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Iara

— Finalmente, estou morta  — comento me jogando em cima da Luana que está sentada no sofá.

— Saí daqui sua folgada — empurrou meu corpo fazendo com que eu caísse e Vivi riu.

— Sua grossa — levantei fingindo estar brava.

— Grosso é meu pau — rimos.

— Tu nem tem pau sua maluca — Vivi disse morrendo de rir.

Após quase uma semana estou acomodada na casa das meninas, que agora também é minha casa. Bloqueei o Vinícios em tudo quanto é possível e o boy finalmente está me deixando respirar, era só foguinho no rabo, Idiota.

— Aí, é sexta tem baile, a gente vai nem? Estou cansada de ficar nessa casa — perguntei olhando pras meninas.

— Com certeza gata, estamos precisando — Luana já estava animada com a ideia, na verdade não passa muito tempo desde nosso último baile, mas nem gente, três jovens que não trabalham, a única coisa mesmo é curtição.

Luana é sustentado pelos pais que moram no interior, apesar de pobres eles enviam uma mesada para ela que juntando com o da Vivi dá para as despesas e alguns caprichos, já Vivi eu nunca perguntei onde ela consegue grana. Luana nasceu aqui na Maré, mas quando tinha 7 anos ela, os pais e seus irmãos se mudaram para o interior, e Vivi ficou aqui com os pais, mas quando os pais de Vivi morreram Luana voltou pra cá para que sua prima não ficasse sozinha e porque ela gosta nem gente.

— E hoje meu bem, hoje a gente vai direto pro camarote — Vivi disse animada olhando para o celular, parecia receber a confirmação de algo.

— Como assim mulher? Tá doida é? — Não é qualquer uma que vai para o camarote, só os chefões do tráfico, as fiéis ou amantes deles e mais algumas pessoas com moral.

— Não meu bem, o próprio Barão acaba de convidar, eu perguntei se podia levar mais duas pessoas e ele falou que de boas — olhamos para ela surpresas, eu que não vou desperdiçar essa oportunidade, de sobra ainda consigo pegar um gatinho, se Deus quiser, com a perseguição do encosto do Vinícios acabei ficando de jejum por muito tempo.

— Não me diga que tu tá dando pro Barão — Luana olhou séria pra Vivi.

— O que que tem? Não vem bancar a certinha Luana que tu tá muito longe — Parece que a prima da minha melhor amiga não está gostando muito da conversa.

— O cara tem fiel sua tonta, e tu lembra muito bem o que a mulher fez com a última amante dele — agora eu fiquei curiosa.

— Cuida da tua vida Luana, eu cuido da minha, o Barão tá comendo na minha mão, se bobear aquela corna perde até o posto de fiel pra mim — olhei para ela surpresa, eu não iria julgar, cada um sabe o que faz.

— Ok, tu que sabe — Luana mirou seus olhos no  celular em suas mãos demonstrando o fim da conversa.

— Mas a gente ainda vai pro camarote nem? — eu precisava saber.

— Eu que não vou perder isso por causa das paranóias da Luana, e agora vai ser frequente, sempre que a corninha não estiver no baile eu estarei do lado do Barão — Luana olhou para ela e balançou a cabeça em negação, eu me mantive em silêncio, não vou me meter, a mulher é adulta e sabe o que faz.

[...]

— Pega esse daqui — falei entregando um short preto para Vivi.

— Isso tá cumprido demais gata, quero algo pra fazer o Barão ter um infarto — comentou e eu ri da cara que a Luana fez, com certeza esse comentário tinha o objetivo de fazer minha amiga se irritar.

— Tá, agora eu vou no meu quarto terminar de  me arrumar e vocês façam o mesmo viu, não quero chegar enquanto o baile já está no fim — saí sem esperar resposta.

São 10 horas da noite e o baile já deve estar acontecendo, e estou nesse momento me arrumando para ir prestigia-los com minha presença. Para essa noite optei por um body de renda vermelho, um short cintura alta jeans e um tênis vans preto, deixei meu cabelo solto após passar um creme para que ele não ficasse com muito volume e finalizei com uma make bem leve mas com um toque com um batom vermelho.

Me olhei no espelho e eu estava maravilhosa, sorri e peguei meu celular, tirei a capa do mesmo, coloquei uma quantia razoável de dinheiro, e por fim voltei a colocar a capa no devido lugar. Coloquei o celular no bolso do short e saí do quarto fechando a porta.

— E aí? Vamos? — perguntei pra Vivi mas ela disse que Luana não tinha terminado ainda, o que fez com que aguardássemos, mas em menos de 5 minutos ela apareceu.

— Partiu bailão — Vivi gritou após trancar a porta da casa e saímos caminhando e cantando animadas.

A quadra não fica muito longe daqui, dá muito bem para ir a pé, as ruas estão movimentadas, música alta para todo lado, homens, mulheres e até crianças em todos cantos. E por onde nós passávamos a atenção era virada para a gente, o que sinceramente não me incomoda nem um pouco, não sou fugitiva para ficar me escondendo. Vou aproveitar mesmo, a vida é curta, eu sou uma mulher livre e sem grandes responsabilidades, na verdade, eu sou minha única responsabilidade. Por isso que eu quero distância de homens ou relacionamentos sérios, prefiro dormir e acordar leve, sem os estresses.

[...]

Chegamos na quadra e o local está lotado, tivemos que caminhar entre as pessoas até chegar no camarote onde fomos barradas por um barbudo alto, careca, cheio de tatuagens que carregava uma arma grande, eu não conheço nomes de armas, mas é daquelas que fica pendurada na pessoa.

— Hii Tigrão qual é? Tá doido? Eu sou convidada do patrão — Vivi falou visivelmente irritada com a atitude do grandão.

— Não recebi essa informação não — disse e se virou para dentro onde um homem disse para ele deixar nós entrarmos e a gente já foi passando por ele fazendo cara de vitória.

— Meu amor — Vivi agarrou o pescoço de quem eu julgo ser o Barão, já ouvi muito sobre ele, mas não o conhecia ainda, para a idade dele até que dá pro gasto, ele não é tão jovem.

— Hiii, parece que nós estamos sobrando, eu vou mais é me embebedar — saí sem esperar respostas e meu destino era o pequeno bar mas bem abastecido, pude ouvir um "quem é aquela" e a voz com certeza é do tal Barão.

— Me vê uma caipirinha — falei pro barman que assentiu e preparou meu pedido, não demorou e me entregou, virei tudo e pedi novamente.

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Eu, Você e o MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora