Capítulo 3 - Bosque das Hortências

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Acordei em uma sala muito estranha, minha visão estava embaçada e não conseguia distinguir nada, sentia uma tontura e uma dor de cabeça muito grande, eu abri os meus olhos e vi uma luz branca, olhei em volta e tudo estava branco. Ouvia o bip de uma máquina de batimentos cardíacos. E sentia uma mão segurando a minha. Então ouço a minha mãe chorar e eu aperto a mão dela.

- Ohhh... Filha... Ohhh meu deus, como se sente ? Como está? Está zonza? Está se sentindo atordoada?

Fico confusa com tantas perguntas, mas fui salva pelo gongo, meu pai me acudio na hora.

- Margaret, não encha a cabeça dela com muitas perguntas amor, ela está com a visão turva e nem sabe onde está.

Como ele sabe disso ?

- Como você sabe que ela está com a visão turva ?

- Olhe nos olhos dela meu amor, as pupilas estão dilatadas.

Percebo o olhar da minha mãe em mim e nos meus olhos, então a minha visão se acostuma e eu vejo as coisas menos embaçadas.

- Mãe, não chore estou bem, não se preocupe, e a mesma coisa para você senhor Willians. - digo isso em um tom debochado e o meu pai ri - Senhora Willians Latell, não se preocupe conosco e sim com a senhorita.

- Como vocês conseguem brincar nessa situação ? - minha mãe fica em choque, e eu explico - Porque pensamos positivo, e fora do que me causou isso, são mais tranquilizantes, e menos preocupantes, e fazem nós darmos gargalhadas, e mostra que estamos bem.

Ela olha para mim com um sorriso fraco, mas com certeza mais aliviado, e dava para perceber mesmo com a visão um pouco embaçada, que era um sorriso sincero.
Então eu me sento na cama do hospital com a ajuda do meu pai, enquanto a minha mãe elevava a cama até as minhas costas.
Quando eles me ajudaram a me sentar, percebi que a pergunta que seria um Had shot para mim, estava prestes a vir.

- Como você se machucou desse jeito filha ? Está toda ralada e com o braço deslocado, teve sorte de seu pai ter  achado você na ponte da trilha, eram 4 horas da manhã quando ele saiu, não demorou uma hora para ele voltar contigo nos braços.

Fico calada pensando em tudo o que eu passei naquela noite....Aquele monstro, com sangue na boca e os ossos das patas para fora, suas costas super elevadas por conta de seu defeito ósseo, sua pele exposta sem o pelo que devia estar ali, seu rugido estridente, e sua aparência horrorosa.
Depois aquela mulher me sufocando, que por um triz eu não morro por ela.

- Em filha, me responda - minha mãe corta a linha das minhas lembranças horrendas - Por que está chorando meu bem ?

Quando me vejo no espelho ao lado da minha cama, percebo que estou chorando, acho que foi o impacto das lembranças da noite.

- Estou sentindo uma dor intensa de cabeça só isso. Mas respondendo sua pergunta, eu estava andando, e tropecei em uma pedra e rolei ladeira abaixo.

Minha mãe me olha confusa com o que acabo de dizer.

- Seu pai me disse que encontrou você na ponte minha querida.

- Sim amor, eu achei ela em uma ponte, mas não contei os detalhes, a ponte era encostada em um barranco.

Por um triz não sou pega, obrigado Sydnei. Odeio mentir para eles, mas se eu falar tudo que aconteceu, eu ia ser diagnosticada com loucura extrema. Ia ser a tiazinha louca da esquina.

- Ah... Isso explica tudo....Você não vai mais na trilha tá me ouvindo Ina ?

- Mas mãe não e culpa da trilha, é culpa de eu ser desastrada, e seria uma injustiça ver você e o papai indo para a trilha, ou eu ver a trilha, e dar vontade de eu ir. Eu ficaria trancada dentro de casa praticamente.

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