Capítulo V

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Andando de um lado para o outro, Violet já havia memorizado cada centímetro daquele quarto. Entediada, olhou pela janela para a escuridão que envolvia a vasta propriedade. Talvez explorar o lugar onde ficaria por tempo indeterminado – esperava que por um período curto – fosse uma boa ideia. O horário tardio parecia perfeito para evitar encontros indesejados. Ela abriu a porta do quarto e depois a da despensa. O trajeto era um tanto confuso, mas ao menos seu dormitório estava bem escondido. Violet encarou o corredor, onde reinava um silêncio profundo. Ao dar os primeiros passos, sentiu que finalmente conseguia respirar um pouco. Ela seguiu pelo corredor, mantendo os passos leves para não chamar atenção. A residência, envolta na penumbra, parecia ainda mais imponente e misteriosa à noite. Cada sombra e cada som aumentavam a sensação de estar em um território desconhecido.

Ao virar a esquina, encontrou uma escadaria que descia para o andar inferior. Hesitante, mas determinada, começou a descer os degraus, mantendo a mão na parede para se orientar. A curiosidade era mais forte que o medo, e a urgência de entender melhor o lugar onde estava aprisionada a impulsionava adiante. Ao chegar ao andar de baixo, viu-se em um corredor mais amplo, com tapeçarias nas paredes e candelabros que lançavam uma luz suave e tremeluzente. O luxo daquele ambiente contrastava com a simplicidade de seu quarto. Violet continuou a explorar, atenta a qualquer movimento ou som. Finalmente, chegou a uma sala de estar luxuosamente decorada, com móveis elegantes e uma lareira apagada. Era evidente que ali se realizavam reuniões importantes, e que aquele espaço era reservado para pessoas de alta posição. Violet sentiu um arrepio ao imaginar as conversas e decisões que já haviam ocorrido ali.

Enquanto observava os detalhes do aposento, uma voz suave e familiar a tirou de seus pensamentos.

– Não deveria estar perambulando sozinha pela casa, senhorita Struthers.

Ela se virou rapidamente, o coração disparado, e encontrou Malcolm, o valete do duque, parado na entrada da sala. Ele a observava com uma expressão enigmática, como se estivesse avaliando suas intenções.

– Perdoe-me, senhor. Apenas queria explorar um pouco, não conseguia dormir.

Malcolm aproximou-se, seu olhar ainda fixo nela.

– Compreendo, mas é melhor retornar aos seus aposentos. Não é seguro andar sozinha à noite.

Violet assentiu, resignada. Sem outra opção, voltou pelo corredor, sentiu o calor subir pelo pescoço enquanto se afastava de Malcolm. Sua tentativa de explorar havia sido interrompida. Nervosa com o flagra, seus pensamentos estavam embaralhados, dificultando a concentração. Ao tentar encontrar o caminho de volta, percebeu que se perdera pelos corredores.

Cada passagem parecia idêntica à outra, e, em seu estado de agitação, ela começou a duvidar de suas próprias memórias sobre a localização da porta para seu dormitório.

Onde está a maldita porta? – murmurou, sentindo a frustração crescer.

Ela continuou a caminhar, o coração acelerado, enquanto suas mãos tremiam ligeiramente. Enquanto observava atentamente o ambiente, seus olhos foram atraídos por uma porta entreaberta. Curiosa, ela inclinou a cabeça para espiar discretamente. Para sua surpresa, a sala revelava um espaço íntimo, com estantes de livros adornadas, uma lareira crepitante e uma mesa de centro circundada por poltronas confortáveis. No entanto, o que mais a surpreendeu foi a presença silenciosa na sala. Uma estranha sensação percorreu seu corpo. Consciente de que poderia ser flagrada espionando, afastou-se, tentando passar despercebida. No entanto, o destino tinha outros planos reservados para ela.

– Entre, senhorita Struthers. – A voz, carregada de ameaça, ecoou pelo corredor e atingiu Violet como uma flecha, deixando-a paralisada de surpresa e temor.

A Escolhida - Duque de RossOnde histórias criam vida. Descubra agora