Setenta e nove

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Meredith PoV

Depois que eu saí da sala do Jackson, me despedi da Amélia e sai, não contei pra ninguém que me demiti, peço um táxi e vou pra casa.

- Mamãe
Quando eu abro a porta, a Zola se joga nos meus braços, eu me abaixo a abraço, me seguro muito pra não chorar dentro desse abraço com cheirinho de bebê
- Dona Meredith? Algum problema?
A Jane me pergunta
- Eu só quis vir pra casa mais cedo
Eu sorrio de leve e fico com a Zola, o resto do dia, marquei uma consulta pra amanhã e vou fazer o possível pra evitar mais estresse hoje.
O dia se arrasta, eu mal tenho forças pra fazer qualquer coisa que seja, Alex e Jo chegam e acham estranho já me encontrar em casa, mas não comentam nada, depois que a Zola dorme, eu vou pro meu quarto sem dizer nada, eu só ainda não estou pronta pra colocar em palavras, tudo o que aconteceu

A consulta com a médica foi bem tranquila, eu tenho que tomar algumas vitaminas e evitar dirigir quando estou tonta, além de um batalhão de exames, enquanto estou indo pra Criare, buscar minhas coisas, muitas coisas se passam na minha cabeça, eu poderia perdoar cada uma das ações do Andrew sobre os e-mails, ele estava tão nervoso com isso que ele só queria um culpado, um mal entendido gerou tudo isso, mas a maneira como ele disse que não se importa com o resultado do exame, com o bebê ou com a gente, isso não, isso eu não posso perdoar.

Eu chego a Criare, respiro fundo e entro, cumprimento todo mundo e vou pra sala do Jackson
- Posso entrar?
Eu pergunto pra Sam assim que me aproximo
- Ele tá te esperando
Eu entro e nem respondo, to sem paciência pra ser educada hoje
- Bom dia, Meredith, senta
Eu sento
- Tem alguma coisa que eu diga que te convença a ficar?
- Não, não tem, eu realmente vou sair
- Só deixe tudo organizado, leve o tempo que precisar e eu farei uma ótima carta de recomendação, você pode trabalhar onde quiser e se precisar de qualquer coisa, me avisa
- Eu agradeço muito
- Eu vou saber o que motivou sua saída?
- Eu só preciso ir
Eu sorrio pra ele e levanto, quando chego na porta, eu olho pra trás
- Eu soube que você já estava procurando alguém pro meu lugar
Ele olha pra mim
- Eu ia te promover
Eu sorrio e fecho os olhos, eu mal posso acreditar em tudo que perdi por causa do Andrew
- De qualquer forma, obrigada
Eu saio de lá e vou direto falar com a Amélia
- Ta muito ocupada?
Eu pergunto quando me aproximo
- Não, o que foi?
- Não faz um escândalo, ta?
- Ok
- Eu me demiti e preciso de ajuda pra pegar minhas coisas
- Você fez o que?
- Sem escândalo, Amélia, vai me ajudar?
- Meredith, por quê?
- Aqui não é mais meu lugar
- E pra onde você vai?
- Pra longe daqui
Ela pega uma caixa na dispensa e me acompanha até minha sala, o Andrew tá lá, mas eu finjo que não tem ninguém, a Amélia olha de um pro outro, mas eu nem olho pro lado da mesa dele, vou dando pra Amélia as coisas que eu vou levar e sinto o olhar do Andrew em mim, eu organizo os manuscritos, na mesa, enquanto pego minhas coisas, tudo é tão carregado de lembranças que eu seguro o tempo todo pra não chorar
- Ok, eu desisto, o que você está fazendo?
O Andrew pergunta
- Indo embora
Eu respondo sem olhar pra ele

Andrew PoV

Tudo que eu queria era que meu coração se comportasse normalmente quando eu vejo a Meredith, mas não dá, ela e a Amélia entram com uma caixa e muito sérias, nenhuma das duas diz nada, só tiram as coisas da mesa, eu não resisto e acabo perguntando, ela se demitiu, ela só provou que é verdade tudo o que eu falei, ela realmente fez isso, ainda é tão surreal pra mim que a Meredith tenha feito algo assim, é como se eu nunca a conheci de verdade, eu não respondo e apenas vejo ela sair com a Amélia, a mesa vazia, sem as coisas dela, os espaços vazios no armário, faltando o que era dela, parece a minha casa e a minha vida, falta, exatamente, o que era dela, eu me odeio por amá-la tanto assim.

Eu dirijo voando pra casa, eu preciso me livrar das últimas coisas dela, eu pego as duas malas, coloco no carro e faço o caminho que eu espero fazer pela última vez, eu dirijo pra casa da Meredith, o porteiro me deixa entrar, minha intenção era deixar com ele, mas eu acabo fazendo tudo sem pensar direito, subo com as duas malas e toco a campainha, alguém atende imediatamente, é a Meredith, com a Zola no colo, o cabelo preso no alto e eu sei que elas estavam dançando porquê nós fazíamos isso juntos, falta o fôlego de tanto que isso dói
- Tio Andrew
A Zola se joga no meu colo, eu solto as malas e pego ela
- Oi, Zozo
Eu a abraço apertado
- Eu tava com muita saudade, você perdeu o dia da pizza, vai fazer hoje?
- Eu não posso ficar hoje, princesa, eu só vim trazer algumas coisas
Ela olha pras malas, eu a coloco no chão e a Meredith me deixa passar
- O que é isso?
A Zola pergunta
- São as suas coisas
- Meus brinquedos?
- Isso mesmo
Ela comemora e a Meredith desvia o olhar
- Eu tenho que ir, Zozo
- Já? Você nem entrou
- É que eu to muito ocupado agora, vem cá e me dá um abraço
Ela corre, eu me ajoelho no chão e a abraço, absorvo o máximo que eu posso dessa sensação, desse cheirinho gostoso de bebê, dos bracinhos dela ao redor do meu pescoço
- Eu amo você, Zozo
Eu digo baixinho no ouvido dela e levanto
- Tchau, minha Princesa
- Tchau, tio
Eu me afasto e a Meredith vai fechar a porta
- Diz tchau, mamãe
- Tchau
A Meredith diz e fecha a porta quando o elevador chega.
Eu entro em casa e o vazio me invade, é uma sensação esmagadora, eu tomo banho e deito, as lembranças no meu quarto são muito vivas, o cheiro da Meredith está impregnado por todos os lados, eu vou pro sofá e quando arrumo as almofadas pra deitar, encontro o Hei-hei, galinho da Moana, de pelúcia, então, finalmente, eu me permito chorar por tudo que eu perdi com a Meredith

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