Josephine
Jenny gira a faca entre seus dedos magros ha mais de uma hora.Estou literalmente desesperada! Hero deve estar pensando que fugi dele mais uma vez e eu estou sendo ameaçada de morte por uma de suas admiradoras malucas.
Uma música que não conheço preenche o quarto com pouca iluminação. Celular da Jenny.
"Oi pai", atende bufando.
"Não posso sair agora!",anda rápido pelo pequeno quarto escuro.
"Tá bom!",revira os olhos e encerra a chamada, tacando o celular de capinha preta em cima de sua cama bagunçada.
"Meu pai está querendo conversar comigo. Volto em alguns minutos e não ouse em fugir daqui!", bate a porta de madeira escura atrás de si e eu escuto a porta sendo trancada.
Ela pensa mesmo, que eu vou ficar aqui feito uma trouxa! Nem morta!
Pego o meu celular que estava o tempo inteiro no bolso de meu robe pêssego.Procuro por Hero em meio a minha lista de contatos e acho um número salvo com o nome, "Menino Problema". Tinha me esquecido que tinha o adicionado com esse apelido.
No terceiro toque a voz rouca de Hero ressoa no microfone do meu celular.
"Resolveu aparecer!", ele parece irritado.
"Depois eu te explico tudo,prometo. Mas antes você tem que me tirar do meu quarto", digo com medo de Jenny estar voltando.
"Você ficou presa no seu próprio quarto?", pergunta com deboche. " Só pode ser piada!"
"A Jenny me trancou aqui..."
A porta do quarto é aberta com extrema força e uma Jenny furiosa caminha em minha direção.
"Sua vadia! Agora você vai ter oque merece!"
Sinto meu rosto arder pelo impacto de sua palma em minha bochecha. Ela está achando que é quem para encostar os dedos nojentos dela em mim!
Puxo seus cabelos azuis desbotados, até ela estar grunhindo de dor. Logo Jenny se recompõe e desfere um soco em meu olho. Isso dói!
Sem tempo de reagir,sinto minha cabeça batendo em algo duro. Fico zonza,minha visão está turva e tudo se apaga...
...
"Fala comigo anjo! Não quero ter que te levar para o hospital!", uma voz distante súplica e minha cabeça lateja de dor, sinto como se tivessem martelando-a.
Abro os olhos aos poucos e a claridade invade meus olhos, fazendo com que eu os feche de novo. Abro minhas pálpebras trêmulas aos poucos, e em meu campo de visão encontro Hero com um sorriso enorme em seus rosto.
Percebo que estou deitada em sua espaçosa cama e meu corpo ainda está coberto pelo roupão. Ainda bem!
"Graças a Deus você acordou!", comemora e gemo de dor pelo tom alto de sua voz.
Resolvo fazer uma brincadeirinha.
"Quem é você?", pergunto imitando uma expressão confusa. " Cadê a minha mãe e o meu namorado!", finjo desespero.
Vejo a expressão sorridente de Hero se transformar em uma preocupação genuína e um resquício de raiva? Não sei ao certo.
"Está falando sério?", sua expressão me faz querer rir.
"Claro que não,bobinho!", rio baixo pois minha cabeça está dolorida demais para soltar uma gargalhada mas o meu interior está rindo muito!
Hero sai de perto de mim parecendo furioso. A pior brincadeira que já fiz na vida mas valeu a pena, só pelo nervoso que fiz ele passar. Agora ele está provando do próprio veneno.
"Nunca mais faça isso!", respira fundo e passa a mão direita coberta por tatuada pelos fios castanhos. "Eu realmente acreditei"
"Eu sei. Por isso foi hilário!", solto uma gargalhada sem conseguir me conter, e minha cabeça parece que vai explodir. "Agora você provou do próprio veneno",sorrio cínica e Hero revira os olhos cansados.
"Desculpa anjo. Não queria fazer você passar por tudo isso", Hero afaga meus fios bagunçados e eu deito em seu peito coberto por uma camiseta preta. A roupa simples combina tanto com ele. "Você acabou de ser vítima de um quase crime e está fazendo graça? Que maravilha!"
"Obrigada por ter me salvado daquela maluca", o tom da minha voz é quase um sussurro porque estou morrendo de sono.
"Se não tivesse me ligado,ela poderia ter te matado...",se martiriza e calo sua boca com um beijo lento e torturante,assim como ele faz comigo.
Seu piercing roça em meu lábio fazendo um choque gelado percorrer meu corpo quente. Hero pede passagem para sua língua e eu deixo imediatamente. Estou necessitada de seu toque ávido.
Suas mãos apertam minha cintura fortemente mas logo o aperto se torna fraco. Parece que ele se lembra que estou machucada.
Hero descola seus lábios dos meus e sinto falta deles no mesmo instante.
Seus dedos ásperos tocam a pele perto de meu rosto e ele faz uma careta engraçada.
"Está tão ruim assim?", caminho para o banheiro. Me vejo no reflexo do espelho e já tenho minha resposta. Está muito ruim.
"Não está tão ruim", solta uma risadinha e eu bato em seu peito de brincadeira.
Meus cabelos estão em uma bagunça desconexa, meu olho direito está um pouco roxo pelo soco e as minhas olheiras estão mais fundas do que nunca, os dedos de Jenny ainda marcam minha bochecha e um machucado bem feio preenche o canto de minha testa.
"Estou horrível",choramingo.
"Você nunca fica horrível! Nem mesmo com esses machucados", me senta no móvel do banheiro e pega uma pequena caixa no mesmo. "Vou cuidar disso. Igual você fez comigo", planta um beijo na ponta do meu nariz e eu sorrio com o gesto.
O antisséptico arde um pouco mas não ao ponto de reclamar. Hero termina os curativos com o maior cuidado, parece que ele é um médico profissional!
Me deito em sua cama de novo e Hero se deita ao meu lado, me encarando com seus olhos vibrantes.
"O que aconteceu com a Jenny?", pergunto com medo.
"O pai dela levou-a para um centro psiquiátrico", me encara esperando pela minha reação. Solto um suspiro aliviada. Não estou correndo mais perigo!
"Ela vai ficar muito tempo lá?",passo os dedos por uma tatuagem de caveira em seu antebraço, para me distrair um pouco.
"Tempo suficiente para não querer matar uma pessoa".
Estremeço. Ela poderia ter me matado! A ficha não havia caído, até então.
Lágrimas grossas caem por minha bochecha e Hero as limpa no mesmo instante.
"Não precisa se preocupar,linda", me abraça e eu molho sua camiseta com minhas lágrimas. "Eu vou sempre estar aqui para você", afaga meus cabelos e eu durmo sentindo a sensação de seus dedos em meu couro cabeludo.
Desculpem pela demora!

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The First Touch
Fiksi Remaja"Desejo proibido Você é um passo para o abismo Um sonho que tento esquecer acordada À noite um pensamento constante Um sonho excitante Que me faz acordar ofegante Você é um perigo constante Numa noite enluarada" Josephine tinha uma vida perfeita...