Capitulo 21

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Josephine

Dobro a barra da calça para não molhar na água do mar, passo um pouco de protetor solar que comprei em um quiosque e caminho em direção as ondas. El Matador sempre foi minha praia preferida. Quando algo me incomodava ou quando meus pais brigavam descontroladamente, oque é bastante comum, era para cá que eu vinha. Sentava nas rochas e admirava o por do Sol. Parecia que todas as minhas angústias iam embora junto com as ondas calmas.

A areia quente e macia entra em contato com meus pés descalços e logo a água igualmente quente bate em minhas canelas. Encho meus pulmões com o meu cheiro predileto, ou meu segundo predileto, o aroma de Hero ganha até mesmo do cheiro do mar misturado com o de protetor solar recém colocado. Arg! Ele não sai da minha cabeça!

Após um longo tempo observando as ondas quebrarem e apreciando a brisa fria em contato com a minha pele, vou em direção a uma lojinha de sorvetes e peço um de pistache, meu sabor favorito.

Me acomodo em uma pedra e saboreio o gosto tão familiar. Estava precisando de um momento desses. Não foi a véspera de aniversário que esperava, mas consegui aproveitar o momento comigo mesma.
Meu aniversario sempre é comemorado na véspera, sei que pode soar estranho mas há uma explicação por trás. A festa Companies and businesses,infelizmente é feita no mesmo dia que nasci. Essa maldita confraternização não é nada mais que uma campanha de marketing, onde todos os empresários bem sucedidos fazem propostas e campanhas para as suas empresas crescerem e atingirem um patamar mais elevado. Ou seja, varia pessoas fúteis e gananciosas em um único lugar, fingindo que se dão bem, sendo que se odeiam e competem entre eles.
Basicamente meus queridos pais preferem passar o dia em um ambiente desse, do que comemorar o aniversário da própria filha.

Checo meu celular na bolsa de mão e há muitas ligações perdidas, incluindo meus pais, Veronica e para a minha surpresa uma de Hero! Ele também deixou mensagem de voz, mas não vou me dar o trabalho de ouvi-la. Preciso esquecer dele, e escutar sua voz absurdamente sexy não vai me ajudar a alcançar meu objetivo.

Levanto desanimada, pois não queria deixar esse lugar maravilhoso agora, mas sei que já está tarde e minha mãe deve estar enlouquecendo por eu ter feito uma cena na frente das amigas perfeitas dela.

Bato minhas mãos na calça de cor clara, para a areia sair por completo do meu corpo e coloco os coturnos nos pés. Ando pela areia uma última vez e observo as poucas pessoas que ocupam a praia, sempre gostei daqui por ser um lugar que raramente enche de pessoas.

Uma mão gelada toca o meu braço e eu dou um pulo de susto. Viro para ver quem é o dono da mão e encontro Mike sorrindo como sempre.

"Oi! O que está fazendo aqui?", me abraça e eu retribuo meio atordoada.

"Amanhã é meu aniversário... Resolvi comemorar aqui, mas parece que não está dando certo", castigo meu beiço inferior com os dentes.

"Problemas com a família?", questiona como se tivesse lido minha mente.
"Basicamente... Mas gostaria de não falar disso agora", solto um risinho fraco.
"Como você quiser,Jo"
"Foi bom te ver Mike, mas preciso voltar para a casa"
"Eu posso te dar uma carona, como nos velhos tempos"

Uma carona não seria uma má ideia... "Tudo bem", respondo e ele sorri vitorioso.

Entro no carro prata familiar e imediatamente sinto um cheiro forte de bebida alcoólica. Mike bebendo? Impossível!

Meu ex namorado arranca com o carro em uma velocidade nem um pouco recomendado e indo para direção oposta da minha casa.

Onde eu estava com a cabeça para aceitar uma carona desse maluco!

"Acho melhor você diminuir a velocidade!", minha respiração começa a acelerar e cravo minhas unhas no banco caramelo. Mike me lança um sorriso que faz meu corpo todo estremecer.

"Vamos dar uma voltinha e recuperar o atraso que tivemos no nosso namorado", me olha de cima a baixo e meu estômago revira.
"Eu não quero fazer nada com você, seu maluco!", grito e sinto uma lágrima quente descer pela minha bochecha.
"Mas com o idiota daquele cara tatuado você quer né, sua vadia!", para o carro brutalmente em um terreno baldio e sinto que meu coração vai sair pela boca . As batidas são frenéticas.

Ele vai me estuprar?
O garoto que amei por um longo tempo vai fazer uma coisa tão fatídica comigo!
Realmente as pessoas ao meu redor não são quem eu achava que eram.

Suas mãos nojentas tentam tocar a barra da minha camiseta mas eu o impeço.
"Eu sei que você sempre quis transar comigo", beija o meu pescoço e tenta desabotoar minha calça jeans. "Deixa eu te mostrar que sou melhor que ele", tenta enfiar sua língua em minha boca mas eu luto contra ele. Sinto vontade de chorar,gritar e pedir ajuda mas parece que estou congelada. Que droga!
Eu sou mais forte que esse idiota!

"Mike, me escuta", peço e ele para de tentar lutar contra mim. "Eu te amo, você não pode fazer isso", paço os dedos em sua bochecha,percebo que o garoto abaixa a guarda e fica mais vulnerável.
A manipulação sempre funciona com os idiotas!

Com a coragem que me resta, direciono meu punho em seu nariz e o sangue jorra em meu rosto. Aí! Acho que quebrei minha mão!
Ele leva as mãos ao rosto ensanguentado e eu aproveito a deixa para abrir a porta com as minhas mãos trêmulas.

Corro o mais rápido que consigo pelas ruas desertas até que finalmente avisto um posto. Ufa!

Encontro em um banheiro com um cheiro péssimo e paredes descascadas, infelizmente é oque me resta.

Jogo um pouco de água em meu rosto corado e suado por ter corrido feito uma louca até aqui, os meus dedos latejam de dor e percebo que os nós dos mesmos começaram a ficar roxos.
Solto um suspiro de cansaço. Me escoro na parede desabando no chão que pouco me importo se está sujo e choro mais uma vez, tenho feito muito isso ultimamente. Como tudo pode estar dando errado para mim!

Passo um bom tempo com a cabeça entre os joelhos e colocando todas as lágrimas que me restavam para fora.
Pego o celular dentro da bolsa e aperto no número de minha mãe, para minha felicidade ela atende no primeiro toque.

"Josephine, sua desajustada! Fez todos os convidados de palhaços!", esbraveja extremamente irritada.

"Depois te explico... Aconteceu uma coisa pior, poderia mandar o Paul me buscar, por favor?", minha voz está fraca e rouca pelo choro recente.

"O Paul já foi liberado. Me passa a sua localização e eu mesma vou te buscar... Precisamos ter uma conversa séria sobre oque aconteceu em Londres! Roubaram o meu carro novinho e depois devolveram sem nenhuma explicação! E você sumiu com aquele punk!", tagarela e eu solto uma risada pois sei exatamente oque aconteceu com o veículo precioso dela. "Você está rindo de mim, garota?", pergunta mas nem me dou ao trabalho de responder.
Passo minha localização para ela e volto a encostar minha cabeça na parede legada.

The First TouchOnde histórias criam vida. Descubra agora