TALK IS CHEAP

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Matt

Me sinto culpado pela morte de Jon. Eu não sei como e quando esse sentimento entrou em meu sistema, mas suspeito que foi quando eu a peguei morta na beira do rio a duas semanas atrás. Desesperado eu fiz massagem cardíaca nela até seu coração voltar a bater em seu peito. Ainda me lembro de seus olhos azuis me encarando acusadoramente quando ela acordou e me afastou com um empurrão.

Aquele olhar dela de alguma forma mexeu comigo. Eu preciso ajudá-la a superar. A ser quem ela quer ser. Devo isso a ela mesmo que eu não seja o causador diretamente da morte de Jon.

Acompanho Alex até os limites da floresta e pergunto.

- Quanto tempo você acha que temos até que o Líder Supremo tome alguma providência?

Ele suspira e diz com a voz grossa.

- Eu não sei. Mas precisamos estar preparados pra quando ele fazer seu primeiro movimento!

Concordo com um aceno de cabeça. Essa guerra é igual a um tabuleiro de xadrez, precisamos esperar nossos oponentes fazer a primeira jogada para depois atacar. Até lá, precisamos nos preparar, ficar mais fortes, fazer aliados.

Paro na fronteira e o encaro. Ele olha para os lados e diz.

- Eu voltarei em uma semana. Amra precisa de mim agora!

Sorrio fraco, estico a mão e aperto a dele. Me viro e ando de volta para a aldeia perdido em meus pensamentos. Perto da trilha eu sinto o cheiro dela adocicado invadir minhas narinas. Paro e cogito deixar ela em paz, mas minhas pernas se movem por livre e espontânea vontade até a praia.

Avisto ela ao longe, sentada na areia, seus ombros curvados tremem e por alguma razão, meu coração também

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Avisto ela ao longe, sentada na areia, seus ombros curvados tremem e por alguma razão, meu coração também. O que é estranho porque eu nunca senti isso na minha vida. Compaixão é uma palavra que não tinha significado pra mim até agora. Ando na sua direção silenciosamente, me sento ao seu lado respeitando seu espaço e encaro o mar a minha frente. O inverno vai ser rigoroso esse ano. O silêncio entre nós é leve. Eu nunca fui bom em conversas, mas sinto que devo iniciar uma agora.

- Então você é tímida ou eu que sou?

Pergunto olhando pra ela de rabo de olho. Ela não se move, apenas se concentra em olhar um ponto fixo no horizonte.

- Você acha que eu não consigo interpretar o seu silêncio. Provavelmente eu não consiga mesmo.. melhor ficar na minha...

Digo quase desistindo, mas acabo me virando pra ela e digo analisando seu perfil.

- Mais essa é a diferença entre nossas opiniões.. você é complicada e eu precisaria de uma semana pelo menos pra te entender. Eu sou engenhoso, começo uma linha de pensamento e sabe.. falar é fácil minha querida!

Vejo ela enrugar seu cenho, sorrio pra mim mesmo com meu pequeno progresso.

- Quando você se sente a vontade é claro!

Intocável CHAPTER IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora