Onze | Conselhos

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Diaval

Mesmo se Diaval quisesse, ele nunca conseguiria explicar em palavras o que realmente foi aquilo que aconteceu naquele quarto. O que foi aquele momento com Malévola, o que foi aquilo que ele havia sentido.

Foi como, se por um momento, Diaval tivesse deixado de órbitar a terra. Ele estava tão longe de si próprio e do seu corpo, que era como viajar pelo espaço. Vagando em meio ao nada sem direção, tendo como única guia, ela. Ela e tudo o que ele sentia por ela.

Foi um sentimento tão forte e desconcertante, que limpou imediatamente da sua mente todo pensamento racional e de repente, Malévola era tudo o que ele sabia, tudo o que ele sentia. Como se fosse ela a controlar o ar que ele respirava.

Foi a primeira vez, em todos esses anos, que Diaval agira totalmente sem reservas. A primeira vez que ele tinha dito e feito exatamente aquilo o que ele queria.

E para sua surpresa, ela não o repudiara. Ao contrário, havia se aproximado mais dele.

Quando Malévola interrompeu aquele momento que, nem em seus sonhos mais loucos ele pensou acontecer, Diaval sentira um vazio e um medo tão grande, que ele finalmente soube.

Soube, que se ela o deixasse, que se fosse embora com outro alguém, ele simplesmente não iria sobreviver.

E foi por isso, que ele decidira, naquele momento, enquanto ele a olhava dispensar a serva, que ele faria de tudo para tê-la. Nem que ele tivesse que passar a sua vida inteira tentando.

Malévola gostava de Diaval. Nem que fosse minimamente, um sentimento quase inexistente, ela gostava. Diaval sabia agora. Então, a única coisa lógica que ele precisava fazer, era fazer com que esse sentimento ficasse mais forte. E Diaval sabe, que nunca irá conseguir conquistar o coração de Malévola da maneira como vem agindo.

Diaval percebera que Malévola gostava mais quando ele era, digamos, "rebelde". Quando ele dizia o que ele queria dizer e não o que ela queria ouvir.

Então, logicamente, o homem-corvo pensou em como usar isso ao seu favor.

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Malévola e Diaval se olhavam e nesse olhar, Diaval pode ver explicitamente o quanto ela se arrependia daquilo que acabara de fazer. Do momento de ligação e felicidade - pelo menos para ele - que eles haviam acabado de experimentar. E aquilo quase o matou por dentro. Como uma ferida mal cicatrizada que acabara de ser reaberta.

Diaval suspirou.

Se ele quisesse cumprir seus objetivos; conquistá-la, teria que passar por isso. Teria que quebrar suas barreiras, uma a uma e chegar ao seu coração.

Diaval se levantou, com certo pesar, da cama.

- Diaval, olha eu... - Malévola começou, porém ele a interrompeu.

- Eu sei, minha senhora - o ênfase no minha foi proposital, - está tudo bem.

Diaval viu um misto de surpresa e - aquilo ali lampejando no canto dos seus olho era raiva? - confusão passar pelo rosto de sua senhora. Porém, Diaval não iria ficar ali esperando que Malévola recuperasse totalmente o seu bom senso e redirecionasse a ele toda sua frustração. Não.

Afinal, ele percebera, ele tinha um lugar para ir.

- Se me der licença - ele passou por ela, que agora se encontrava mais perplexa do que ele esperava, (bom) e foi parar na entrada da porta.

Lá ele abriu as portas e parou. Suspirou. Se quisesse fazer isso, teria que fazer direito.

Diaval sabia que se a deixasse pensando muito sobre o que acabara de acontecer, ela iria se fechar e se afastar mais dele. E ele de jeito nenhum queria isso. O que ele precisava fazer, era dar a ela outra coisa para pensar.

Dono do mal | Malévola e DiavalOnde histórias criam vida. Descubra agora