Capítulo 4 - Prisão

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Meu rosto deveria estar horrível

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Meu rosto deveria estar horrível. Não que me achasse a garota mais bonita e bem cuidada de Spéir, mas eu não havia tido a melhor noite da minha vida ontem.

Durante todo o trajeto, fui transportada como um animal no dorso de um cavalo e, antes mesmo de chegar ao Palácio Real, meu corpo não aguentou e caí em um sono profundo, acordando há poucos minutos atrás.

Alguns finos feixes da luz externa adentravam pela pequena abertura com grades da cela imunda e escura na qual eu fui jogada em algum momento da noite anterior. Suspirei ao sentir o ardor incômodo das grossas cordas que ainda estavam atando os meus pulsos.

Ao invés de estar preocupada comigo naquelas condições, só conseguia pensar em Heilee e no pessoal. O que eles estariam fazendo agora? Será que sentiriam a minha falta? E se Hawkins e seus piratas souberem que estou no Palácio Real e decidirem vir atrás de mim?

De todas as possibilidades, a única que me assustava era Athos tentar assumir a responsabilidade por, supostamente, deixar uma "frágil e doce dama" voltar para a casa pela madrugada boêmia do Litoral dos Piratas.

Oh, mares! Imprestável futuro!

Fiquei horas a divagar sobre o que aconteceria comigo a partir dali, começando a ser vencida pelo cansaço. Porém, o barulho de passos e o tilintar de chaves fizeram-me despertar de repente.

Dois guardas reais bem trajados com armaduras de detalhes azul e dourado vinham em minha direção. Ambos carregavam no peito um símbolo constituído por ramas de rosas vermelhas enroladas em uma espada azulada — o tão conhecido emblema que representava a Dinastia Harrington.

Após abrirem a cela, tiraram-me dali sem um pingo de educação e me fizeram subir um longo jogo de escadas espirais, o que parecia ser a saída daquela prisão repugnante.

Ao chegarmos ao que eu julgava ser o térreo do palácio, os guardas caminharam comigo por um extenso corredor de paredes e pisos claros com alguns candelabros dourados e luxuosos no teto.

Logo depois de uma curva suave, pude enxergar um homem trajado por uma farda de casaco vermelho e calças negras mais à frente.

— Ela está pronta, meu senhor. — um dos guardas fez uma mensura exagerada, indicando que aquele homem não era qualquer um.

— Agradeço-lhe, Jared. — o homem respondeu, sério. — Podem retornar aos seus postos de pertencimento.

Assim, os guardas reverenciaram seu superior e tornaram a sumir pela curva do corredor.

Levantei meu olhar nada amigável para aquele servidor de pomposos reais e senti um arrepio repentino. Ele estava me encarando.

Sua postura rígida e medalhas dispostas pelo casaco vermelho diziam que ele era ainda mais importante do que pensava. Seus olhos azuis pareciam a pedra mais pura e polida que poderia existir, além de contrastarem com seus curtos cabelos loiros penteados para trás, que seriam impecáveis caso alguns fios não insistissem em caírem pela sua testa.

Spéir: O Porto dos Sonhos [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora