Ao avistar aquele letreiro, fiquei o observando por um instante. Eu realmente deveria descobrir sobre meu passado daquela forma?
Balancei a cabeça, espantando tais pensamentos da minha mente. Se eu não tentasse, como descobriria algo? Tudo estava valendo naquele momento.
Por fim, respirei fundo e passei pelas finas cortinas roxas com miçangas que tornavam a entrada daquele local tão misteriosa.
Atrás das cortinas, havia uma pequena sala decorada com vários tecidos exóticos coloridos e uma iluminação baixa de velas que tornava tudo mais místico. Ao centro estava uma mesinha simples de madeira com três cadeiras de mesmo estilo e, atrás, encontrava-se uma porta com cortinas negras, impedindo-me de ver o que possuía do outro lado.
Tudo estava silencioso.
— Alguém...? — arrisquei chamar. Minhas mãos suavam pelo nervosismo.
Após um tempo, escutei risadas femininas abafadas ecoando pela sala. Assim que as cortinas negras se mexeram, meu olhar viajou até lá e eu me assustei com as duas figuras que surgiram ali.
— Olá, querida! Somos as irmãs místicas! — a mulher trajada por um vestido cigano negro sorriu, fitando-me.
— Muito prazer, minha jovem! Sou Cadence. — a outra, com as mesmas vestes brancas, apontou para si e, logo depois, para a irmã. — E ela é a Candice!
Ambas possuíam a mesma altura e, pelas suas feições e cabelos, suponho que já tenham vivido muito mais do que eu sequer poderia imaginar.
— Hã... Prazer. — eu disse um pouco assustada e receosa. — Meu nome é Saphira.
— Sabemos muito bem quem é, minha jovem. — Cadence alargou seu sorriso intencionado. — Não precisa ter medo de nós. Por favor, sente-se.
Ainda um pouco relutante e nervosa, puxei a cadeira e me sentei, seguida pelas irmãs místicas.
— O que deseja saber, querida? — Candice apoiou o rosto em sua mão, fitando-me com certa ansiedade.
Dei um suspiro breve e logo reuni toda a coragem presente dentro de mim. Coloquei a mão no bolso interno do meu vestido e apertei a pedra azul.
— Quero saber sobre o meu passado. — comprimi meus lábios e, antes que eu desistisse, coloquei a safira em cima da mesa. — Quem sou eu? Por que estou aqui em Spéir?
No momento em que viram a pedra, as irmãs trocaram olhares discretamente, olhares esses de surpresa.
— Bom, certo... — Candice observava-me, ainda atordoada. — Sou a irmã responsável pelas visões passadas, mas preciso das energias do futuro para acessar às suas memórias. Infelizmente, não posso lhe mostrar o passado pelo ponto de vista de outra pessoa, afinal, trata-se do seu passado. — Advertiu. — Vamos começar?
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Spéir: O Porto dos Sonhos [Completo]
Ficción históricaSaphira vive como pode em meio às dificuldades enfrentadas pela sua posição social em Spéir, um farto reino irlandês do século XVI. Encontrada e criada por piratas celtas desde a infância, sua principal motivação é descobrir quem ela é com a única p...