0.1 creep

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Creep RadioHead
"Que diabos estou fazendo aqui?
Eu não pertenço a este lugar"

Era uma quinta-feira, início de abril. Ainda estávamos no começo da primavera, mas o clima em Seul a essa hora da noite já era agradável e a cidade exalava juventude. Luzes que surgiam de outdoor's clareavam as ruas e quarteirões. Parecia até ingratidão estar com meus olhos ocupados por lágrimas e não conseguir apreciar a beleza que a cidade oferecia. Tudo parecia impecável e encantador, diferente do dia que tive.

'Eu preciso de uma bebida', era o único pensamento que eu conseguia elaborar naquele momento.

Na verdade não, eu precisava de muitas bebidas. E companhia. Mas SeHun não atendia minhas ligações. JongDae estava passando a noite com MinSeok, aproveitando um dos únicos momentos em que eles tinham privacidade, e eu não seria o estraga prazeres de interromper sua noite com meus problemas. KyungSoo estava em um encontro com o homem que conheceu num aplicativo de namoros. E eu, me encontrava sozinho. Sem ter pra onde ir e sem ter o que pensar.

Andando pelas ruas de Myeong-Dong¹, dentro de Jung-Gu², caminho poucas quadras até encontrar um bar aberto. Sem muita preferência e alternativa, entro no local onde, na entrada, um grande letreiro indicava o nome "Black Pearl Bar".

Me desloco até o balcão, em que na parede por trás do mesmo, se concentravam expostas a maioria das bebidas em uma grande prateleira.

— Por favor, me vê dois shots do melhor e mais forte Soju que tem na casa? — Me dirigi ao barman, pedindo educadamente, ainda com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e me sentando na única banqueta vazia que havia. — Obrigada. — Agradeço segundos depois, quando o funcionário depõe os dois copinhos no móvel e retira-se para atender outros clientes.

Após virar o líquido garganta abaixo, escuto o barulho de três batidinhas em um microfone, o que seria alguém o tocando para conferir se estava ligado. O ato anterior do homem, se repete mais três vezes, com todos os microfones que se localizavam no palco.

Só assim, viro minha cabeça para o lado e analiso o espaço interior do bar.

Ao mesmo tempo em que era rústico por conta dos móveis de madeira, continha um ar jovial e moderno por conta do público que o frequentava. Desfrutava de mesas e cadeiras distribuídas de forma aprazível, iluminação suficiente pra se conversar e bem no fundo, um palco de tamanho médio, com instrumentos que pareciam pertencer a uma banda.

No bumbo³ da bateria, uma marca ilustrada com as letras "T", "L", "C", "K", confirmava a suposição que tinha feito.

A pessoa quem tocou o microfone a pouco tempo, não parecia ser integrante da banda, uma vez que confirmado que o aparelho emitia som, alto e claro, se retirou do palco e abriu espaço para os verdadeiros membros.

De um em um, eles se posicionavam em suas respectivas posições.

O primeiro que surgiu, com cabelos azuis, delineado preto, brincos e poucas tatuagens aparentes no antebraço, se dirigiu a bateria, sentou-se na cadeira atrás da mesma e batucou os tambores, proferindo um som baixo.

Em seguida, o de cabelos loiros, com correntes no pescoço e anéis nos dedos, atravessa o palco e suspende o baixo do pedestal, levando a correia a seu pescoço e dedilhando as cordas como se praticasse alguma melodia.

O terceiro membro, que ostentava seu mullet com os fios molhados de gel, jaqueta de couro e unhas pintadas de preto, apanha a guitarra, repetindo o mesmo ato do 'garoto do baixo', também dedilhando as cordas do instrumento e utilizando o afinador para harmonizar as notas.

don't tear us apart • bbh + pcy • em hiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora