Capítulo 2

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Parecia que um raio de sol havia entrado naquele quarto quando a porta se abriu, revelando um jovem que até então era um desconhecido para Alina. O tempo havia parado naquele instante. Diante da surpresa, ela analisava cada um de seus detalhes: ele tinha os olhos azuis; seus cabelos loiros chegavam a ser dourados, arrumados em um penteado perfeitamente comportado. A sua pele era branca, a ponto de parecer frágil. Os traços de seu rosto eram bem delineados e com um aspecto delicado. Naquele momento, ele vestia um blazer marrom sob um suéter preto, com uma calça também escura. Os seus sapatos, aparentemente de grife, também chamavam a atenção no conjunto.

Ao observar todos esses detalhes, Alina pôde concluir que se tratava de um jovem bem sucedido, já inserido no mundo dos negócios, mas conservava ainda um jeito um pouco despojado. Além disso, ela sentia algo mais profundo dentro de si, mas não sabia como descrever exatamente o que era — aliás, esse sentimento estranho se intensificou ainda mais quando ele esboçou um sorriso e começou a se aproximar em passos curtos.

Um sorriso radiante mas, ao mesmo tempo, tímido. Isso foi o suficiente para que ela fosse transportada para fora da realidade. No entanto, aquele momento foi rompido quando o seu pai foi até o visitante para cumprimentá-lo.

— Caleb, você chegou em boa hora. Eu estava falando de você — Disse enquanto lhe dava um aperto de mão, virando-se para a filha na cama em seguida — Agora você poderá conhecer a Alina.

Assim que voltou a olhar para ela, Caleb sorriu novamente, mostrando-se não apenas alegre, mas também aliviado.

—Oi... Alina — Falou, ainda de um jeito tímido, aproximando-se um pouco mais da cama. Assim como a sua aparência, a sua voz era calma e doce — Eu fico feliz em vê-la acordada. Como você está?

Alina sentiu o seu rosto corar. Só agora que ela havia se dado conta de um detalhe: ela tinha estado em coma por vários dias, completamente inerte em um leito de hospital. Desde que se despertara, ela ainda não tinha se olhado no espelho. Ao pensar que os seus longos cabelos negros estariam despenteados, o seu rosto extremamente pálido e com olheiras, ela se sentiu ainda mais sem graça. Além disso, ela ainda estava com a roupa do hospital. Mais precisamente, ela se sentia incomodada por não estar bem arrumada ao lado de um homem belo e elegante. Diante daquela situação, ela se encolheu mais na cama, cobrindo-se mais com o lençol.

— Eu estou bem... Obrigada — Respondeu, desviando o olhar na tentativa de esconder a sua vergonha — O meu pai disse que foi você quem me socorreu... Obrigada!

Ele apenas sorriu de volta. Aparentemente, os dois não sabiam como lidar com a situação. Mas antes que um silêncio constrangedor pudesse se instalar ali, o Senhor Tillmann interveio.

— Alina, eu preciso ligar para a sua mãe e para a Selena. Elas ainda não sabem — Disse já com o celular em mãos e prestes a partir — Eu posso deixá-los aqui?

A jovem apenas assentiu com um sorriso tímido, assim como o Caleb. Quando o pai deixou o quarto, o silêncio, enfim, foi posto entre eles. Alina continuava na cama, escondendo ainda o seu corpo com o lençol, desviando o olhar enquanto portava um leve sorriso amarelo. Já Caleb, mesmo estando sem jeito, decidiu tomar alguma iniciativa.

— Bem... Eu espero que eu não esteja lhe incomodando, Alina — Dizia, coçando a nuca, enquanto se aproximava mais um pouco da cama — Na verdade, eu só passei para ver como você estava.

— Não se preocupe, não tem problema! — Respondeu timidamente, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ela voltou a olhá-lo, percebendo que ele ainda estava em pé, ao lado da cama — Você pode sentar aqui, se quiser...

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