CAPÍTULO 7

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CALLYEN


O dia se passou rapidamente e eu não havia saído do quarto, ninguém viera também, não depois dele.

Caminhei pelo local, indo ao banheiro adjacente e retirei o vestido, deixando-o num amontado aos meus pés. Meu corpo estava retalhado e enfaixado, marcas finas e profundas em tons diversos de vermelho devido ao processo de cura por baixo da faixas e ataduras. Minhas asas estiveram á mostra esse tempo todo, devido aos enfaixes que a seguravam firmes, mesmo que agora não precisasse tanto. Com um pouco de dificuldade retirei as faixas e então, entrei na água, magicamente quente. Demorei no banho, esfregando a pele querendo que aquelas marcas sumissem, sem sucesso.

Saindo eu vesti a mesma roupa, e descalça, decidi sair do quarto, tomando coragem de caminhar sorrateiramente pelo lugar. Os corredores largos, ornamentados desde o chão com tapeçaria cara e de bom gosto, às paredes com pinturas tão bem feitas que pareciam ganhar vida e movimento a cada cena retratada. Uma mais bonita, exuberante e hipnotizante que a outra, algumas em cenas de cores alegres, vivas; outras, em cores sombrias e melancólicas.

Sigo caminhando, corredor após corredor, descendo e subindo escadas, seguindo o som das vozes quando estás pareceram próximas. Sigo até o enorme salão, onde reconheço ser a sala de jantar. Uma enorme mesa de jantar está posta no centro da sala, cercada de janelas abertas, como as do quarto, com cortinas esvoaçantes e da pra se ver o céu Noturno, em tons de azul e roxo profundos misturados a pontinhos brilhantes, como pequenos diamantes num tecido negro.

As risadas chamam minha atenção novamente para as três belas fêmeas sentadas à mesa, em cadeiras grandes o bastante para acomodar asas. As reconheci, da ida ao quarto onde estou hospedada. A grã Senhora da Corte Noturna, Feyre Archeron, as tatuagens negras cobrindo seus braços. Morringan, a loira em um vestido vermelho, que mostrava a pele em locais estratégicos e a pequena fêmea de cabelos negros curtos e olhar cinza. Amren usava um conjunto cinza, um top que deixava uma faixa estreita de pele a mostra, e no pescoço, um colar exuberante de pedras rubi, tão vermelhas quanto o sangue que ela costumava beber para aplacar o monstro faminto dentro dela. Ela foi a primeira a reparar na minha presença, no meu olhar ao seu pescoço, e exibiu um sorriso, mostrando os dentes brancos e perfeitos, num sorriso nada amigável e de aviso, talvez.

— Ora, temos companhia, ao que parece. — a pequena dragão diz e as outras duas se viram para mim. A loira, cerrando os olhos em minha direção e eu quase consegui ouvir seus dentes raspando daqui.

Estanquei os passos antes que eu pudesse me aproximar da mesa, não por medo dela, mas para observar ao espaço ao meu redor.  Qualquer chance que poderia ter de fugir, essa casa me daria através das janelas...

— Venha e sente-se, nós não mordemos, menina. — a morena diz, mas exibe os dentes demonstrando que ela poderia, e iria, se fosse necessário.

— Diga isso por você, Amren... — o outro macho de asas diz, vindo do local que supus ser a cozinha ou adega, se contasse com o copo e as duas garrafas de bebidas na mão, e um sorriso debochado no rosto. — Porque, sabe, eu posso morder se você quiser... — disse, o sorriso se alargando por sobre os dentes brancos e perfeitos, demonstrando a beleza exótica dele.

— Você nunca se cansa dessa cantada, Cassian? — a loira diz, rolando os olhos para o macho que sentava em uma das cadeiras, bem ao seu lado, acomodando as asas fechadas as suas costas.

— Ah, nunca se sabe quando alguém pode aceitar um convite, não é mesmo? — ele diz, soltando uma piscadela. Para quem exatamente eu não pude discernir.

Quem aceitaria, neste momento preferia ser mordida por uma víbora que por você. — Morringan diz, erguendo as sombracelhas, fazendo Cassian cerrar os olhos para ela.

Por um momento, me perguntei quem seria louca o bastante para recusa-lo. O macho era um exemplo de uma bela espécie, todos os músculos distribuídos com firmeza e beleza; a pele bronzeada e os olhos castanhos assim como o cabelo longo.

— Cuidado, Morringan... — ele disse e eles continuaram a implicarem uns com os outros como se não se importassem que eu estava ali. Ou como se eu não estivesse.

— Vai ficar em pé por quanto tempo, menina? — Amren diz, sem levantar os olhos do prato revirado a frente para me observar.

— Como está se sentindo? — Feyre pergunta, virando sua atenção para mim.

Como se respondendo a sua pergunta, meu estômago roncou, alto o bastante para que todos ouvissem e fizesse Cassian soltar um berro no lugar da risada estrondosa. Cerrei os olhos para ele, e sem querer , ou não, uma gavinha de poder envolta em sombras rastejou dos meus dedos em direção a uma das pernas de sua cadeira, puxando-a para trás, fazendo o grande macho quase cair de bunda no chão. Exceto por suas asas terem ajudado com o equilíbrio.

— Realmente, menina... Acho que vou gostar de você. — a pequena dragão diz com um sorriso predatório nós lábios pintados em vermelho. Feyre segue com um risinho contido, e até mesmo Morringan deixa o bufo de um riso escapar.

Eu rio em conjunto, mas o riso morre a medida que ele entra no salão. O cheiro de vento cítrico envolvendo meu olfato, o som e a sensação desequilibrantes batendo e raspando em minha mente.

— Não duvido que também vou gostar de vocês, pequena monstro. — ela sibilou, mas eu consegui ver a sombra do sorriso.

— Sabe, desconhecida da língua afiada, é educado entre as Cortes se apresentar... — Rhysand diz, sentando-se em uma das cadeiras ao lado de Feyre. Ele ergueu a mão e a mesa se encheu de comida, meu estômago roncou novamente.

Eu estava sentada, ao lado esquerdo de Cassian, flanqueado do outro por Morringan.

— Achei que os senhores já saberiam meu nome, afinal vocês dois observaram a minha mente. — dei de ombros, colocando um pouco da comida no prato.

— Correto. — Rhysand, ergue a taça de vinho, dando de ombros para a afirmação. — Mas meus amigos não sabem, então... Seria educado se apresentar.

Olhei para cada um sentado ali, apenas três deles prestavam atenção em mim, um deles mais que os outros mesmo com o rosto sério e indecifrável.

— Me chamo Rhysand... — ele começou como se eu já não soubesse

— Grão Senhor da Corte Noturna. — o completei e me virei para sua parceira. — Feyre Archeron, Grã Senhora de sua corte. Cassian, Morringan, Amren o monstro das histórias para assustar crianças. E Azriel.

Sinto o sorriso viperino do Grão Senhor direcionado a mim, o olhar curioso sobre alguns pontos... A loira, Morringan me olha de forma desconfiada assim como os outros dois machos... Sinto as sombras do encantador sussurrando por ele — para ele — coisas sobre mim... Eu as ouço também. E me pergunto se ele, ou Rhysand, ou Feyre Archeron desconfiavam....

— Isso nos deixa em desvantagem... — a voz cortante, gélida, mas ao mesmo tempo firme e suave disse do outro lado. Seu olhar direto sobre mim. — Sabe quem somos, uma parte de nós pelo menos... Mas não sabemos quem, ou quê, você é.

— Ao menos dois de vocês sabem... — lancei de volta e senti seus olhos cerrarem para mim. — Entretanto, realmente é falta de... consideração, não me apresentar devidamente àqueles que salvaram a minha vida.

— Pois então o faça. E prove que confia em nós e podemos confiar em você. — Amren diz.

— Callyen.

— Callyen

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