A cabine da carruagem estava imersa em um silêncio absoluto.
Depois de deixarmos o palácio, Liam providenciou o transporte para nós, optando por ir a cavalo para nos deixar mais confortáveis. Agradeci mais uma vez pela atenção que ele tinha conosco.
Durante o tempo da viagem, Heilee e Bridget me ajudaram a limpar e tratar de todas as feridas com os medicamentos cedidos pela rainha e também trouxeram pão e frutas mandados por Fiore.
Não percebi o quanto estava compenetrada em encher meu estômago vazio até ouvir o comando do cocheiro parando a carruagem.
Liam desceu de seu cavalo e nos ajudou a sair da carruagem. Assim que coloquei meus pés no chão, as portas do Rumz se abriram, revelando Hawkins e Athos correndo em nossa direção.
— Pelos mares! — Athos disse ao analisar meu corpo depois de desfazer o abraço caloroso. — Eu deveria ter ido até você quando os boatos começaram a rondar pelo Litoral, mas Hawkins me impediu. Sinto muito por isso, Saphira.
Neguei com a cabeça, sorrindo minimamente para ele. Hawkins estava certo.
— Foi melhor assim. — dei de ombros. — O rei não pode me executar às cegas sem considerar a lei que há entre a realeza e os piratas. Caso se envolvessem, poderiam complicar ainda mais a situação.
Todos concordaram e Hawkins se aproximou de mim, afagando o topo da minha cabeça como quando eu era uma criança. Sorri para ele, sentindo-me protegida por aquele gesto.
— Seja bem-vinda, filha. — disse carinhosamente. — Vamos entrar. Parece que tem muito a me dizer.
Entramos todos para o Rumz, sentando-se em uma das mesas redondas de madeira.
Passei as últimas horas daquela manhã contando a eles sobre o envenenamento de Van John no baile de cumprimentos e a ordem a qual fui submetida um mês depois.
Tanto Hawkins quanto Athos concordaram de imediato em me ajudar, mas me proibiram de ajudá-los a procurar pelo veneno nos registros de embarcações pelo meu estado frágil.
Como um pai furioso, Hawkins mandou que Heilee me levasse à casa Donovan e tratasse de me ajudar com banho e roupas. Sendo a filha muito obediente que era, minha melhor amiga me proibiu de voltar ao Rumz, caso eu não descansasse.
Por fim, deixamos Hawkins, Athos, Liam e seus guardas procurando por informações do veneno enquanto fomos para a casa de Heilee.
Bridget me ajudou a preparar a água do banho e quando finalmente senti o líquido escorrendo pela minha pele, foi como me libertar de toda a imundice que estava impregnada em mim.
Por um momento, senti como se a dor e o medo se despregassem por mim, indo embora com a água até que sobrassem apenas eu, minha coragem e meu espírito guerreiro outra vez.
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Spéir: O Porto dos Sonhos [Completo]
Historical FictionSaphira vive como pode em meio às dificuldades enfrentadas pela sua posição social em Spéir, um farto reino irlandês do século XVI. Encontrada e criada por piratas celtas desde a infância, sua principal motivação é descobrir quem ela é com a única p...