Meu primeiro amor

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Meu primeiro amor deveria ter sido um sinal do que estava por vir

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Meu primeiro amor deveria ter sido um sinal do que estava por vir.

Ele era filho do zelador do prédio onde tínhamos apartamento no Guarujá e chamava Cristian . Nos conhecemos quando eu tinha 11 anos e o que nos aproximou foi a perseguição dos nossos coleguinhas do condomínio.

Cristian , por se chamar Cristian, foi apelidado de Fiznastábuas e passaram a dizer que viram ele cagando em umas tábuas na praia. Eu, por chamar Elisabeth, tinha que ouvir todo mundo cantando Beth, Sereia, Ana Paula faz cocô na areia.

Unidos pelo bullying fecal, passamos as férias todas juntos, tomando sorvete, ouvindo Bon Jovi e fugindo dos bullies. Quando recomeçaram as aulas precisei voltar para Campinas, mas nós juramos amor eterno e (como sou velha e isso foi antes da internet) trocávamos cartas apaixonadas com fitas cassete para manter a paixão acesa enquanto aguardávamos nosso tão sonhado reencontro.

O reencontro infelizmente nunca aconteceu porque o pai de Cristian foi pego roubando um dos apartamentos e a família toda foi expulsa do prédio. Nunca mais vi Cristian. 

Eu minto muito, mas vamos começar com uma dose de sinceridade: não lembro o nome de metade das pessoas que aparecerão nessa lista, inclusive o primeiro. Sim, não lembro o nome do primeiro pênis que me penetrou. Me julgue. Em minha defesa, eu estava bêbada e foi há 15 anos.

Era final de 98 e, como todos os anos, eu ia passar o réveillon no Guarujá. Mamãe e o resto dos adultos da família só iriam no dia 30 porque precisavam trabalhar, inclusive ela, a grande e maravilhosa Perry, mas eu e meu primo fomos antes com alguns amigos.

Logo na primeira noite resolvemos fazer um luau na praia. Como ninguém tocava violão ou sabia acender uma fogueira, compramos uma garrafa de 51 e abrimos nossas cadeiras de praia em frente a um bar de reggae para aproveitar a música e a luz deles. Belíssimo luau. Em algum lugar, Bob Marley chorou uma lágrima regueira.

Pessoas no luau: eu, com o frescor dos meus recém completados 15 aninhos; uma prima que estava tomando Roacutan para as espinhas e não podia beber; meu primo extremamente homossexual que passava por uma fase hétero e estava pegando uma amiga nossa insuportável; a amiga insuportável que estava pegando meu primo e foi convidada apenas por pena, porque uns dias antes da viagem estava dançando em cima de uma mesa, caiu e quebrou o pé. Ou seja, além de insuportável, estava de muletas. Na praia.

A insuportável também não podia beber por causa dos remédios pro pé quebrado, então os únicos bebendo éramos eu e meu primo. Tinha como dar certo? Não tinha.

A noite estava ótima, como são todas as noites regadas a cachaça sem gelo direto do gargalo, mas em algum momento eu resolvi que nosso luau precisava de mais gente e fui em busca de novos amigos. Saí procurando alguém na praia e vi um cara sentado sozinho contemplando o mar. Vítima perfeita.

Começamos a conversar e ele deve ter me contado a vida inteira dele, mas se não lembro nem o nome do rapaz, imagine sua história de vida.

Mas lembro que ele estava acampando sozinho e eu achei isso o máximo. Devo ter achado tão legal que ele quis me mostrar a barraca dele. Ah, meus 15 aninhos. Eu não tinha a menor ideia das implicações do convite para conhecer a barraca de alguém.

No caminho pro lugar onde ele estava acampado passamos pelo meu luau. Sabe quando você não tem muita certeza se está tomando a decisão certa ou não? Então. Quando passamos pelo meu luau vi minha prima sóbria sendo atacada por um cachorro enquanto meu primo homossexual cagava de cócoras com a amiga insuportável fazendo carinho nele com uma mão enquanto tentava espantar o cachorro que atacava minha prima com a outra.

 Nessa hora tive certeza de que estava fazendo a coisa certa me afastando dos trapalhões.

O resto da noite é um borrão. Quando dei por mim a gente estava se beijando e quando dei por mim novamente a gente estava transando à luz do luar. OK, não lembro se tinha luar naquela noite, mas estou tentando dar uma romanceada nessa história pouco nobre. Bem. Depois de dada a buceta, me despedi do cara e disse que ia voltar para o luau porque já devia ser tarde e eles provavelmente estavam preocupados. Chego lá e cadê todo mundo? Me abandonaram e ainda deixaram minha cadeira pra trás.

Foi ai que eu conheci o Dean, ele estava com mais dois amigos e umas piranhas de  roupas coladas, tudo bem que eu não lembro de nada daquela noite, mas conhecendo o Dean as garotas estavam peladas.  

Ele me deu uma carona na sua mais nova picape 2.0, isto eu lembro só por ter andado na mesma varias vezes, ter feito alias coisas estranhas com o Dean dentro dela, enfim  

Amor e obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora