A Escolhida - Duque de Ross

Capítulo I

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Escócia, 1821.

Uma sensação de desespero rapidamente se apoderou de Violet, como se estivesse sendo arrastada por uma correnteza implacável. A imagem da garotinha que ela fora, desesperada por um vislumbre de afeto do pai, ecoava incessantemente em sua mente. Apesar de todos os seus esforços para agradar Ronald, ele permanecia um enigma insensível, indiferente aos seus gestos de amor filial. Violet compreendia agora que nada do que fizesse poderia conquistar o coração dele.

A verdade amarga era que, por mais forte que fosse, a ferida causada pela rejeição paterna doía mais do que qualquer outra. Era uma dor silenciosa, uma cicatriz invisível que a acompanhava onde quer que fosse.

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Quando tudo começou...

Era uma manhã luminosa nas terras altas da Escócia, onde o sol derramava seus raios dourados através das janelas, pintando padrões de luz nas paredes caiadas. Apesar do brilho radiante lá fora, o ar ainda mantinha o frescor característico das manhãs escocesas, uma brisa revigorante que fazia Violet estremecer ao se mover dentro do quarto. Para ela, era mais um amanhecer como outro qualquer, marcado pelo desejo latente por uma vida além das fronteiras de sua rotina. Enquanto se apressava para se arrumar, o aroma reconfortante de flores silvestres colhidas no dia anterior envolvia o quarto. Cada penteada nos cabelos era acompanhada pelo canto melodioso dos pássaros do lado de fora, um contraponto sereno à sua pressa matinal. Foi nesse momento que Sarah irrompeu no quarto, interrompendo a tranquilidade da manhã com sua energia contagiante.

– Violet! Violet! Minha irmã, preciso lhe contar algo que acabei de ouvir. – Sarah parecia aterrorizada, sua pele pálida denunciando seu estado.

– O que aconteceu? Você está branca como a neve.

– Por favor, prometa que vai manter a calma. – Sua voz, embora suave, estava repleta de agitação.

– Não acha injusto me pedir calma, quando eu nem sequer sei o motivo? – Violet protestou, seus olhos buscando os de Sarah em busca de alguma pista.

– Por favor, apenas prometa. – Sarah estendeu seu mindinho, um gesto de promessa comum entre as irmãs.

– Tudo bem. Eu prometo. – Violet entrelaçou seu mindinho com o dela.

– Essa manhã, papai estava conversando com um homem. Parecia ser alguém importante, talvez um cavaleiro da alta sociedade. Acredito ter ouvido o sujeito se referindo a si mesmo como o duque de... um lugar, um lugar que nunca ouvi falar. – A irmã sempre demonstrou talento para o drama. Violet desejava que ela não estivesse exagerando tanto, pois tremia mais do que nunca.

– Seja rápida, Sarah. Ainda preciso me trocar e descer. Qual é a parte importante? – Seu pai certamente a repreenderia se descobrisse que ela ainda não havia começado suas tarefas.

– Você vai morar na propriedade daquele homem, do duque sei lá de onde – ela revelou, chateada. – Não entendo por que papai tomou essa decisão. – De repente, uma lágrima escapou pelo rosto de Sarah. – Eu só... não consigo suportar a ideia de ficar sem você.

Quando Violet absorveu o impacto do que acabara de ouvir, sentiu como se um balde de água fria tivesse sido despejado sobre sua alma. Mas ela sabia por que seu pai tomara aquela decisão, embora no fundo não desejasse enfrentar a verdade. Ela não era amada, não como Sarah era.