Noventa e oito

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Andrew PoV

Eu já não sei mais se prefiro a Meredith hostil ou essa simpática, eu não quero acreditar que ela superou tudo, que ela mantém uma conversa normal comigo porquê não se importa mais, mas cada dia que passa e cada momento que a gente se encontra tem me feito pensar mais sobre isso, eu entro na minha sala com esse pensamento, depois da conversa no elevador, eu não achei que pudesse ficar mais triste

Eu fico até tarde na Criare, respondendo alguns e-mails, a April já saiu há algum tempo e alguém bate na porta
- Entra
Eu respondo e a porta se abre, eu não poderia estar mais surpreso ao ver a Meredith parada na porta
- Eu vi a luz acesa, posso falar com você?
Meu coração bate muito rápido
- Claro, entra, senta
Ela entra, o rosto impassível, não demonstra nada, ela senta
- Você ficou com a conta do meu livro, né?
- Oficialmente é do Avery, mas você sabe como é
- Então, sim?
- É, fiquei, algum problema?
- Não, eu só tive umas ideias e queria contar
- Editando o próprio livro?
- Se pudesse, eu faria questão
Eu sorrio
- Eu sei, então quais são suas ideias?
- Muita gente já leu o livro, então tirando quem gostou muito ou goste de livros, não vai vender tanto quanto se espera
- É incrível como você consegue ser prática mesmo sendo sobre seu livro que é tão importante pra você
- Depois de ter sido exposto dessa forma, não é mais a mesma coisa
- Eu sinto muito
Ela balança a cabeça
- Esse não é o assunto, eu fiz meio que dois prólogos pro livro, um sobre cada personagem e como o segundo livro já está pronto, seria interessante colocar três capítulos no final, pra já introduzir o próximo livro que não vai demorar a ser lançado
Eu poderia vê-la falando por horas sobre algo que ela gosta ou sobre qualquer coisa
- É uma excelente ideia, Meredith, tudo isso vai fazer esses livros se venderem sozinhos, todo mundo quer conhecer mais sobre Ellen e Giacomo e sendo uma versão somente física, todo mundo vai querer
- Que bom que gostou da ideia
- Você sempre tem ótimas ideias
- Obrigada, era isso
Ela levanta e vai em direção da porta, então para e põe a mão na barriga, eu pulo da cadeira e corro até ela
- Ta sentindo alguma coisa? Senta aqui
- Não, é só diferente
Ela tá sorrindo? Ela tá mesmo sorrindo e com lágrimas nos olhos, então ela pega a minha mão e coloca na barriga dela e eu sinto a coisa mais maravilhosa que já senti na vida
- É o bebê...
Eu digo
- Chutando
Ela completa, agora eu também tenho lágrimas nos olhos e demoro um pouco pra perceber o quão perto nós estamos, o perfume dela toma tudo ao meu redor, a mão em cima da minha na barriga dela, nosso corpo tão próximo, ela levanta a cabeça devagar, nós ficamos nos olhando por alguns segundos, eu levanto a mão livre e afasto o cabelo dela, faço carinho na bochecha e ela fecha os olhos, ela não é imune a nós dois
- Não faça isso
Ela diz baixinho, eu contorno o lábio inferior dela
- Por que?
Eu me aproximo ainda mais, coloco minha testa na dela
- Eu não quero
Eu passo minha barba de leve na bochecha dela e sussurro ao pé do ouvido
- Você não está sendo sincera
Ela suspira, isso tá mexendo com ela e muito
- Mas eu ia me odiar depois
Ela diz em um sussurro, tem uma tristeza tão grande na voz dela que parte meu coração, eu me afasto e volto a olhar pra ela, que continua com os olhos fechados
- Mer, olha pra mim
Ela abre os olhos devagar, tem tanta dor ali, tanta mágoa e saber que eu sou o responsável por isso, acaba comigo
- Eu te amo e sempre vou te amar
Ela fecha os olhos e eu me afasto devagar, tiro a mão da dela
- Eu vou sair, fique aqui o tempo que precisar
Ela não tem nenhuma reação, então eu saio da sala, com toda culpa e tristeza pesando tanto que eu mal posso andar.

Meredith PoV

Eu mal consigo respirar, eu não posso me deixar levar assim pelas sensações quando o Andrew está tão perto, eu sei, exatamente, qual o gosto daquela boca, a textura daquele cabelo, o arrepio com o beijo no pescoço, a sensação das mãos na minha pele, do corpo junto ao meu, um arrepio involuntário passa por mim e o bebê chuta me fazendo acordar desse devaneio, eu respiro fundo e ando de um lado pro outro, eu preciso controlar meu emocional, meu coração tá acelerado, mas eu preciso mesmo é acalmar meus hormônios que estão fervendo de excitação com tudo isso que acabou de acontecer aqui.
Eu finalmente saio da sala dele e entro na minha, tomo um enorme gole de água e pelo menos, minha respiração voltou ao normal, vou pra casa atrás de um banho gelado, com urgência.

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