CAPÍTULO 3

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AZRIEL
🦇


Jurei não ter ouvido corretamente quando a curandeira disse a palavra. Desviei meu olhar para fêmea desacordada na cama, pequena e debilitada procurando, inspecionando, por algum indício delas. Asas. O que era aquela menina?!

Rhysand ainda a observa, a expressão menos surpresa que a minha, mas ainda assim, pensativa. Talvez, até demais. O observo e então, volto meus olhos para a curandeira e para a fêmea.

— Porque, exatamente, precisaria de mim aqui? — questionei a nenhum dos dois em especial. Mas foi Rhys quem respondeu.

— Temos uma teoria... Algo, alguma coisa está protegendo-a. As asas, quero dizer... Não é um encantamento, são as... Sombras.

Olhei-o perplexo mais uma vez. Como aquela fêmea, pequena... Voltei minha atenção para ela, reparando realmente nas tatuagens e na fumaça negra se movendo em torno de seu corpo. As sombras espectrais, rodeando em torno de seus dedos das mãos e pés, até mesmo os fios negros de seus cabelos... Tornavam-se mais intensos a cada expressão de dor com uma investida de cura mais dura de Madja.

As próprias sombras ao meu redor pareciam reconhecer a fêmea, confusas em permanecer ao meu lado ou irem até ela... Protegê-la.

Não olhei para Rhys enquanto caminhava até a cama, elas me sussurando que era o certo... No exato momento em que me pus ao seu lado, como me foi orientado pela curandeira, a fêmea abriu seus olhos... E eram negros, como a noite sem estrelas do céu da Corte. Como a escuridão que eu estava acostumado, como as sombras que me acompanhavam e assim como elas, aquela escuridão me chamava.

Houve um estalo. Barulhento, dolorido, ensurdecedor. Dentro de mim. E depois, a sensação de encaixe. Foi como o som de algo se acertando, quebrado e depois encaixado e consertado, quando pus os olhos nos dela, sentado ao seu lado.

Segurei um xingamento. Segurei a palavra que queria sair, a sensação de voltar a matar, rasgar cada maldito macho que tinha causado isso a ela. Havia séculos que eu não sentia isso, desde... Sacudi a cabeça e voltei minha atenção a situação a qual eu estava, mas Rhys — meu irmão — me observava, atento demais.

A curandeira me mandou segurar a fêmea, enquanto ela a virava de costas para cima, e eu pude realmente ver o estrago em suas costas. Pior que as minhas um dia ficaram. Algumas palavras foram proferidas e o grito de dor dela rasgou meus ouvidos — e alguma coisa mais profunda dentro de mim. E então eu vi. Primeiro as sombras subirem, em espirais ferozes. Ergui a outra mão e elas vieram, se dissipando a minha ordem. E depois elas surgiram. Um enorme par de asas, em contraste com suas sombras, brancas, com penas longas e manchadas de sangue. Muito sangue. A envergadura num ângulo diferente do que deveria estar, mas ainda assim... Lindas.

Senti as sombras insistindo para se soltarem, sobressaindo de mim, querendo ir até ela. Foi uma batalha interna não deixá-las sair. Madja continuou com o tratamento, dessa vez nas asas, quando minhas sombras partiam da minha mão contra a dela. Formando uma espécie de laço, mantendo-a ali.

— Seráfica. — não foi uma pergunta, quando Rhys o disse. Foi uma constatação. As lâminas, a roupa dos machos que a perseguiam não pertencer a nenhuma das nossas Cortes. E agora, principalmente, as asas. — Mas porquê?

— Descobrirei. — digo entre dentes, quando volto minha atenção as asas da fêmea. Parcialmente destruídas, aos cuidados da curandeira. As mesmas marcas negras, em símbolos estranhos lhe cobriam a pele branca das costas. O rosto, agora voltado para mim, agora expremia serenidade, mesmo com a provável dor que estava sentindo. Senti o pequeno aperto da mão minúscula ao redor da minha, por instinto, apertei a minha de volta.

*

— Você está bem? — ouço a pergunta, sondada por Cassian quando entro na sala de jantar da Casa do Vento. Não só ele está ali, todos estavam incrivelmente reunidos essa noite. Devido a, talvez, pela fêmea remendada em um dos quartos.

Senti o olhar sobre mim enquanto sentava na mesa. Cauteloso, preocupado com minha reação. Como sempre, sentei ao seu lado, alcançando um prato e servindo a comida. Mesmo que eu não estivesse com fome.

— Sim. — respondo enchendo meu copo sobre a inspeção de Mor, Cassian, Rhysand e Amren. Feyre, ao que parece estava com as irmãs.

— Como ela está? — Morringan questiona a mim.

Eu havia ficado com a garota até mesmo depois de Rhysand sair do aposento, até mesmo depois da curandeira terminar com os trabalhos em suas asas e nos ferimentos. Eu ficara, e segurara sua mão mesmo quando ela estava desmaiada devido ao processo de cura. Observando-a, e as espirais de sombra ao redor de seus dedos, indo e vindo de minha mão para a dela.

Quando me demorei a responder, Rhysand o fez.

— Ficará bem. Entretanto, ainda precisamos saber quem exatamente ela é, porque estava aqui e sendo perseguida....

— Já mandei alguns dos meus espiões seguirem o rastro de volta. Ainda não temos pistas sobre, mas em breve terei.

— E o que ela é? — Amren pergunta. A pequena monstra, mesmo já não sendo mais o monstro a espreita sobre a pele e carne e osso, ainda mantinha áurea sanguenolenta abaixo, como se o resquício do que foi um dia ainda estivesse ali. Ainda mantinha o ar, a postura do que um dia fora.

— Serafim. — Rhysand respondeu, e vi todos os outros ficarem confusos.

A raça de Drakon era pacífica entre os seus, e aparentemente, os que a queriam não eram de outro reino ou Corte. Pelo menos, fora o que o macho que estava em seu encalço transpareceu. E ele não mentiria. Não para mim. Não para minha lâmina.

— Sim, a raça Serafim em partes, é pacífica. A parte que aceita as ordens e seguem a seu senhor e senhora. — Rhysand responde, como lendo minha expressão, e as dos outros. — Mas, assim como todas as Cortes e reinos, há aqueles que não o são. Não sabemos quem ela é, ou quem estava estava atrás dela e o que queriam. Saberemos, entretanto quando ela acordar, ou quando a rede de espiões de Azriel trouxer maiores informações.

Com isso todos se calaram, exceto pelo sussurro melódico das sombras enrosacadas em minhas orelhas. Exceto, pelo estampido em minha cabeça, que constantemente, fazia com que eu seguisse a vontade de minhas sombras e voltasse àquele quarto. Ficasse ao lado da fêmea que eu se quer sabia o nome.

N/A: aaaaaa eu tô amando que vocês estão gostando 🥰 Eu sei que os capítulos estão pequenos, mas é por enquanto

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N/A: aaaaaa eu tô amando que vocês estão gostando 🥰 Eu sei que os capítulos estão pequenos, mas é por enquanto. Eu tô escrevendo o que vem em pensamento e organizando em capítulos, tentando ser um pouco fiel ao enredo original. Maaaaaas, vou aumentar os caps aos poucos prometo, agora é só pra se inteirar no universo e apresentar tudo. Ufa...

Tá gostando e quer dar pitaco bom? Sinta-se a vontade. Comenta aí, deixa o voto, adiciona o livro, recomenda a história. Ah, alguém sabe o nome do modelo do Az? Vi a foto, amei e não sei quem é 🙄

Beeeeeijoe da Nath e até mais

Príncipe das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora