Capítulo 4 - Porque Eu Não?

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Capítulo 4

"Porque Eu Não?"

I

Seis séculos antes:

Lucifer entrou no quarto voando através da sacada, estava vestindo sua classica armadura Onix com as ombreiras e grevas esculpidas em forma de serpentes, porém mal se via o negrume da pedra pois tudo estava lavado de líquido dourado, o sangue dos anjos é desta coloração e a densa batalha que se seguiu nos jardins daquele castelo fez o sangue angelical jorrar por todo lado. 

Ele entrou devagar, ja não tinha pressa, Isabella estava deitada sobre a cama, a lança ainda cravada em seu peito, as pequenas mãos dela em volta do cabo como se tentasse remover aquilo de si, mostrando que  até o ultimo segundo resistiu a violência o maximo que pôde. Mas agora Isabella era apenas um corpo sem vida, vazio de alma. Lucifer sentou ao lado do corpo e acariciou os cabelos vermelho alaranjados da jovem mulher, então lagrimas rolaram pelas suas bochechas encovadas. Ele sabia que não estava só, havia mais alguém no quarto, mas já não se importava.

— Porque ainda está aqui? A batalha acabou, tanto o meu exército quanto o seu já se retiraram. Não vou lutar com você, a penas... vá embora.

Ahavael saiu do canto sombrio no qual estava escondido.

— Eu... Me desculpe.

— Hã? Porque está se desculpando?

— Eu não queria isso... mas não pude fazer nada, Miguel a matou.

— Eu sei, ele é forte, ele a matou muitas vezes em muitas vidas. De todos os anjos maus ele é o único pior que eu.— Lucifer respondeu com a voz embargada.

— Escute Lucifer, eu sei que estamos em lados opostos mas eu jamais quis o mal dela. Eu zelei por ela como pude.

— Existe uma gigantesca diferença entre não quer que o mal aconteça e impedir que ele aconteça. Você acha que zelou por Isabella? Olhe para ela agora...

— Se eu me levantasse contra Miguel... Eu seria lançando ao inferno, cairia.

— Smeralda caiu por mim sem pensar duas vezes. Quando se ama se paga qualquer preço. Se a amasse como eu a amo teria se atirado diante da lança, teria morrido por ela e caso o inimigo fosse forte demais teria então morrido junto com ela.

Ahavael analisou a cena, o anjo de asas negras chorando pela mulher morta. Miguel e maioria dos anjos do alto escalão zombavam deste amor de Lucifer por Smeralda, mas ele sentia para dizer a verdade, inveja.

— Lucifer...

— Não me amole mais Ahavael, me deixe sozinho com ela.

— Mas Lucifer eu tenho uma idéia.

— E o que lhe faz pensar que me interessa?

Ahavael sentou na outra beirada da cama.

— Penso que sim pois é sobre ela, sobre Smeralda. Um modo de dar uma chance a ela. Sei que você a ama e que pensa muito neste amor, mas eu penso nela, quero que ela... viva.

— Tudo bem, fale, mas seja breve.

— Nosso pai é um jogador, um viciado em apostas. Vamos os dois até ele é propor um jogo.

— Um Jogo? — Lucifer olhou para Ahavael — Quer brincar de Jó outra vez?

— Sim, Vamos apostar com quem Isa... Smeralda vai querer ficar.

— Como assim? — Lucifer franziu a testa.

— A proposta que farei a ele, a nosso pai, e que eu irie cuidar da proxima encarnação dela, desde a infância, e me esforçarei para que ela me escolha, para que ela me ame. Você a buscará, e quando a encontrar fará o mesmo. Sem guerras, sem exércitos e sem a interferência de Miguel. Eu contarei Apenas comigo mesmo e com... digamos três aliados, e você fará a mesma coisa, contará com três aliados e ninguém mais. Este é o jogo.

Lucifer SmeraldinaOnde histórias criam vida. Descubra agora