𝐗𝐕

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— Minha nossa, você está viva! — Ouço o vozear ansioso mas ao mesmo tempo abrandado de Heather, quando eu alinhava as milhões de coisas - ainda, como sempre - bagunçadas e amarrotadas em meu armário

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— Minha nossa, você está viva! — Ouço o vozear ansioso mas ao mesmo tempo abrandado de Heather, quando eu alinhava as milhões de coisas - ainda, como sempre - bagunçadas e amarrotadas em meu armário. Viro meu pescoço e rosto para o corredor do colégio, e com isso, tenho a completa e ampla visualidade de minha melhor amiga correndo até mim, com seus braços pequenos bem abertos. O casaco por seus botões não estarem bem presos as casas, volitava para trás à proporção que ela andava rápido. Os cadarços, para não fugir do costume, desamarrados. — Eu te liguei milhões de vezes ontem. Já estava começando a ficar preocupada com o seu sumiço.— Parou à frente de mim e imediatamente, me abraçou forte. Eu correspondo a benquerença.

— Calma, eu tô bem.— Soltei-me o riso que detento atrás de minha campainha se guardava, e ela me larga, recuando um passo para trás. Prendia com firmeza meus ombros no meio de seus dedos curtos que os apertavam despropositadamente.

— É, parece que sim. O quê aconteceu? — Ela preocupada, esquadrinha meu rosto. Parecia procurar alguma coisa; alguma novidade, descobrir algum segredo e até procurar alguma marca. Ela queria a todo custo, buscar uma decifração para a minha desaparição.

Mordi meu lábio, cocei minha testa agora ondulada com as pontas dos meus dedos, e depois, as palavras deslizaram muito fácil para fora de minha boca. Eu não tinha para onde fugir, e nem o porque não dizer á ela tudo o que se desenrolou em um período curto de vinte e quatro horas. 
Só que, quanto mais eu falava, mais a inquietação se pintava por conta própria em volta de seus olhos como um delineado bem feito, na ponta de seu nariz como um reflexo de lâmpada de quintal e na curva de seu queixo, como calda de sorvete derretido. 

— O que foi? Que cara é essa? — A gravidade parece ter um peso a mais, por isso, deixo meus ombros caírem, desanimada. A cara dela não era das melhores de se ver, repuxada em desconfiança. Nos lábios dela, não havia sorrisos, só a sombra de um pensamento que martelava, certeiro.

— Olha, meu dever é sempre estar o mais feliz que eu consiga por você em tudo o que for possível, mas é que sei lá, quando se trata do Scott, eu sinto um formigamento atrás da minha nuca e na ponta dos meus dedos dos pés. Até nas minhas sobrancelhas.— Falava, cautelosa, como se as palavras tivessem um peso secreto para ela. — É a mesma sensação de quando a gente comprava algumas fichas e passava trotes para sabe Deus quem nos orelhões. Uma aflição ansiosa, mas não por medo de ser pega... 

— Fica tranquila, tá bem? A correnteza já me velou e eu tô muito, muito pra baixo da superfície. Ninguém mais pode me salvar, nem se eu estender meu braço o máximo que eu consiga.— Ela sorri fraco e então concorda, entendendo. Heather sempre entende.— Você nunca ouviu dizer que mesmo as tempestades têm seu encanto e que nas nuvens escuras, há um arco-íris lá atrás delas? — Ergui minhas sobrancelhas, ironizando e sorrindo com sarcasmo. Meus olhos piscavam, exageradamente. Ela me olha, pensa, pensa, rola os olhos e solta por último, um suspiro profundo que enfeita nosso redor com a leveza da sua frustração.  

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⏰ Última atualização: Oct 31 ⏰

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