Capítulo VI

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Antes que Violet pudesse alcançar a liberdade, lorde MacKenzie a segurou pelo braço com uma firmeza que contrastava surpreendentemente com a delicadeza de seu toque. Seus dedos pareciam transmitir um calor intenso, deixando um formigamento na pele de Violet que a fez prender a respiração. O corredor estava imerso em um silêncio profundo, quebrado apenas pelo som distante das chamas crepitando na lareira. O aroma suave de madeira queimada misturava-se com a sutil fragrância que o duque emanava. Os olhos dele, tão intensos quanto a chama de uma tocha, pareciam penetrar sua alma. Era como se o mundo ao redor desaparecesse, deixando apenas os dois ali, imersos na tensão palpável que os envolvia.

As sombras dançavam ao redor deles, criando padrões intrigantes no chão de pedra fria do corredor, enquanto o brilho das chamas das velas acesas lançava reflexos dourados sobre seus rostos. Violet sentiu seu coração acelerar, uma mistura de medo e adrenalina pulsando em suas veias. Ela ergueu o queixo com uma determinação que desafiava a vulnerabilidade em seu interior.

Ela o fitou com um olhar resoluto. Sua voz, embora suave, carregava um tom de desafio.

– Vossa Graça, não pense que sua posição ou seu charme irão me dobrar. Não serei manipulada para planos tão inescrupulosos.

Jeremy permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse absorvendo cada palavra. A intensidade de seu olhar suavizou-se ligeiramente, transformando-se em algo que ela não conseguia decifrar completamente. Ele soltou seu braço, mas manteve-se perto, sua presença ainda dominando o espaço ao redor deles.

Violet, – ele começou, sua voz mais baixa e quase gentil – reconheço que fui insensível em minha abordagem. Eu estava desesperado para encontrar uma solução e, infelizmente, não considerei completamente seus sentimentos.

Ele deu um passo para trás, concedendo-lhe um pouco de espaço, mas seus olhos nunca deixaram os dela.

– No entanto, não posso negar o fascínio que sinto por você. Não é apenas uma questão de necessidade, mas também de admiração. Quero que me veja como um homem, não apenas como um duque.

Violet respirou fundo, lutando entre atração e senso de justiça, sabendo que precisava manter-se firme.

– Se realmente deseja que eu veja além de sua posição, então prove que é digno de confiança. Pois, tudo o que vejo é que sou apenas uma solução conveniente para seus problemas, milorde.

O silêncio que se seguiu foi carregado de tensão e expectativa. As sombras das chamas das velas continuavam a dançar ao redor deles, criando uma aura quase mágica no corredor frio. Ela estava disposta a enfrentar o que viesse, determinada a manter sua dignidade pelo tempo que conseguisse, mesmo sabendo se tratar de um homem tão poderoso. Violet sentiu uma pequena onda de esperança, embora ainda desconfiasse de suas intenções. Talvez, apenas talvez, houvesse uma possibilidade de encontrar equilíbrio entre necessidades e meros sentimentos.

Jeremy, com sua postura altiva e olhar penetrante, parecia um leão prestes a atacar. No entanto, havia algo mais em seus olhos, uma faísca de vulnerabilidade que ele relutava em admitir. O duque, conhecido por sua frieza e autoridade, revelava naquele momento uma rara mistura de preocupação e ressentimento. Era como se estivesse preso em um conflito interno, suas emoções lutando para emergir à superfície.

A respiração de Violet prendeu-se em sua garganta à medida que Jeremy se aproximava lentamente, seus dedos deslizando delicadamente pelo rosto dela. Violet hesitou por um instante, dividida entre a vontade de escapar e a atração hipnotizante que o duque exercia sobre ela. A raiva ardente que antes a consumia diminuiu, substituída por uma chama de curiosidade mais suave. O ar ao redor parecia tornar-se mais denso, como se o mundo estivesse contendo a respiração junto com eles.

A Escolhida - Duque de RossOnde histórias criam vida. Descubra agora