𝐈𝐗

313 43 23
                                    

— Meu Deus Cora

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Meu Deus Cora. O que eu devo fazer com você? — Ouço a voz da minha mãe que parada na porta do meu quarto, falava com um tom de voz apático. Sistemático, provocativo. 

Desvio minha atenção do caderno de folhas meio amassadas em minhas mãos que antes eu tanto escrevia meus poemas, e passo a olhar mesmo sem nenhuma vontade, para ela. O sonido de seu sapato caro conforme ela andava cruzando meu quarto ecoa pelo ambiente sossegado. Os braços cruzados, no rosto, uma expressão de reprovação. Os cabelos loiros presos em um penteado descomplicado.
Neo deitado ao meu lado, também prestava atenção nela. Ele detestava minha minha mãe, assim como eu detestava kiwi ou abacate e sapatos molhados e barulhentos quando tomo chuva.

— O que foi agora? — Sem ânimo para discussões, prolongo as sílabas, deitando sobre as linhas o meu lápis.

— Seu quarto está com uma decoração péssima. Eu já te disse mil vezes que essa estante está horrenda, entupida de livros velhos e brinquedos que você certamente não os usa mais.— conduziu-se até minha estante e correu seu indicador pela mesma, depois examinando seu dedo e me mostrando-o. Em sua outra mão, a boneca de Diana Prince.— Está empoeirada! — Raspou o polegar no indicador limpando o pó dali, e devolveu a boneca em seu devido lugar. Junto á meu Mickey de pelúcia e minha coleção de bonecos da Liga da Justiça. Superman, Batman, Flash, Lanterna Verde, Mulher Gavião e J'onn J'onzz.

— Para mim, meu quarto parece normal e eu gosto dele exatamente como ele está.— Avalio minhas coisas ao redor, provocando a onça com vara curta. As cortinas tênues, fechadas. As luzinhas na minha cabeceira, acesas. 

— Tanta coisa que você poderia estar fazendo, e ao invés disso está aí, jogando fora sua juventude e vida social. Deitada, com a cara nesse caderno estúpido.— Parou na beirada da minha cama. As mãos em sua cintura fina, as sobrancelhas unidas. — Está anotando o que, afinal? Suas ideias insólitas?

— Veio até aqui só para me ofender Celine? — Desdobro a capa do que havia em minhas palmas, e deixo-o fechado sobre o meu lado no colchão. Os cobertores um pouco desarranjados por eu estar ali algumas horas seguidas.

— Na verdade não.— Caminhou até mim. Eu vou mais para o lado, e ela se senta próxima de minhas pernas, tocando meu joelho coberto pela calça jeans azul. Em meus pés, meias grossas, e em minhas canelas, polainas cinzas de lã. Neo começou a miar para a sua presença tempestuosa.— Eu vim aqui te perguntar, se eu deveria esperar por alguma carta da WMU.— Suspiro fundo, brincando com o anel fino em meu indicador. Giro-o de um lado ao outro.

— Mãe, você sabe muito bem que eu só fiz inscrição para a Frosty — Eu enfim olho para ela, deixando com que meus ombros caiam.— Sabe que eu quero fazer literatura lá — Amparo minhas costas na cabeceira, deixando preso atrás de minha orelha, o lápis.— Tia Ella estudou lá, e ela ama dar aulas em Wykoff — Dei de ombros.

— Mas Cora, o que eu quero dizer é que só uma faculdade não é garantia. Ouça sua mãe filha, faça inscrição na Whitetail Mountains e também... ser professora não é uma coisa muito legal. Eu e seu...

Cigarette Daydreams [ book one ]Onde histórias criam vida. Descubra agora