𝒜 revinda de meus pais da - pequena - viagem deles, acorreu dias mais tarde depois de todo aquele episódio catastrófico e hórrido entre Adam e Scott no Invers.
O jogador não fala mais comigo, não olha mais para mim e muito menos, se aproxima, o que é mais do que ótimo. Minhas manhãs agora são mais silenciosas e sossegadas, e eu sinto sempre uma leveza confortável e uma liberdade limpa e cheirosa a me receberem com suas boas-vindas animadas quando adentro as salas que temos as mesmas aulas. Eu sigo livre do peso em minhas costas, celebrando o alívio do meu espaço.
Sua ausência para mim, ressoa como um hino calmo com notas suaves que gosto de ouvir repentinas vezes, mas as marcas que ele deixou em minha pele com todos aqueles apertos nojosos, ainda se fazem presentes em mim como um despertador que sempre nos lembra de tomar remédio nas horas importantes.
Seu rosto, está no pior dos estados, o que gerou uma falação interminável pelos quatro cantos do colégio com a parábola de como aquilo foi acontecer. É claro que quem havia me visto indo embora com ele depois das aulas, jura com fervor, que carrego o peso da desfiguração do belo rosto despedaçado do neto do diretor.
E no fim das contas, os sussurros se tornaram lanças que adentram meus ouvidos e cortam meu estado calmo e fantasioso que vive um luto de algo que nunca nasceu. Os murmúrios são altos no refeitório toda vez que sento para comer, e uma infinidade de par de olhos agora me seguem pelos corredores com fagulhas de desaprovação a brilhar no ar, sem aos menos disfarçarem.Já Scott, eu não faço a mínima ideia de como ele esteja e nem como esses dias moldaram suas sombras, e é melhor assim. Eu custo a tentar não pensar nele e em suas cicatrizes esboçadas por seu rosto, mas a crueldade das suas palavras como espinhos em um campo de flores, rasgam a minha memória, deixando marcas indeléveis.
Durante as noites, no silêncio profundo de meu quarto, abraço o máximo que consigo o travesseiro que guarda no trançar de suas fibras, o seu perfume.
Eu fecho os olhos e sinto o cheiro da sua tristeza, da fragrância de sua própria escuridão e sem muito esforço, pego no sono.— Não há melhor lugar do que a nossa casa. — Meu pai recita o que Dorothy em O Mágico de Oz diz no clássico, assim que seus pés pisaram em solo conhecido. Seus ombros finalmente soltos, agora se rendem ao acolhimento e quentura de nosso robótico lar enquanto minha mãe que passa por ele calada, é claro, usava seu manto de perfeição para acobertar toda a exaustão pois a canseira, a deixaria "feia".
— E então, como foram as coisas por lá? — Arrasto a mala grande feita de couro bordado da minha mãe para dentro da sala com dificuldade, por ter tanta coisa dentro dela. Meu pai passa por nós, levando mais algumas coisas para o andar de cima. Ninguém me responde, como se eu fosse apenas o eco de seus passos.— Mãe? — A chamei, tentando pela milésima vez na minha vida, perfumar o ambiente com um clima mesmo que pouco, agradável. A ponta de minha unha desliza suave, fazendo um carinho pelo brasão com suas iniciais gravadas no material fincado ao couro da mala, como um broche.
— O que disse? — Ela finalmente desvia a claridade de suas vistas da tela de seu celular, para meu rosto paciente. O batom, envolvia as linhas de seus lábios, me causando arrepios ao notar como a cor fazia seus olhos mortalmente nocivos.
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Cigarette Daydreams [ book one ]
Romansℰra mais uma das incontáveis manhãs frias e vazias na cidade. Durante uma conversa com sua melhor amiga Heather a caminho do colégio, Cora é convencida a tomar um simples café expresso no Invers que segundo sua amiga, era a melhor cafeteria da...