CAP 15: FINAL

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A sala de Madame Plata tinha o teto alto cheio de pinturas vivas e esculturas de bruxos importantes feitas de marfim, cera, quartzo, e até lápis lazuli. Em uma parede havia a fotografia da falecida Benedita Dourado, ex-diretora de Castelobruxo, além dela havia os outros antigos diretores e no topo, a pintura dos quatro fundadores da escola, ao lado desta parede estava a arara velha que designava os alunos às casas, esta é descendente da primeira arara de Castelobruxo. Na mesa, um globo belo e iluminado, com desenhos vivos que nadavam no mar e voavam assoprando as nuvens, além disso, em uma parede verde, havia relógios de todos os tipos, marcando horários diferentes, cada um havia uma figura esculpida. No do topo, havia a figura de uma cobra flamejante, um boitatá, um dos símbolos mais presentes na comunidade bruxa brasileira. Nos outros haviam planetas, deuses, bruxos conhecidos, alguns mostrando horas, outros dias, outros planetas. Iraci olhava fascinada para cada canto da sala.
- Srta. Régia, Srta. Monteiro, Sr. Omori, e Sr. Rodrigues...
A diretora aparecia olhando do alto para os alunos, não estava em pé de alguma coisa, mas era tão alta que os jovens pareciam ser criaturas minúsculas.
- Diretora... - os amigos respondiam juntos, abaixando a cabeça em tom de respeito.
- Bom, o que devo dizer? Não fizeram nada de errado... Não infrigiram nenhuma regra, mas nos levaram até o culpado. Com certeza, nós professores estávamos investigando, mas não imaginávamos que... Bem, Cruz!
- Entendo. - Iraci começava. - Eu também não acreditava.
- Foi um ato enorme de coragem de vocês quatro, tentar desvendar os crimes. Mas devo admitir que estou surpresa, como chegou a Cruz, Sr. Omori?
- Bem... Greta tinha visto Charles Joaquin com uma varinha ameaçando uma pessoa de xadrez, e nenhum bruxo usa xadrez, é muito coisa de trouxa... E não aceitava que fosse Charles que matou Carlos, ele não tinha muitos motivos, e você sabe que não é costume de Jaguarélio sujar as próprias mãos.
A diretora riu.
- É, você tem razão. Bom, todos estão dispensados das aulas de hoje, e se quiserem, o jantar pode ser levado separadamente para vocês.
Os amigos comemoraram olhando um para outro, mas Iraci parou e se mostrou curiosa.
- Diretora, Madame Plata... Quando Cruz estava sendo apanhado, ele citou um nome estranho. Impiu--
- Impius-Nut, Srta. Régia. Uma criatura perversa, que realiza desejos, e forma um clã. Provavelmente Cruz tinha parte com ele. - os alunos se entreolharam - Mas, tudo isso será resolvido. Agora, preciso que me dêem licença, necessito tratar um assunto com Madame Sakura.
A professora de magizoologia apareceu com seu quimono vermelho de estampas astecas amarelas, sorriu um sorriso sério e orgulhoso para Victor enquanto os amigos saiam da sala.
- Uau! Quem podia imaginar? Cruz! - Greta falava em tom de alívio. - Mas estou um pouco chateada.
- Por quê?
- Bem, eu e Juan não fizemos nada, e no fim Iraci quase foi morta, devíamos ter entrado nessa junto com vocês.
- Que isso, Greta? Vocês sempre estiveram junto conosco durante as teorias, eu que quis me enfiar em tudo sozinha. Deveria ter mantido contato com vocês, talvez não acabaria com uma varinha na cabeça...
Os amigos se abraçaram.
- No final acabamos precisando de ajuda dos professores... Não resolvemos tudo. - Juan falava.
- Ora, Juan que baboseira! A gente reuniu várias provas durante só um mês e descobrimos quem matou um aluno, e tentou matar outro se não tivéssemos falado com Madame Sakura. O que só aconteceu porque Iraci ia morree, não podemos resolver tudo sozinhos, mas a professora só defendeu a gente, o resto a gente fez. - Victor pareceu estressado.
Juan envergonhou-se.
Os alunos continuaram conversando e passaram pelo corredor de gente que já os encaravam surpresos e assustados. Cochichos e sussurros enquanto Iraci ia na frente e os outros três atrás.

···

Os amigos naquele dia jantaram juntos em uma mesa separada, rindo e contando piadas, Victor as vezes ironizava de forma engraçada o ocorrido com Cruz e os amigos caíam na gargalhada. Iraci recebeu cartas de cada membro da família, a de sua mãe e seu pai falava sobre a preocupação que eles tiveram ao receber a carta de Madame Plata, mas choraram de desespero e alegria quando leram o conteúdo, sua avó elogiava-a e falava sobre como viu ela como uma menina corajosa que ia mudar tudo no mundo da bruxaria. Suas primas falavam que a menina arrasou e que foi radical, seu avô mandara apenas uma linha parabenizando a menina e falando que estava orgulhoso. Nunca foi de dizer muitas palavras, mas dera um cordão com uma pedra cor-de-jade, uma constelação brilhante rodava na imagem. Que belo era!
Se passara alguns meses depois do acontecimento e Catarina foi despetrificada, os alunos perguntavam de tudo para Iraci e seus amigos, até que se passou mais alguns meses e as aulas iam acabando, fazendo as perguntas diminuírem. Não saiu nada no O Globete, o que Greta lamentou, mas o Ministro mandou uma carta de agradecimento para os quatro alunos, o que Greta esnobou para os colegas de classe que não simpatizavam com ela.
Sakura mandou uma carta e um presente de Natal para Omori, o presente era uma bela vassoura de quadribol da marca Itatupus para que no segundo ano ele não precisasse comprar nem usar as da escola.

"Use só ano que vem. Ótimas notas em Magizoologia. Parabéns.

Sakura."

Fora isso, o menino recebera uma carta de feliz Natal da avó e da mãe também parabenizando pelo desempenho de notas e o acontecimento com Cruz. De sua avó, recebeu uma caixa de rolinhos primavera muito apeitosos, de sua mãe recebera uma jaqueta jeans com um dragão chinês estampado nas costas.

No final do ano, os quatro embarcaram juntos no trem.
- O que ganhou, Juan?
- Um anel de prata 825! ¡Perfecto!
- Que lindo! - elogiava Iraci - ganhei um cordão e um chapéu.
Eles conversavam e comiam doces.
- ¿Sabien de una cosa? Piensava que o assassino só matava personas com o nombre começado com "C". Veja: Carlos, Catarina, Charles...
- Ciraci? Ai, que manezice, Juan! - debochava Greta
Os amigos riam, e conversaram até o final da viagem.
- Tchau, Iraci! Tchau, Juan! Tchau, Victor! - gritava Greta, com seu malão púrpura nas mãos e a gaiola do seu macaco, James, no braço, indo embora com os pais. Atravessando a parede.
A mãe e avó de Victor esperavam por ele, a mãe usava um vestido azul escuro e uma bolsa clara ao aguardo do filho, e a avó usava um tipo de casaco tradicional chinês. Quando Victor se aproximou, a mãe e avó lhe tascaram um beijo na bochecha.
- Tchau, pessoal! - gritava ele entre os braços da mãe e da avó.
Atravessou a parede junto das duas.
A avó, mãe, pai e irmão de Juan chegaram.
- Juan, olha ali! São seus pais! - falava Iraci.
A avó de Juan era uma senhora com traços indígenas e cabelos longos e cinzentos com um casaco colorido leve e uma saia longa. O pai usava uma blusa social e uma calça preta, era branco e de estatura mediana, sua mãe tinha a pele morena e cabelos escuros, e seu irmao irmão era alto e forte, com o nariz fino e cachos castanhos presos em um coque, usava uma jaqueta de couro e uma calça boca-de-sino. Todos os quatro abraçaram fortemente Juan e deu para ouvir alguns ruídos e gargalhadas em espanhol.
- ¡Adíos, Iraci!
- Adíos! - Iraci se surpreendeu ao falar espanhol no automático, vai ver era a presença de Juan em todos os dias do ano.
Então finalmente, Iraci avistara sua família, seu irmão mais novo, com agora um ano e alguns meses de idade, seu pai, sua mãe, sua avó e seu avó. Suas primas estavam viajando a trabalho. Todos abraçaram a jovem que ria com as cócegas e beijos, falavam sobre a preocupação e o orgulho e choravam de felicidade.
Mas no meio disso tudo, Iraci avistara uma figura encapuzada apenas com o nariz e a boca entreaberta a mostra. Parou um instante e sentiu um arrepio.
- Iraci, está tudo bem? - perguntou sua mãe.
Iraci piscara e perdera o sujeito de vista.
- Ah, achei que... bem, nada!
Seus familiares continuavam a abraçar e a beijar mas Iraci ainda pensava na figura seria quem? Impius-Nut?

Castelobruxo - Iraci e o Rio SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora