Capítulo 11 – A Viagem.
A viagem era longa e após um dia inteiro em cima do cavalo, todos estavam exaustos. Decidiram então montar um acampamento para passar a noite e então continuariam no dia seguinte.
Yoongi e Namjoon foram atrás de lenha, Hoseok e Taehyung ficaram no acampamento, limpando a área para estenderem os tecidos sobre a grama, SeokJin e Jungkook foram atrás de frutas para reabastecer o que haviam comido durante o dia e Jimin e Lúcio procuravam por água.
Jungkook não queria se afastar do ômega, mas sentia que deveria deixá-lo um segundo a sós com seu pai. Jimin tinha assuntos inacabados que pareciam o abalar e isso precisava ser resolvido em algum momento.
Mas assim que ficaram sozinhos o ômega ficou em silêncio, andando pela mata à procura do rio que haviam visto a um tempo. Até pensaram em armar o acampamento perto deles, mas desistiram com a ideia de atrair animais e até mesmo infectados.
— Faz tempo que não temos um tempo sozinhos — Lúcio tentou puxar assunto, mas Jimin apenas continuou em silêncio, encarando os próprios pés. — Jimin... — Suspirou em desistência, sentindo seu peito apertar ao receber aquele tratamento do seu filho. — Eu sei que você está bravo, mas...
— Eu não tô bravo — O interrompeu, parando de andar. — Eu fiquei bravo, nos primeiros dias, fiquei bravo quando achei que estava morto, fiquei furioso porque você nos deixou sozinhos, mas eu sei que não foi sua culpa e nem de propósito. Que você pretendia voltar. — Seus olhos ardiam, falar aquilo era doloroso, apertava seu coração e esfriava seu corpo.
— Eu sinto muito por ter passado por aquilo sozinho, eu deveria estar com você — o homem respondeu, sentindo os olhos arderem e seus lábios tremeram com medo de perguntar algo tão duro quanto aquilo, mas sentia que precisava da resposta. — Como ela se foi?
Jimin ofegou, sentindo algumas lágrimas escorrendo de seu rosto, desviou o olhar para a mata a sua frente e comprimiu os lábios para não desabar.
— Ela foi contaminada. Quando cheguei ela já estava inconsciente — relatou ao se lembrar, como um maldito loop em sua mente. — Eu fugi e Jungkook me encontrou na mata.
— Então ela ainda está lá? Agonizando? — questionou com o peito apertado, sem acreditar que a mulher que havia amado um dia poderia estar sofrendo, mas Jimin negou, sentindo mais lágrimas quentes escorrendo pelo seu rosto sem sua permissão.
— Uns dias depois voltamos na vila, para testar a cura no Hoseok e ela me atacou. Jungkook me salvou — O homem entendeu o que o filho queria dizer e apenas concordou, queria abraçar Jimin, o confortar, mas o menino parecia distante. — Estamos diferentes agora e não conseguimos controlar ou entender tudo o que está acontecendo. Sei que o senhor acha imoral e inapropriado, mas é mais forte do que nós.
— Eu só não entendo, Jimin — respondeu com um tom suave, se aproximando do filho. — É estranho pra mim, entende? Quando eu saí estávamos falando sobre o seu casamento com a garota dos Lowel e agora eu vejo você com outro homem, de uma forma tão íntima que parece imprópria. É demais para a minha cabeça.
— Eu sei — Jimin respondeu, tentando segurar o choro. — Eu não queria, não queria que você me odiasse ou sentisse vergonha de mim, mas as coisas mudaram e eu nem sei se foi realmente por conta da cura. Eu nunca gostei da Layla, nunca quis me casar com ela, mamãe sabia disso. Por isso vocês brigaram.
— Tudo bem. Você poderia não gostar dela, mas isso... — O ômega o interrompeu.
— Eu não vou mentir e dizer que já havia pensado sobre isso, porque eu não tinha. Nunca havia passado pela minha cabeça ter esse tipo de relacionamento com outro homem — Foi sincero, sentindo seu corpo tremer em ansiedade e medo. — Mas desde o primeiro segundo, foi diferente com Jungkook. Me sinto seguro com ele, como a muito tempo não me sentia e mesmo que isso te incomode e que você me odeie por isso, não consigo me afastar.
— Eu não te odeio. Não diga isso, okay? — Negou com a cabeça, tomando coragem para abraçar o ômega e para sua surpresa, Jimin retribuiu o carinho, se agarrando ao pai como quando era criança. — Somos a única família que sobrou. Isso é só um detalhe, um detalhe novo e um pouco perturbador, mas apenas um detalhe. Já vi homens fazendo coisas piores durante minhas viagens. — Acariciou os cabelos do filho, tentando passar confiança e conforto. — Tudo vai ficar bem, acredite, meu filho.
E Jimin queria acreditar, queria ter uma garantia de que o amanhã não era tão assustador e escuro como imaginava, mas não conseguia relaxar.
Enxugando as lágrimas, voltou a caminhar em direção a água e assim que encheram os cantis, voltaram para o acampamento. Jungkook estava sentado ao lado de Yoongi, acendendo a fogueira.
O alfa estava ansioso e neurótico por estar longe do ômega e teve que se controlar para não o rastrear floresta adentro, mas assim que Jimin surgiu por entre as árvores, se levantou para ir perto do garoto.
— Você demorou — resmungou o checando, vendo Lucio passar reto, indo até Yoongi e Namjoon para lhes oferecer água. — Vocês conversaram?
— Sim — Sua voz era um pouco abatida e sinalizava o choro recente, Jungkook ficou em alerta, mas o ômega parecia bem. — Foi difícil, falar sobre tudo é difícil, mas eu entendo ele. É complicado pra gente também. — Não conseguia olhar nos olhos do alfa, se sentia tímido e cansado.
E Jungkook notou o olhar do menino preso no seu peito, passando de um lado para o outro sem coragem para encará-lo e apenas sorriu, carregado de ternura o puxando para um abraço.
— Nós deveríamos conversar sobre isso. Você sabe, abertamente. Estamos juntos nisso e é claro que estamos no limite. Tá sendo difícil, porque estamos tornando difícil, mas não tem que ser.
— Não tem — Jimin concordou, sabendo que deveria ser claro sobre tudo com o alfa. — Me sinto bem com você e às vezes... as vezes pareço querer mais do que o adequado. Isso me assusta, mas não consigo controlar. — Murmurou contra o peito do homem. — Sei que você sente o mesmo, porque seu cheiro fica forte quando estamos perto e suas mãos tremem quando você me segura. — Jungkook se assustou com aquela confirmação. — Você parece mais forte do que eu, então sei que está se controlando melhor, já que eu não tenho tanto controle.
O alfa o observava de perto, sentindo seu coração disparado, ouvir aquilo do ômega parecia demais para sua cabeça, algo que nem sequer conseguia imaginar. Sabia que Jimin também estava afetado, que também se sentia no limite, isso era claro porque toda a aproximação mostrava isso, mas ouvir diretamente mandava os sinais errados para os lugares certos.
— Jungkook? Pode me ajudar? — O alquimista o chamou e antes que pudesse concordar, Jimin já o soltava.
— Vou ajudar Taehyung a preparar o ensopado para o jantar — avisou enquanto se afastava e o alfa apenas concordou, indo em direção ao alquimista.
Quando a noite caiu, todos se deitaram lado a lado, em cima de pedaços de retalho, e dormiram de exaustão. Yoongi havia colocado algumas armadilhas ao redor do acampamento para que acordassem caso alguma coisa tentasse atravessar e assim tivessem uma noite segura.
Quando o sol nasceu, ergueram acampamento e voltaram a seguir a trilha para o castelo, com uma sensação nova de esperança no peito.
| A ORIGEM ABO |
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A Origem ABO - Jikook | LIVRO 2 | MY ABO UNIVERSE
Fiksi Penggemar| Repostando| LIVRO 2 | MY ABO UNIVERSE Alfas, Betas e ômegas Cada classe com qualidades e Características únicas, prestes a serem descobertas... As pessoas estavam morrendo e alguém tinha que encontrar uma cura. Misturar DNA de lobo com o humano tr...