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Vivi

Aconteceu alguma coisa? Que caras são essas?

Recebi alta, Luana e Iara estão aqui me esperando enquanto me arrumo, mas com umas caras estranhas, só rezo para que não seja algo grave... meu pior medo nessa altura é que Barão me queira fora do morro, não tenho pra onde ir. Esse lugar é onde nasci, onde conheço como lar.

— Vivi, temos uma coisa séria para te falar.

— O que foi Luana? Desembucha logo.

As duas se olharam como se discutissem com o olhar quem iria falar. Iara suspirou e me olhou, com pena?
Merda, só pode ser o que eu temia! Barão não me quer mais no morro.

— Vivi, tu tá grávida de três semanas — Iara disse rápido.

Pisquei varias vezes. Senti tudo girar. Minha vida acabou, o que subiu fazer com uma criança meu Deus?

Merda.
Merda.
Merda.
Isso não pode estar acontecendo. É mil vezes pior que o Barão me mandar embora.

Eu não posso estar grávida. Como eu vou cuidar duma criança. E pior? E se o Barão não gostar da ideia, e se a vadia da Fabiane pirar?

Senti uma tontura e sentei na cama.

— Você está bem? — perguntaram preocupadas.

— Isso não pode estar acontecendo, meu Deus, o que eu vou fazer? — eu já estava chorando.

— Calma, a gente vi dar jeito — disse Iara.

— Que jeito? O Barão ou manda me matar ou a Fabiane faz o serviço com as próprias mãos.

Iara suspirou, Luana não falava nada. Sabia que ela só não falou um  "eu te avisei"  porque a situação é grave demais.

[...]

Alguns dias depois

Há quatro dias que recebi alta, meu pé não me deixou voltar a minha vida normal. Mas também, que vida?
Não sei o que vou fazer daqui pra frente com uma criança. Nunca trabalhei, sempre me sustentei com o dinheiro do Barão, desde que meus pais morreram eu sempre tive meu caso com ele, e depois de um tempo ficou sério, era a amante principal.

Agora, com esse bebê, eu não sei o que fazer, minha única certeza é que daqui em diante terei que fazer as coisas de um jeito diferente.
Arranjar um emprego, quando me livrar desse negócio na minha perna.
Fazer as consultas e cuidar do meu filho. Não sei se conto pro Barão ou deixo ele descobrir.

Para minha sorte, algo que não tenho muito ultimamente, Barão não me quer mais como amante. Porque sim, mesmo depois do tiro, da sura e tudo mais, ele poderia dizer "tu só tem que respeitar minha mulher e está tudo bem".

Meu cabelo?
Bom, raspei todo e não está tão horrível como estava quando tinha tamanhos diferentes.

As meninas estão sendo incríveis comigo. E agradeço por isso, sei que cometi meus erros mas é horrível ter pessoas te julgando o tempo todo, às vezes a gente só precisa de alguém que não olhe para nossos erros a todo momento, alguém que esteja lá, só isso, sem julgamentos e sem apontar o dedo.

— E aí? Já pensou no que vai fazer? — Perguntou Luana, estamos de bobeira, Iara passou o final de semana na casa do Ícaro e ainda está por lá.

— Ainda não, quer dizer, sei lá Luana, depois quero puder andar direito vou ter que arrumar um emprego, e cuidar dessa criança.

— E o Barão? Tu vai contar pra ele?

— Eu não sei, no que depender de mim não, tenho medo que ele faça algo de mal comigo ou com o meu filho.

— Conta com a gente, Iara e eu estamos aqui.

— Obrigada Luana, e desculpa por não ter te ouvido.

— Isso é passado, agora o foco é no meu sobrinho e afilhado.

— Quê isso Luana? A Iara pediu primeiro, e tu já é tia mesmo, deixa a garota.

— Saudades de quando tu e a Iara se odiavam.

Fez bico e eu ri.
Hoje em dia é quase impossível acreditar que eu e a Iara não podíamos olhar uma na cara da outra sem brigar.
Mas depois que ela veio morar com a gente eu conheci a pessoa incrível que ela é.

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Eu, Você e o MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora