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Vivi

Algum tempo depois

Minha barriga está a coisa mais linda do mundo.
Cinco meses.
Minha Sofia.

Nunca pensei que me sentiria tão feliz por estar carregando um bebê no meu ventre.
Na verdade, minha filha chegou para mudar tudo.
Minha vida (Se é que posso chamar aquilo de vida) era uma autêntica merda.

Sofia, mesmo antes de nascer. Está mudando minha vida. Está me tornando uma mulher feliz.

Gui e eu estamos namorando. Há algumas semanas ele me pediu em namoro. E prometeu criar minha filha como se fosse sua.
Eu fui muito burra. Sempre tive o homem da minha vida do meu lado. Mas querer uma vida fácil me fez ignorar ele.
Mas finalmente eu vejo, que eu o amo como há anos atrás. Quando éramos duas crianças.

Iara e Gui entraram com o investimento e abrimos um salão, há um mês. As quatro, Eu, Iara, Luana e Gabi, estamos trabalhando.
Uma faz manicure, outra cuida do cabelo, outra faz make, etc. E aos poucos estamos ganhando um rumo.
Sei que elas estão fazendo isso para me ajudar. Mas além de ajudar com a renda. Estão se divertindo.
Já estava ficando chato não ter nada para fazer durante o dia todo.

Iara e Ícaro ainda estão separados. Mas todos sabemos que eles se amam. E é questão de tempo para que Iara perdoe o Ícaro. Eu, mais do que ninguém sei que as pessoas se arrependem e merecem uma segunda chance.
Quanto a minha prima. Bom, No mesmo dia em que Gui me pediu em namoro, a Gabi pediu a Luana em namoro também.

Não vou a um baile desde que descobri minha gravidez. E sinceramente não sinto falta.

Não virei Santa. Mas vou à igreja sempre que posso. Os cultos das terças-feiras e aos domingos.
Minha vida ganhou um rumo. Ou está ganhando. Graças a minha pequena.

[...]

Depois de um longo dia de trabalho. Estou indo pra casa do Gui.
Algumas pessoas olham para minha barriga.
Já não é possível esconder. E nem quero.
Tenho fé que o que acontecer será a vontade de Deus. Não vejo o Barão há meses, se ele quisesse me mandar abortar já teria mandado. Com certeza ele já deve saber. O morro todo sabe.

Uma rua antes de chegar ao meu destino, me esbarro em nada mais nada menos que Fabiane. Tal como o marido dela, não a vejo há meses.

Tentei não olhar para ela. Passar recto.
Mas ela parou na minha frente. Sem conseguir tirar os olhos da minha barriga que está dentro de um vestido soltinho.

Mordi o lábio.
Confesso que tenho medo do que ela possa fazer com minha pequena. Com certeza ela me odeia muito mais do que o Barão. E pode ser mil vezes mais cruel que ele.

— Não acreditei quando falaram que tu tá de barriga — finalmente ela falou. Permaneci em silêncio. Apenas assenti.

— Eu tento há anos dar um filho pro Barão — disse sem tirar os olhos da minha barriga. — E olha como Deus foi injusto. Logo você foi engravidar.

— Eu... — tentei dizer algo, mas não consegui. Coloquei minha bolsa na frente da minha barriga e só aí ela olhou para o meu rosto.

— Tu prejudicou muito minha relação. Acha mesmo que porque tu mudou. Ficou tudo bem?

Não respondi.
Ela negou com a cabeça.
Suspirei e me permiti falar. Mesmo sem ter certeza de que era o mais certo a se fazer.

— Fabiane, eu não devia ter me envolvido com o teu marido, e nem com o marido de qualquer outra mulher. Hoje eu sei o quão errada eu estava. Sei que você não é obrigada, mas peço que me perdoe. — suspirei — Sei que você me odeia. Que deve desejar o pior para mim. Mas por favor. Não faça nenhum mal para mim ou para minha filha. Em pouco tempo ela irá nascer, crescer, e com certeza você irá ver ela por aí. Ela não tem nada a ver com isso tudo, nem pretendo que ela conheça o seu marido. Eu só quero recomeçar. — mais uma vez fiz uma pausa — Eu sei que você me odeia. Mas agora que eu não tenho mais nada com o Barão, ele parou de te trair? Eu não sou mais a puta que ele come, mas ele não está comendo nenhuma? — ela abaixou o olhar — Enfim, não quero colocar a culpa nele. Vocês vão se entender. Eu aceito e meus erros, me arrependi e peço perdão. Eu estou tentando me redimir. Só isso. Acertar a parte pela qual eu sou responsável. E viver minha vida, com minha filha. Só isso.

Quando terminei. Nós encaramos por alguns minutos em silêncio.

— Eu nunca faria mal à uma criança — ela finalmente disse.

— Eu não te perdoo. Mas eu vou tentar. E também tenho um pedido. Não tire ao Barão a oportunidade de ser pai dessa criança. Ele não é perfeito, quem é nem?! Mas ele sempre quis ser pai e eu nunca pude realizar esse sonho.
Ele só não veio atrás de você porque eu queria falar contigo primeiro. Ele quer ser pai dessa criança. E eu, bom, eu pretendo ser uma boa madrasta. Como você mesma disse, sua filha será um recomeço, não só para você.

Continua...

Eu, Você e o MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora