Dezoito | Vingança

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- Ora, ora, o que temos aqui? - ronronou Wapasha, soando como um gato traiçoeiro.

Diaval deu um grunhido em resposta, abrindo ambas as asas em agitação. Ele quase podia apostar, que se fosse humano, seus pelos do corpo teriam se arrepiado.

Wapasha murmurou algo - provavelmente em outra língua - que Diaval não fora capaz de distinguir e logo o corvo se transformou em homem.

Diaval quase gargalhou ao sentir aquela dor tão familiar que ele pensou que nunca mais experimentaria.

Ele se aprumou, limpando terra de si e se pôs dignamente de pé.

- Assim está bem melhor - O feiticeiro sorriu, deixando os dentes amarelos a amostra.

- Obrigado - murmurou Diaval, crispando os olhos em pura desconfiança.

- Agradeça confiando em mim, meu caro. Afinal - Wapasha deu uma pausa, como se estivesse analisando profundamente a Diaval. Seu tom foi impassível, muito parecido com o tom que Malévola usava para lhe dar ordens. - Foi você quem me chamou aqui.

- Me dê motivos para isso e eu certamente confiarei - Diaval arqueou a sobrancelha.

- Ousado - Wapasha deu a volta nele, a mão no queixo. - Petulante. Sim, sim, consigo ver bem mais claramente agora.

Diaval não tinha ideia do que aquele homem/feiticeiro ou qualquer outra coisa que ele fosse, estava falando. E descobriu que não gostava nem um pouco de ser observado daquela maneira e muito menos, de não saber do que estava ocorrendo bem ao seu redor.

- O que é você e do que você está falando? - o tom de Diaval foi duro e autoritário.

- Você sabe o que eu sou - Wapasha começou a andar em volta dele. Aquilo o estava deixando tonto. - E sabe o que posso te dar, no entanto, o que deveria estar se perguntando, é o que eu quero de você - Wapasha parou novamente a sua frente.

Diaval pensou um pouco.

Estaria ele disposto a fazer tudo o que fosse preciso para ter o que queria? E o que ele realmente queria, afinal?

- Tic, tac, homem-corvo, meu tempo vale mais do que você poderia imaginar - Wapasha olhava bem nos olhos de Diaval, quando ele deu um sorriso enigmático do qual Diaval não gostou nem um pouco. - Eu posso ver bem mais claramente agora.

- O quê?!

- A malícia em você. Realmente adorável! Sua pela está ótima. Vamos meu caro, diga-me, o que aconteceu para que mudasse de ideia em relação a minha proposta?

Flexes de uma noite há seis meses atrás começaram a surgir na sua mente.

"Eu nunca poderei amar você."

"Eu não quero você do meu lado."

" Por que eu seria amiga de um escravo?"

"Foi apenas uma diversãozinha, nada demais para mim."

Algo forte se agitou dentro do homem-corvo, fazendo-o cerrar os punhos.

- Digamos que eu finalmente vi a malícia. Você tinha razão. E se tinha razão sobre isso, pensei que talvez estivesse falando a verdade sobre as outras coisas - Diaval deu de ombros.

Wapasha murmurou algo que Diaval não conseguiu entender e do nada uma cadeira de madeira surgiu a poucos passos dele. Wapasha se sentou nela. Seria engraçado se não fosse assustadoramente estranho.

- Que outras coisas? Me especifique - ele disse, cruzando as pernas e colocando os braços, nos braços da cadeira.

- Sobre poder me dar tudo - murmurou.

Dono do mal | Malévola e DiavalOnde histórias criam vida. Descubra agora