ᵉᵖⁱˢᵒᵈⁱᵒ 1 - ⁿᵒᵛᵒ ᵛⁱᶻⁱⁿʰᵒ

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Fui transferido à Gyeonggi-Do. E o que há de interessante nisso, você deve estar se perguntando. Eu tenho uma tediosa e deprimente resposta, em 4 letras e duas sílabas: nada. O fato é que voltar a minha cidade conterrânea depois de 8 anos não me deixou tão animado quanto acharam que deixaria, talvez porque eu esteja sendo 'obrigado' pela firma. Talvez as coisas fossem diferentes se eu estivesse só a passeio, dando uma volta no antigo quarteirão e comendo do antigo picolé babaloo enquanto observava donos e cachorros andarem em círculos na única praça do meu bairro.

Sim, depois de 8 anos, Gyeonggi-Do parecia a mesma, para variar. Pelo menos, eu não tive que me esforçar para procurar um local habitável, já que a empresa alugou uma casa para o proletariado ficar. Deus sabe lá se isso vai valer alguma promoção futura... Então, Hongjoong, mantenha-se firme e seja um bom empregado, faça o que seu chefe lhe manda. Apesar da melancolia e banalidade da cidade, até que era bom respirar o ar familiar de lar doce lar... Nah, era apenas o ar de um lugar onde estive há muito, muito tempo atrás.

Chequei em meu celular qual era o número da minha nova casa, enquanto arrastava minha única mala. Eu sou solteiro e escravo da KQ, não tenho tantos bens e levo a vida mais pacata e sem graça do que um grão de areia nas dunas do deserto. O número, 206. Felizmente não tive que andar por quilômetros ou partir em uma maratona incessante, foi fácil de achar. Havia uma cerca branca, grama mais ou menos verde, e a casa parecia apenas uma casa normal. Jung Wooyoung fez meu celular vibrar, me avisando que já vinha mobiliada. Uma pena que o único conhecido dessa cidade e de afinidade na firma more há 8 ruas da minha 'casa'.

O primeiro momento foi de aceitação. Olhei a porta branca e correspondente ao meu tamanho, com o respectivo número brilhando em dourado. Dei de ombros e tirei a chave do bolso traseiro da calça. Até porque, é Kim Hongjoong, seu morador. Não importa o lugar, sempre vai ser chato se eu fizer com que assim seja.

ㅡ Oh!! ㅡ Ouvi uma interjeição, fazendo com que eu derrubasse o molho das 300 chaves que me deram enquanto procurava a que abria a porta principal. Olhei rapidamente para os lados encontrando um homem de rosto simpático, cabelo bem cortado e bochechinhas gordinhas, se aproximando calmamente à cerca. ㅡ Vizinho novo?!

ㅡ H-Huh... Parece que sim... ㅡ Digo, finalmente tomando o chaveiro novamente em minha mão e encontrando a bendita chave para o paraíso ou derrota.

ㅡ M-Min Gi!! Corre aqui, temos vizinhos novos!! ㅡ Ele largou algo que parecia ser um instrumento de jardinagem e gritou eufórico.

ㅡ N-Não são 'vizinhos', só há um, só há eu. ㅡ O chamo atenção tentando parecer o mais simpático possível, até perceber um rosto saltando fora da porta da casa adjacente. Ele possuía o nariz bem marcado. Parecia estar incrédulo, assim como o jovem rapaz jardineiro e se aproximou da cerca também.

ㅡ Meu nome é YunHo! ㅡ O jardineiro respondeu com um sorriso capaz de refletir os raios solares. ㅡ E esse é meu primo Min Gi... Espero que possamos ser bons vizinhos.

ㅡ Huh... Eu sou Kim Hongjoong... e essa seria uma ótima ideia. Sabe, não sou muito de causar confusão. ㅡ Sorrio de volta colocando a mala apenas para dentro.

ㅡ Você é tão bobo e engraçado... ㅡ YunHo riu soprado me fazendo franzir a sobrancelha, até agora tenho dito apenas três frases... Não vou negar que fiquei comovido com o comentário.

ㅡ Vai ficar por quanto tempo?? ㅡ O grande Min Gi se pronunciou colocando as duas mãos na cintura. Olhei para dentro da casa mobiliada mais uma vez e suspirei.

ㅡ Espero que por pouco. ㅡ Disse balançando minha cabeça, fazendo os dois novos vizinhos rirem.

ㅡ Wow... É que... Quase nunca temos vizinho. Na verdade, acho que nunca tivemos... ㅡ Min Gi concluiu seu raciocínio, YunHo me deu mais um sorriso simpático.

ㅡ Que bom que agora temos um vizinho descolado e engraçado. Seja bem-vindo! ㅡ Ele disse, assenti com minha cabeça e entrei dentro da casa. Perfeitamente mobiliada, como Wooyoung havia prometido.

Até que foi um bom começo. Ter uma boa vizinhança é um dos principais quesitos para se viver em equilíbrio de espírito e harmonia. Os móveis da casa não eram tão luxuosos, davam pro gasto. Como tinha pouca coisa, desarrumei logo a bagagem, me livrando de estresse e caos emocional. Claro que abandonei uma vida pacata em Seoul pra viver uma vida pacata em Gyeonggi-Do. Quando abri a janela do quarto, tive uma vista incrível da grama 100% natural e verde e a fileira de casas do outro lado do quarteirão, todas com a placa de vende-se ou aluga-se. Huh, bem que Min Gi falou que não haviam vizinhos, e eu poderia considerar isso um ponto positivo.

Tão rápido fiquei sem ter nada pra fazer. O tempo se torna mais lento e eterno quando se está no tédio, então pedi que Wooyoung me mandasse sua localização, andar um pouco não me faria nenhum mal. Ao sair, olhei rapidamente para a casa de YunHo e Min Gi, tão quieta e silenciosa, como se não houvesse ninguém, além de ainda estar com a placa de venda.

ㅡ Huh. ㅡ Wooyoung abriu-me a porta, com o som alto e a testa pingando suor. ㅡ Você chegou faz apenas 7 horas...

ㅡ Aigoo, só estou tentando deixar as coisas mais confortáveis, você sabe. ㅡ Disse me dando espaço para entrar. Wooyoung se adaptou muito fácil, a mobília que ganhara com a casa já estava completamente 'reformada' e tinha vaso de plantas para tudo quanto é lado, até me sentir sufocado de oxigênio. ㅡ Eu tenho um super babado pra te contar. ㅡ Disse me estendendo um copo de água.

ㅡ Hmn, o que é, senhor sabe tudo da vida alheia? ㅡ Jung colocou a mão no peito como se pudesse realmente estar ofendido.

ㅡ Ouvi dizer que... Já que estamos nessa cidadezinha mixuruca, provavelmente pra ganhar a mesma merreca que ganhávamos em Seoul... A KQ vai contratar mais uma cabeça de gado.

ㅡ Outro escravo... ㅡ Arregalei meus olhos enquanto ingeria o líquido.

ㅡ É. Talvez ele terá que passar por um treinamento, ou seja... Passará pelas nossas mãos. ㅡ Concordei com minha cabeça revirando os olhos, Wooyoung nunca perdia a oportunidade de flertar com caras mais novos, por mais inapropriado e incoveniente que fosse.

ㅡ E como você sabe disso, flor?

ㅡ Garoto, eu compro e vendo informações, tenho meus contatos. ㅡ Ele debochou apartando a franja do seu rosto. ㅡ Mas e você... Está se sentindo em casa?

ㅡ Aish, Wooyoung... ㅡ Sorri soprado terminando com a água.

ㅡ Tem vizinhos? Nunca pensei que Gyeonggi-Do pudesse ser tão morta.

ㅡ Huh... Tem sido assim desde que eu me lembre. Meus vizinhos são gente boa, até.

Passamos bastante tempo conversando, até o tédio duplo e cansaço corporal me obrigar a voltar para casa, dormir.

SOUND OF THE MOON | ATEEZOnde histórias criam vida. Descubra agora