july 4th, 2019

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O barulho irritante do despertador ecoa pelo quarto. Noah se levanta o mais rápido possível e o desliga antes que Any ao seu lado acorde. Ele olha na direção dela e sorri. Urrea acaricia os cabelos cacheados e começa a buscar suas roupas pelo quarto. O sol ainda não havia nascido, mas havia prometido para sua mãe que chegaria antes do café, uma vez que não fora na noite anterior pois tivera coisas mais interessantes para fazer. Noah se delicia com o pensamento enquanto veste sua calça.

— Que horas são? — a voz sonolenta de Any tira o estadunidense de seus devaneios. Ela abre os olhos lentamente e percebe que ainda era madrugada — Nem amanheceu ainda, Noah. Volta pra cama.

Ele ri baixinho ao observá-la se deitar de novo. Ela por sua vez, não estava acreditando que ele planejava ir embora sem se despedir. Noah nunca tinha feito isso. Não com ela. Urrea apenas continua se vestindo e quando ela percebe que ele não voltaria a se deitar, se levanta e olha a hora no celular que estava no criado mudo perto da cama. Eram quase cinco horas da manhã.

Jura? — é a palavra que sai de sua boca.

— Calma, princesa. Você pelo menos se lembra que dia é hoje?

— Eu vou saber? Daqui a pouco temos que levantar para o ensaio — ela volta a se deitar.

— Hoje é Quatro de Julho, Any. Feriado.

Certamente o Dia da Independência dos Estados Unidos não estava no calendário de Any, que não lembrava nem mesmo da maioria dos feriados do Brasil. Por mais que tivesse passado a semana toda ouvindo sobre os planos dos outros membros para esse feriado — que a XIX prolongou até o dia cinco —, não tinha percebido que havia chegado tão rápido. Ela solta um "Ah!" cansado e observa um Noah risonho e pensativo terminar de botar seu tênis.

— O que vai fazer hoje? — ele pergunta enfim.

— Sabina e Joalin haviam comentado de ir até a Hollywood Sign. Por quê? — ela comenta, desinteressada.

— Você não vai mais — responde ele, simplesmente.

— Quem disse?

— Você vai comigo para Orange. Levanta e se veste.

— É sério isso? — Any pergunta desconfiada. Noah assente.

— Quero te mostrar a cidade mais bonita da Califórnia.

— Sua mãe não vai ficar chateada? — ela não sabia muito bem como aquele feriado era comemorado ali. Mas para Noah estar indo para casa tão cedo, era porque provavelmente fosse uma tradição de família ou algo do tipo. Any certamente não queria atrapalhar.

— Claro que não. Quanto mais gente melhor. E ela te adora.

Aquilo era verdade. Nas poucas vezes que Wendy Urrea acompanhou o grupo em suas viagens — a maioria delas no início, quando eles ainda eram estranhos uns aos outros —, sempre fora muito simpática e gentil com Any. Noah nunca esqueceria do dia em que sua mãe parara próximo a ele e disse que a brasileira era sua favorita. Ele riu, mas também era a dele.

Então, depois de mais ou menos meia hora, os dois já estavam na estrada, a caminho da cidade natal de Noah, que como um bom cidadão americano, voltava para casa para comemorar a independência de seu país. Any manda uma mensagem para Sabina, dizendo que estava indo para Orange com Noah, mas pediu para que ela não falasse para ninguém além de Joalin. Porém, uma voz no fundo de sua mente dizia que todos descobririam mesmo assim.

Ao passo que Urrea estava relaxado, Any estava um pouco tensa. Por mais que o garoto tenha insistido, ela ainda não tinha certeza de que era uma boa ideia. Quase como se fosse uma premonição, Noah sabia que ela estava desconfortável. Ele põe a mão que não segurava no volante na coxa de Any, acariciando a mesma, tentando passar segurança. A garota se arrepia com o toque repentino. O contato pele à pele, levava seu corpo à combustão com apenas um toque. Ela sabia que não era a intenção dele naquele momento, mas simplesmente não conseguia evitar: era o efeito dele sobre ela, e Any odiava isso. Nem percebe sua dificuldade para respirar até Urrea chamar sua atenção:

trampoline; noany [1]Onde histórias criam vida. Descubra agora