ᵉᵖⁱˢᵒᵈⁱᵒ 2 - ᵘᵐ ᵉˢᵗʳᵃⁿʰᵒ

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Abri a porta do quarto, já vestido com meu pijama e de pantufas perfeitamente desproporcionais aos meus pés. Ainda precisava aprender qual chave abria cada porta, pensando seriamente em apenas deixar aberta, pelo menos as de dentro. Não havia nada de valor que alguém se interessasse a roubar, então não haveria por quê se apegar tanto à segurança.

Coloquei o alarme pra despertar bem cedo em meu celular, o deixando descansar na escrivanhia, já que o dia do amanhã seria agitado. Me preparava para apagar o abajour, quando vi um homem parado no canto do quarto, como se fosse um mero enfeite de decoração.

ㅡ Eita, caralho!! ㅡ Assustei-me. Seus olhos estavam esbugalhados e o maxilar para frente, os braços cruzados me demonstravam um alto teor de impaciência. As roupas eram elegantes e joviais e seu rosto também era extremamente marcante. ㅡ Quem diabos é você?! ㅡ Saltei da cama me cobrindo com o edredom. Bom... Eu retiro o que eu disse sobre a segurança da casa.

ㅡ Sou o dono. ㅡ Falou um pouco ríspido.

ㅡ Que dono, do que você está falando? O que caralhos está fazendo aqui?

ㅡ Eu moro aqui! A casa é minha, eu sou o dono, você tem que sair. ㅡ Apontou a porta frenéticamente.

ㅡ Ah, fala sério, está de brincadeira? Garoto, apenas pegue o que quiser e suma antes que eu chame a polícia. E por favor, saia do meu quarto, preciso descansar. ㅡ Voltei a deitar em cima do colchão, embrulhando minhas pernas.

ㅡ Eu acho que você não me entendeu. A casa é minha, você tem que sair. ㅡ Ele chegou perto da cama e me pareceu bastante assustador. Pulei sentado o encarando novamente.

ㅡ Okay, a casa é sua. Pois então me explique porque eu tenho um contrato assinado com a KQ, que me diz que estou sendo transferido para Gyeonggi-Do, com direito a uma casa alugada inteiramente paga pela merda da firma, huh?? Se toca, garoto!!

ㅡ A casa. É minha. Você. Sair. ㅡ Gesticulou pausadamente adentrando o fundo da minha alma. Fiquei de joelhos na cama, quase perdendo a minha paciência. Vi algo naqueles belos olhos opacos, meu coração se sentiu aquecido. Uma pequena nostalgia, uma lembrança distante... Por um momento, aquele rosto me pareceu familar.

ㅡ Pela milésima vez, a casa não é sua. E estou ficando irritado. Saia por boa vontade ou vou ter que lhe esmurrar até a morte. ㅡ Espumei pela boca, preparando meus punhos para atacá-lo sem dó.

ㅡ ... Pois bem. Vou fazer você sair. ㅡ Ele disse denunciando como tinha invadido meu quarto, pela janela. Observei seu corpo todo jeitoso sumir na escuridão da noite, enquanto franzia meu cenho incrédulo pelo que acabara de acontecer. Tranquei a janela novamente e dormi com uma faca de cortar carne embaixo da cama, só por precaução.

E a manhã chegou, a sensação é que tinha apenas piscado os olhos, principalmente depois de um maldito estranho se fazendo de papel de parede no meu quarto. Encarei o teto e suspirei um pouco fundo, finalmente virando o corpo para desligar o alarme.

ㅡ Já desistiu da casa? ㅡ O garoto estava ali, ocupando o lado vazio da cama, me olhando com um sorriso perverso e apoiando o rosto com uma das mãos. Pulei da cama novamente.

ㅡ M-M-Mas... Mas como entrou aqui???! ㅡ Berrei me afastando, tateando o chão do quarto procurando a minha arma.

ㅡ Ah, pela janela. ㅡ Disse em um tom debochado, fazendo alguns truques com a mesma fazendo eu me sentir não menos que um bobo.

ㅡ Eu tranquei essa porra! Eu coloquei um cadeado, como conseguiu entrar?!!

ㅡ Huh, você tem muita certeza ou pouca? ㅡ Tirou a sujeira das unhas com a pontinha da faca. Olhei pra janela a vendo intacta, sem nenhum tipo de violação.

ㅡ ... Olha aqui, não sei qual foi o seu truque, mas estou avisando. Fique longe de mim, o que você quer afinal?

ㅡ Já disse, essa casa pertece a mim, e eu não quero nenhum outro morador. ㅡ Levantou-se fazendo aquele rosto de assustar corvos do milharal novamente. Levei um maldito susto quando o celular começou a tocar, Wooyoung queria me deixar informado de todas as direções, instruções e fofocas novas. ㅡ Você tem que ir.

ㅡ Certo. Tenho que ir. Tenho que ir agora, mas quando eu chegar nós vamos resolver isso, seu sem teto. ㅡ Peguei minha roupa de executivo e fugi de pijamas mesmo, iria me trocar na firma. Saí de casa trancando a porta, encontrando YunHo do outro lado da cerca, sempre com um sorriso simpático.

ㅡ Oi, eu sou YunHo!! ㅡ Ele disse aberto e enérgico.

ㅡ ... Eu sei... Você me disse isso ontem... ㅡ Franzi meu cenho o encarando. ㅡ Que seja, sou Hongjoong... Poderia cuidar da casa pra mim? Obrigado.

ㅡ Espero que possamos ser... ㅡ Corri pelas calçadas a encontrar o carro de Wooyoung na esquina. ㅡ ... bons vizinhos!! ㅡ Sua voz ficou distante.

ㅡ ... Pelo visto, não devo desejar bom dia. ㅡ Wooyoung falou destravando a porta do carro a me deixar entrar. Sorri irônico me sentando do lado do passageiro e roubando o copo de café. Ele me conhecia muito bem.

ㅡ Tem um doido dizendo que a casa é dele, um pervertido. Acho que ficou me vendo dormir a noite toda, filho da puta. ㅡ Disse irritado.

ㅡ Huh, e o que vai fazer? ㅡ Wooyoung riu as minhas custas, ligando o rádio em uma música qualquer. ㅡ Vai devolver a casa pra ele?

ㅡ Aham, flor, vai sonhando. A guerra apenas começou. ㅡ Disse determinado. Faria com que o homem desistisse da casa antes de mim.

Quando chegamos a nova sede da firma, o primeiro objetivo era encontrar um banheiro para me trocar. Percebi que podia ter feito isso dentro do carro de Wooyoung, mas fiquei tão afoito e irritado que não me toquei. O loiro procurou por entre o corredor o tal gado novato.

ㅡ Aigoo, o que você tem, huh? ㅡ Disse parado na porta do toallet.

ㅡ Pois... Você não está animado? Vamos ter mais um escravinho mirim para treinar... A nova pessoa deve ser um adolescentezinho mimado, que vai dar bastante trabalho. Aborrecente, mal caráter. Do jeito que eu...

ㅡ Hmn. ㅡ Um homem alto chegou no meio de nós com os olhos miúdos e encarando a Wooyoung de um jeito mortal, com as mãos para trás e o maxilar travado. ㅡ Você não é pago para fazer previsões sobre a vida dos outros.

ㅡ Claro que sou, eu faço parte do time de marketing da empresa. ㅡ Wooyoung travou o maxilar também, não baixava a guarda. ㅡ E não há melhor propaganda do que a boca a boca.

ㅡ Wooyoung, se acalma. ㅡ Sussurrei, agarrando-me ao braço dele.

ㅡ Ah, pois bem... Essa sua atitude deve interferir no funcionamento da KQ... E consequentemente do seu salário. ㅡ O homem piscou finalmente voltando a atenção pra mim. ㅡ Que tipo de roupa é essa? Esse não é o adequado para uma empresa.

ㅡ Hey, qual é?? Porque tão sério? Quem é você? ㅡ Wooyoung se pronunciou antes que eu pudesse falar.

ㅡ Huh... Eu sou Choi San. O novo sócio da KQ e chefe do departamento de recursos. ㅡ Chegou perto de Wooyoung o prendendo na parede. ㅡ E vi que... Temos que cortar alguns gastos. Não gosto de sair demitindo gazelas fofoqueiras... Mas sabe, não hesitarei se isso ajudar a empresa a crescer. ㅡ Senti o espinhaço de Wooyoung chacoalhar como um terremoto. ㅡ ... Até que você é fofo. Dê um fim nessas roupas. Começem a trabalhar.

Choi San bateu palmas e saiu todo esbelto e bossy pelo corredor.

















/ no próximo capítulo:

ㅡ O-Oi, bebêzinho. Quem é sua mãe?

ㅡ YunHo.

SOUND OF THE MOON | ATEEZOnde histórias criam vida. Descubra agora