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Após a minha descoberta, eu decidi colocar um ponto final nas minhas suposições a respeito do Senhor Conti, mas era inevitável parar com meus auto julgamentos por ter criado "tais expectativas" em relação ao meu professor. Não posso negar que estou decepcionada comigo mesma.
Eu sempre me considerei uma pessoa centrada e racional. Mas sem perceber, eu me deixei levar por fantasias de adolescente. Então, eu tento ainda encontrar uma explicação plausível por ter deixado isso acontecer: o Senhor Conti é de fato um homem atraente, pois além da beleza física, é inteligente, gentil e bem sucedido — ou seja, ele possui alguns dos atributos certos para chamar a minha atenção. Além disso, já faz anos que eu não tenho um envolvimento romântico com alguém... Talvez eu esteja carente...
Esta minha mania de sempre querer uma explicação racional para tudo chega a ser torturante às vezes. Mesmo que seja inevitável, eu tenho tentado bloquear tal assunto da minha mente. Para começar, eu comecei a ter um posicionamento "mais frio" nas aulas do Senhor Conti — como, por exemplo, participar apenas como ouvinte das discussões e debates. Além disso, eu sou obrigada a admitir que tenho evitado a me encontrar com ele fora da sala de aula: eu não tenho ido mais à biblioteca no horário da noite, e tenho me desviado dele pelos corredores do campus. Eu me sinto uma completa idiota por agir assim, mas vejo que isso é necessário para não alimentar mais as minhas ilusões. Afinal, foi bom eu ter descoberto a verdade já logo no início.
No entanto, eu tive a ligeira impressão de que o tiro estava saindo pela culatra. Talvez pudesse ser a minha mente me enganando novamente, mas eu notei que ele tem percebido o meu estranhamento. O Senhor Conti já tinha o costume de me lançar algumas "olhadelas" durante a aula. Esse seu hábito continua, mas não o seu olhar: ele parecia desconfiado e até mesmo preocupado. Então, não demorou muito para que o que mais temia acontecesse.
Antes que a aula começasse, a Ashley se aproximou de mim e, da maneira mais discreta possível, cochichou em meu ouvido:
— O Senhor Conti precisa falar com você depois da aula.
Foi como se uma descarga elétrica tivesse percorrido dos meus pés à cabeça, fazendo-me revelar o meu estado de alerta diante daquela surpresa. Obviamente, a Ashley percebeu o meu estranhamento e desconforto, mas não se deixou levar pela curiosidade. Afinal, o que ele queria falar comigo? Nós mal temos nos falado nas aulas, e nem sequer nos encontramos pelo campus.
— Ele disse do que se trata? — Perguntei, ainda tentando camuflar o meu ar assustado.
— Não sei muito... Acho que é alguma coisa a ver com o seu pai — A Ashley respondeu em um nítido ar de desconfiança — Ele só me disse que precisa falar com você hoje, depois da aula. Está tudo bem para você?
— Ah... Sim... Claro. Está ótimo — Tentei soar o mais indiferente possível — Obrigada, Ash!
Pelo olhar da Ashley, era óbvio que aquela situação lhe incomodava. Após se afastar de mim, ela foi em direção ao professor, que estava em sua mesa. Assim que recebeu o recado, o Senhor Conti também tentou agir de uma maneira imparcial — como se o que lhe acabara de ouvir não fosse de suma importância. No entanto, enquanto ele guardava os seus livros na sua pasta, em cima da mesa, o professor olhou ligeiramente para mim. Foi um olhar veloz, discreto, mas portador de inúmeros e imensos significados. Naqueles poucos segundos, fui capaz de identificar certo alívio mas, ao mesmo tempo, certa preocupação mesclada com a curiosidade.
Os minutos pareciam durar uma eternidade e eu não consegui prestar nenhuma atenção na aula. Era inevitável. Algo me dizia que o Senhor Conti não queria simplesmente falar sobre o meu pai. Enfim, após uma longa e ansiosa espera, a temida hora chegou.
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Memórias Ocultas
RomanceApós passar por um incidente, Alina perde uma parte de suas memórias. Sem saber em quem confiar, só há uma maneira de descobrir os seus feitos passados: ler o seu diário. No entanto, à medida que avança em sua leitura, Alina começa a acreditar que e...