CAPÍTULO 35

11.2K 1.1K 1.7K
                                    

CALLYEN

O restante do dia foi basicamente de treino puro e orientações a respeito da forma de combate, incrivelmente Devlon não se intrometeu, apenas permaneceu observando a interação de longe, com cara de poucos amigos.

A noite já havia caído sobre o acampamento quando eu segui para a cabana, mas acabo me detendo observando o céu noturno salpicado de estrelas. O vento frio bate contra meu corpo, fazendo um tremor percorrer sobre minha espinha.
Havia um fato óbvio a ser repensado, mas pela Mãe eu não teria a coragem de questiona-lo o que eu tomei sem sua permissão de sua mente.

Pela Mãe, eu ainda me questionava como eu não reparei nisso antes, e agora tudo veio com força sobre mim. Eu precisava respirar, eu precisava sair dali. Refiz mais uma vez o mapa mental que Azriel havia me passado, não muito distante da clareira do acampamento, ao leste próximo as cadeias de montanhas da fronteira com o mar Ocidental havia uma cachoeira escondida. Respirei fundo e mentalizei o lugar, reconstruindo em minha mente e então, eu dei um passo para dentro da escuridão.

Abro os olhos puxando o ar quando apareço na clareira, o ruído da água em meus ouvidos ajudando a acalmar as sensações de atravessar e todas as outras. Retiro as botas depois me sento em uma das beiradas nas pedras, colocando os pés descalços para dentro da água, que, estranhamente, não estava tão fria como deveria. Sinto meu estômago afundar quando novamente, minha mente disparou para as lembranças que eu havia pego na mente de Azriel.

Como diabos minha vida deu essa guinada drástica tão rapidamente?

***

Eu olhava para o céu, sentindo as ondulações da água até a altura do meus tornozelos, as estrelas rodavam pelo céu e eu queria poder toca-las. Fecho os olhos ao mesmo tempo que eu sinto sua presença. Ele caminha lentamente, e senta ao meu lado nas pedras, momentos depois sinto as ondulações da água quando ele enfia os pés junto dos meus.

Permanecemos dessa maneira por um tempo, enquanto eu continuo a observar o céu, o lugar estava iluminado pela luz prateada da lua, apreciando o silêncio confortável do lugar, e eu estava bem com isso. Ao meu lado o Encantador de Sombras também não pareceu estar incomodado em manter-se no silêncio daquele lugar.

— Você não é muito de conversar, é? — questiono depois de um tempo. Entretanto, não me virei para observá-lo falar.

— Tento manter as pessoas confortáveis o bastante para que elas próprias falem.

— Mas o que há de confortável no silêncio? — questiono, ainda sem virar para ele diretamente. Ainda assim, eu quase pude ouvir o sorriso em suas palavras durante alguns poucos segundos antes que ele falasse.

— Depende da forma como você o absorve. — ele diz, seu hálito quente fazendo fumaça em direção ao céu enquanto fala. — às vezes, o silêncio serve para muito além do próprio silêncio.

E então assim se fez, novamente a confortabilidade caiu sobre nós. E novamente os sentimentos pelos quais eu estava fugindo assolaram novamente a minha mente.

— Vejo que o que dizem sobre sua corte ser real... O céu da corte noturna, é como se pudesse tocar se erguesse a mão. — eu digo erguendo a mão e esticando os dedos, como se realmente pudesse tocar algumas das estrelas. — Tem algo... que eu gostaria de lhe questionar.

— Pergunte, Callyen.

As palavras me tiraram do eixo. Eu deveria questiona-lo sobre o laço, ou o motivo pelo qual ele pudesse escondido esse fato. Engulo em seco a saliva, e me levanto, mantendo a posição sentada com os pés dentro da água, apenas porque as pequenas ondas próximas pela queda d'água estavam servindo para me acalmar.

Príncipe das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora