Capítulo 4

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Chego em casa abalada pelas atitudes atuais de Austin. Ele se desculpou por ter sido um grande imbecil, mas ainda tenho total dúvida de sua fidelidade nesse acordo maluco do caralho. Abro a porta e meus pais estão no sofá. Meu pai está assistindo TV e minha mãe, jogando palavras cruzadas. Vou até eles e me sento na poltrona, ficando quase de frente para eles. Eles me olham, curiosos. Os semblantes sérios, como se já soubessem que vai sair bomba da minha boca. E vai mesmo. Decidi contar a eles sobre o acordo com os Worligen. Medidas serão tomadas. Eu terei que me mudar para o apartamento de Austin e ficarei conhecida como sua noiva. 

- Temos que conversar - digo sériamente.

Meu pai se ajeita no sofá, assumindo uma postura defensiva.

- Eu consegui o dinheiro para pagar o maldito agiota com o qual você se meteu, pai. - digo.

Os dois me olham completamente embasbacados. 

- Mas... O que? - pergunta meu pai.

- Como, Kaia? - pergunta minha mãe.

- Meu chefe me propôs um acordo. Vou me casar com Austin Worligen por um ano, de aparência, para que ele resgate uma fortuna do testamento de seu pai e receberei um milhão de dólares por isso. - disparo.

Meu pai se enfurece e joga a almofada longe.

- Não. Você não vai se prostituir para pagar minha dívida. Eu não vou aceitar.

Me irrito com seu julgamento fácil de mim.

- Você não vai aceitar porra nenhuma. Já está decidido. O que eu faço da minha vida é problema meu. Eu e minha mãe tivemos a privacidade e integridade violadas por pessoas com quem VOCÊ se envolveu, não esqueça disso. Estamos lidando com isso por culpa SUA. Irei fazer parte do acordo sim. Pagarei sua maldita dívida, mas não quero nem saber de julgamento seu, porque você não tem moral pra isso agora. - cuspo as palavras com a raiva que guardei até agora.

- Kaia, minha filha, isso não é certo. - diz minha mãe com os olhos marejados.

- É certo ter uma arma na minha cabeça por dívida de jogos dele? Não quero saber. Me mudarei em breve para o apartamento dos Worligen. Vou acertar com ele hoje quando receberei o dinheiro para pagarmos o maldito agiota. - me viro para meu pai - E eu juro, papai. Pela luz que nos ilumina. Se eu pagar essa dívida e você se meter em mais uma, eu tiro minha mãe daqui e deixo que os malditos se resolvam com você. Fui clara? - olho para ele fulminando-o para que ele entenda a gravidade da situação.

Os dois apenas me olham, incrédulos. Sei que é muito para digerir. Não espero por uma resposta e caio fora, em direção ao meu quarto. Fecho a porta com força e me recosto atrás dela, sentindo um peso cair sobre minhas costas. Por um momento, me sinto culpada por tê-los tratado dessa maneira, bruta e sem coração. Mas preciso que de uma vez por todas meu pai tome jeito e minha mãe pare de passar pano pra ele, se submetendo a situações degradantes por achar que ele está certo e que vai mudar. Estou pagando um preço muito alto por isso. Me casando com meu patrão, sem nenhum vínculo amoroso. Não foi esse casamento que eu sonhei pra mim. Austin é bonito, rico e tudo mais. Mas não teremos nada além de um acordo.  Vou até o banheiro, tiro minha roupa e entro no chuveiro quente, procurando o tão sonhado relaxamento. Pelo menos toda a merda com o agiota estará resolvida. Estarei setecentos mil dólares mais rica, poderei comprar uma casa para mim e uma para os dois. Quando tudo acabar, se Deus quiser estarei mais forte.

Tomo um banho relaxante e me sirvo de uma esperança e sensação de positividade há muito tempo esquecidas dentro de mim. Procuro um vestido adequado para o jantar com Austin. Afinal, temos que manter a aparência e se vou fazer essa merda, vou faze direito. Ele que se prepare. Vou fazê-lo engolir toda aquela arrogância. Vou mostrar que quem joga com Kaia Porter, joga para perder. Até agora tenho sido uma sonsa e o que ganhei com isso foi merda pra resolver e merda sendo jogada na minha cara. Mas não permitirei que ninguém faça isso outra vez. Se Austin quer provocar, vou mostrar a ele que posso ser melhor que ele nisso. Abro o guarda roupa e vasculho procurando um vestido sensual, mas não vulgar. Acho um tubinho preto clássico, que irá combinar perfeitamente com um conjunto de lingerie igualmente preta, de renda e com pequenos laços vermelhos. O sapato é um scarpin de salto fino, que cai como uma luva. O cabelo, solto e brincos médios de argola. A maquiagem é singela nos olhos, realço as maçãs do rosto e um batom vermelho impera meus lábios grossos. É hoje que Austin Worligen irá se arrepender de ter achado que eu seria só mais uma. Meu celular apita e vejo que chegou uma mensagem dele. Há, não morre tão cedo.

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