Príncipe das Sombras

CAPÍTULO 27

CALLYEN
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Abro os olhos lentamente, administrando a claridade que entra em contato com meus olhos. Minha cabeça dói e quase não me recordo da noite anterior.

Flashes em partes da noite anterior me atingiram com força. Eu havia bebido, muito, e havia dançado muito, e pelo Caldeirão, eu havia falado muito.

Pela Mãe, eu havia dançado?!

Por um momento essas são as únicas coisas das quais me recordo da noite anterior, mas eu sinto, em minha alma, como se tivesse algo importante que eu deveria me recordar. Tento com um pouco mais de afinco me recordar, mas a pontada na minha cabeça denuncia que o esforço seria demais. Pisco de modo pesado, e olho ao meu redor, eu ainda estava em seu quarto. Aliás, porque que ainda estava em seu quarto?

Quase como lendo meus pensamentos, ou talvez não, as gêmeas reapareceram no aposento, uma delas segurando um novo vestido nas mãos, da mesma forma que os outros que elas haviam me trazido, a cor entretanto era de um azul tão escuro que se assemelhava ao negro e sapatos combinando. Isso me lembra quando eu estava sob os domínios de Ykner, eu nunca, nem mesmo na casa de meu pai, eu havia sido tratada dessa maneira. Cuidada dessa maneira. Aparentemente, nem todos aqui assumiam que era uma traidora das linhas inimigas.

Talvez por não saber bem com lidar com a atenção das gêmeas para comigo eu permito que elas me arrumem, desde me ajudar a trocar os curativos, me vestir a arrumar meu cabelo numa longa trança com fios soltos ao redor do meu rosto. Eu as agradeço, antes que elas sumam em suas próprias sombras.

Ainda que eu sinta minha cabeça prestes a explodir, e meu estômago se contorcer de fome, por um momento eu penso se não deveria permanecer no quarto. Entretanto, minha fome me faz respirar fundo e fazer o caminho para o salão, onde todos os outros estavam perfeitamente sentados. Infelizmente, eles percebem minha presença assim que possível e eu posso ver as insinuações maldosas no olhar de alguns presentes.

Sinto isso em minha carne, quando eu me aproximo da mesa e me sento em uma das imponentes cadeiras disponíveis, bem ao lado de Amren e, para meu desespero, de frente a Cassian, que mantinha seu olhar avelã divertido em minha direção. As insinuações explícitas em suas iris amendoadas.

— Está bem disposta hoje, tampinha? — ouço ele questionar com um sorriso veperino na voz e no canto dos lábios. Eu podia sentir o duplo sentido escorrendo de cada palavra mesmo que eu não me recordasse corretamente o motivo.

Ao meu lado, ouço Amren soltar um grunhido com algo parecendo nojo. Nas duas cadeiras de cabeceira, Feyre e Rhysand expremiam sorrisos cúmplices. Pelo canto do olho observo que Azriel se mantém um pouco mais atento ao rumo da conversa iniciada.

— Qual o sentindo dessa pergunta afinal, Cassian? — questiono cerrando o olhar em direção.

— Ora, não me diga que não se recorda das palavras doces ditas ontem... Sabe, você fica bem... solta quando está bêbada.

Os flashes de meias imagens voltam, como por exemplo que não recusaria se caso Cassian desejasse me mostrar alguns de seus dotes numa cama. Ou que eu achava Azriel muito bonito para meu bem.

Mãe... eu realmente havia dito isso?!

— Aposto que você poderia refrescar minha memória, Cassian. — lanço para ele, esperando que ele me diga que eu não havia dito nada do que minha cabeça insistia em dizer que sim, em me mostrar. Que eu não havia dançado desengonçadamente naquele mesmo salão, sob as vistas de metade daquele círculo...

— Achei que você transformaria a noite em algo memorável, irmão... — Cassian lança em meio a uma risada estrondosa, ao passo que Azriel apenas lhe lança um olhar mortal. Ao ver minha visível confusão, o brutamontes de rosto bonito a minha frente apenas se ajeitou na cadeira, a gargalhada diminuindo até sobrar em um sorriso malicioso em seus lábios. — Principalmente depois que ela pronunciou ter preferência por você.... Então, depois que Az subiu com você e não voltou para nos da o prazer da sua majestosa presença, achei que finalmente meu querido irmão teria um pouco de diversão. Mas também não lhe ouvir gritar querida Cally, não achei que fazia o tipo silenciosa.