CAPÍTULO 04

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Aos sábados tenho aulas na companhia de Teatro Girassóis. Já é o segundo ano que faço oficinas aqui, e, este ano iremos apresentar um espetáculo pelo qual estou extremamente ansioso. É nesse espaço que esqueço o mundo lá fora, é aqui que eu me conecto com outra vertente da arte e me sinto livre para ser quem sou. Sem medo, sem restrições.

Na aula de hoje, tivemos que preparar cenas de improvisação em grupo, onde cada grupo recebeu um tema relacionado a sentimentos. O tema do meu grupo é paixão, e estamos debatendo sobre, sentados em cadeiras próximos à porta.

— O que é a paixão para vocês? — Pergunta Matteo, tentando concretizar uma ideia geral.

— Eu não sei dizer muito bem o que é... Para mim são tantas coisas. — responde Arthur.

— Acho que a paixão é o esboço de um amor sólido ou até mesmo de um desamor - sinto a garganta seca e umedeço-a para continuar a fala —, mas essa é só uma das milhares de interpretações que posso fazer. É muito complexo pensar sobre o que é realmente a paixão, ter uma resposta consolidada e exata sobre ela.

— Acho que poderíamos representar a paixão de Cristo. — propõe Matteo.

— Eu também ia sugerir isso. — Arthur e Matteo comemoram com um aperto de mão, o que me deixa com receio de propor alguma ideia nova.

— Penso que a proposta de cena não é bem essa... — digo involuntariamente desgrenhando minha franja, desisto oficialmente dela.

— O meu medo é esse, não sei. Seria melhor fazer um círculo vicioso... — novamente uma proposta de Matteo.

— Círculo vicioso? Como funcionaria? — questiono, interessado na ideia.

— Seria da seguinte forma: vamos estar mexendo no celular, procurando pelo amor ideal como fazem nos aplicativos modernos. Quando alguém encontrasse a paixão, iria em direção a abraçar alguém da roda, mas a pessoa iria se esquivar, e assim continuaria o ciclo com esta pessoa. No final, ninguém encontraria o amor, apenas a superficialidade da paixão.

— Eu adorei a ideia, poderíamos testar? — Não tenho nenhuma melhor por eu estar em um bloqueio criativo, então apenas abraço a ideia. Testamos a cena algumas vezes e na hora de apresentar ficou... Legal.

O diretor Mobi não fez críticas tão duras, só nos disse que a cena é do caralho - palavras do próprio -, mas que não fizemos contato visual e isso quebrou todo o encanto dela.

— Na próxima semana, quero que tragam textos sobre o tempo. Me digam como é o tempo de vocês, adolescentes e jovens adultos. Podem fazer da forma como quiserem, seja texto, poesia, poemas; da maneira que preferirem.

Adoro essa parte da oficina, a qual posso mostrar o que escrevo. Eu não tenho nada pronto sobre vazio por não ser um tema que sou habituado a escrever muito, mas estou otimista sobre superar essa limitação e preparar algo durante a semana.

 Eu não tenho nada pronto sobre vazio por não ser um tema que sou habituado a escrever muito, mas estou otimista sobre superar essa limitação e preparar algo durante a semana

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