto de ar puxei para dentro de meus pulmões, para estar em um lugar onde eu poderia voar, sem me preocupar com a águia revolta que sempre viria atrás de mim onde quer que eu fosse.

— Tem certeza de que ficará bem? — A loira olha bem no fundo dos meus olhos, devorando tudo de ruim que eu pensava sobre ela. Todos os palavrões que mastigavam meu cérebro e minhas entranhas enquanto meu pai, colocava as malas no porta malas do carro. Me pergunto se ele se agrada de ver o quão monstruosa sua esposa pode ser com a sua própria filha. Ele que nunca fez nada para impedir, ele que a muito tempo sorri tão superficialmente para mim, fingindo benquerença e agrado com quem eu me tornei quando na verdade sei que eu estando ali no mesmo ambiente que ele ou não, não faria a mínima diferença. 

— Claro mãe, o que acha que irei fazer? — Seguro a risada enquanto falo. — Colocar fogo na casa toda? Já tenho dezoito anos, não seis.— Ela tomba a cabeça para o lado, relaxando as pálpebras.

Meus pais ficarão cinco dias fora pois terão que resolver todas as papeladas de uma viúva da outra cidade que era casada com um milionário, que de uma hora para a outra, adivinha só, misteriosamente resolveu que era a hora de bater as botas de grife dele.

— Está bem.— Jogou por cima do seu ombro direito, uma das pontas do seu cachecol.— Voltamos logo.— Viu se tudo estava dentro da sua bolsa enorme, verificou as horas no seu relógio e depois, distanciou-se.

Vejo-a enquanto ela se sentava no banco e me olhava, antes de fechar a porta, é claro, sem demonstrar um mísero sinal de carinho quanto a minha pobre pessoa.

— Até breve filha.— Meu pai vem até mim, me enlaçando forte no meio de seus braços longos.

— Tchau pai.— Sorrio sem dentes no minuto em que que nos distanciamos. O homem anda até o lado do motorista, agitando sua mão esquerda antes de introduzir-se no carro.— Tchau! — Aceno também e o veículo preto, vai se afastando gradualmente. Meus dentes chocavam-se um no outro e meus lábios assim como o restante do meu corpo, vibrava.

Cigarette Daydreams [ book one ]Onde histórias criam vida. Descubra agora