Capitulo 29

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Josephine

"Hero! Temos que voltar para o colégio", bato em seu braço tentando fazê-lo acordar, mas só recebo um resmungo preguiçoso. Droga!
São oito da noite e ainda estamos nesse lugar vazio e frio.
"Oi boneca", uma voz sinistra sussurra e eu sobressalto caindo em cima de Hero.
"Já estou acordando... Para de me encher", meu namorado resmunga e abre os olhos dando de cara com o barbudo nojento. "Josh?".
"Em carne e osso! Você é um moleque irresponsável, Hero!", o suposto Josh cospe as palavras com raiva e eu me assusto. Suas roupas estão sujas e parece que não toma banho a dias.
Será que é o cara para quem Hero está devendo?
"Vai a merda, porra!", Hero grita e logo recebe um soco na boca por isso.
"Para! Está maluco?", grito em desespero e o nojento só sorri com os seus dentes podres.
"Josephine, fique fora disso!", Hero manda e vejo o sangue escorrendo do seu lábio.
"Não vou ficar fora disso! Vou chamar a polícia se você continuar batendo no meu namorado!". Josh me pega pelos cabelos e me joga na grama, sinto minha cabeça latejar e meus olhos arderem pelas lágrimas. Que ódio!
"Não encosta nela!", Hero vocifera e Josh bate em seu rosto mais uma vez. Por que Hero não está reagindo?

"Para! Por favor!", imploro mas o velho com roupas sujas parece nem me escutar.
"Levem a vadia daqui!", grita e dois caras mais jovens vem em minha direção.
"Não quero ir! Vocês não podem fazer nada com ele!"
"Josephine! Vai ficar tudo bem comigo. Eles vão te levar para o colégio e por favor não fale nada para ninguém!", Hero segura meu rosto entre suas mãos. "Eu te amo, lembre-se disso", seus lábios molhados de sangue encostam nos meus demoradamente. Hero se afasta gradativamente e me sinto vazia.

Josh puxa os meus cabelos e cola o seu rosto no meu, "É melhor você não comentar isso com ninguém, se não o corpo do seu namoradinho vai ser enterrado bem aqui!", sinto o seu hálito nojento de cerveja e meu estômago revira automaticamente.
Sinto minhas pernas bambearem e o meu pulmão parar de receber oxigênio. Minha visão escurece e meu corpo cai na grama.
A última coisa que escuto é Hero gritando o meu nome em desespero.

...

"Josephine! Acorda, amiga!", uma voz familiar ecoa em minha cabeça.
Abro os olhos bem devagar e o rosto de minha melhor amiga surge em minha frente.
"Ufa! Você quase me matou de susto!", sorri e me entrega uma xícara com um cheiro excelente. "Fiz um chá de camomila para você". Tomo um gole generoso e respiro fundo me ajeitando na minha pequena cama.
"Como eu cheguei aqui?", questiono e tomo outro gole do chá.
"Te encontrei desmaiada na porta da escola. Sorte a sua que eu estava passando por perto", explica.
"Mas eu estava de roupa, né?". Vai saber oque aqueles loucos fizeram comigo!
"Óbvio! O que você andou aprontando com o Hero?", só de ouvir o nome dele meu peito dói e não consigo segurar as lágrimas.
"Hero foi sequestrado! Ele está devendo para uma gangue de traficantes...", desabafo sobre tudo que aconteceu. Sei que não poderia ter contato para ninguém, mas a Veronica é de confiança e eu estava quase explodindo.
"Puta que pariu! E agora?", seus olhos azuis estão arregalados e sua boca está contraída em uma linha reta. "Vamos chamar a polícia".
"De jeito nenhum! Não sabemos com quem estamos lidando e eles ameaçaram matar o Hero, caso eu conte alguma coisa para alguém", seguro suas mão cheias de anéis, "Por favor, não conte isso para ninguém!", peço e ela concorda com a cabeça.

Veronica tentou me acalmar o resto da noite, mas fiquei a madrugada inteira preocupada com Hero.

Para onde será que o levaram?

Será que o machucaram muito?

Mil perguntas passam pela minha cabeça, e me sinto totalmente impotente e inútil por não poder fazer nada pelo cara que eu amo.

Os dias passam tão rápidos e praticamente se transformam em um só. Parece que uma grande nuvem de tristeza e solidão está me aprisionado há oito dias e eu não tenho força para tentar sair dela.
Veronica me forçou a ir as aulas por dois dias, mas desistiu depois de eu pegar no sono na aula de química e acordar gritando por socorro. Toda vez que tento dormir sempre tenho o mesmo pesadelo. Hero deitado na grama de sua colina preferida e Josh chutando seu corpo magro. O seu rosto não possui nenhuma expressão e eu simplesmente não consigo me mover. Peço socorro mas absolutamente ninguém parece escutar, aí eu acordo suada e desesperada. Parei de dormir quando os pesadelos ficaram mais frequentes e estou vivendo a base de café e energético.
Levanto da cama e olho o meu reflexo no pequeno espelho. Meu corpo está bem mais magro que o normal e as olheiras embaixo de meus olhos estão escurar e profundas. Visto apenas roupas largas, e a maioria são do Hero. Gosto de sentir o cheiro dele, parece que ele está mais perto de mim e isso ameniza minimamente a minha tristeza.

Falei com George, pai de Hero, e ele me contou oque eu já sabia, mas fingi estar surpresa, para não ter que lidar com perguntas embaraçosas ou acabar falando algo que não deveria. Pai de Hero foi atencioso comigo e disse que logo daria a grande quantia de dinheiro aos traficastes e Hero voltaria sã e salvo. Meu nervosismo e ansiedade diminuíram um pouco mas continuo cheia de preocupações e saudade do o meu britânico mal humorado.
A escola toda acha que Hero está doente e sinceramente prefiro assim, evita os olhares de pena das pessoas.

"Josephine! O Hero voltou!", Veronica grita depois de abrir a porta velha do quarto.
Meus ouvidos são tomados por um zumbido estranho e tudo parece estar acontecendo em câmera lenta. Me movimento automaticamente e saio correndo para fora do quarto até o grande jardim.

Avisto Hero em suas roupas pretas habituais e ele se vira em minha direção, como se estivesse percebido a minha presença. Seu rosto não está tão machucado quanto pensei que estaria. Sua boca está com um corte e sua sobrancelha também, mas são superficiais.
Envolvo meus braços entorno dele e Hero faz o mesmo, me abraçando arduamente. Depois de alguns segundos, me afasto e encaro seus olhos perfeitos, eles parecem frios e distantes, como da primeira vez que o vi. Não é possível que Hero tenha voltando a ser frio e indiferente!
Beijo seus lábios para tentar arrancá-lo da escuridão que ele se afundou novamente, mas é em vão pois Hero logo recua e desvia do meu rosto. Isso não pode estar acontecendo!

"Hero! Reage por favor", chacoalho seus ombros e ele parece estar anestesiado.

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