Edge of Great

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Elias bocejou, seus olhos estavam centrados no grupo britânico que estava centrado no palco, já eu pelas frestas da cortina tentava ver onde poderia estar sentado Matheo em meio a tanta gente, meus pais como sempre se encontravam na primeira fileira sentado um de cada lado estava meus irmãos.

Os britânicos pareciam se sair muito bem, a plateia não tirava os olhos da dupla, ajeitei a postura, enfim tirando o violino do case, Galdino agora abrindo o palito dava um bom gole em sua bebida, em seguida estendendo a garrafa para mim, franziu o cenho.

— Aceita? — Pergunta em seguida, desviando os olhos brevemente para a plateia, a dupla que agora é aplaudida ao final de sua apresentação. — Britânicos metidos, me lembram... — Ele começou a falar seus olhos se perdem na plateia, onde alguns ali se levantam para aplaudir a equipe de pé. — Espero que esteja pronta Cathlin, vamos mostrar para esses babacas o que é música de verdade. 

Ele diz com uma expressão séria, em seguida da mais um gole em sua bebida, os britânico com um sorriso debochando para o garoto dizendo "Façam melhor" a loira ao lado do rapaz sorrir para Galdino dando uma piscadela.

— Porque odeia tantos eles mesmo? — Pergunto ao garoto, com a testa franzida, realmente não lembrava o motivo.

— Isso não vem ao caso agora, esta na nossa vez. — O mais alto entra na defensiva, agora guardando a pequena garrafa no interior do palito, ajeitando logo em seguida me olha.  — A propósito, você está linda essa noite!

Ele diz com um sorriso ladino em seguida anda em direção ao palco, sigo atrás do garoto tentando não olhar para a plateia ainda. A medida que dou cada passo, e com uma onda de dor em meu estômago, minhas mãos estão geladas, Parei. Fechei os olhos por alguns segundos, enquanto sentia aquela dezenas de olhares na plateia me encaravam, respirei fundo.

Era impressionante, tantas vezes que subia ao palco para tocar, sempre sentia a mesma sensação. Hoje diferente das muitas outras vezes era diferente porque ao final eu poderia abraçar Matheo de verdade.

Naquele segundo enquanto tudo estava em silêncio podia ouvir alguns sussuros no palco. Porque estava tão nervosa assim? Tinha que me concentrar, girei então para frente do palco abrindo os olhos lentamente foquei no centro do palco.

Os olhos cinzas do garoto focaram nós meus, não podia ouvir mas seus lábios sussurrava. "Olhe somente para mim" isso me fez sorrir de maneira boba, meu coração parecia se encher novamente daquele sentimento, sabia que precisava me concentrar.

Galdino fez um pequeno aceno com a cabeça sinalizando que deveria prosseguir, foquei novamente em Matheo, posicionando o aro sobre as cordas, a melodia começou a ressoar pelo ambiente. A medida em que a corda do meu aro deslizava sobre o violino, parecia que uma energia intensa vibrava em minhas veias, meu estômago agora parecia com mil borboletas voando dentro dele, minha cabeça só conseguia pensa nos olhos cinzas focados sobre os meus, por breves segundos fecho meus olhos, e por alguma razão, eu sinto uma leve brisa acolhedora me envolvendo.

A música parece me abraçar para si, tomando em cada particula de meu ser, minha alma parece abraçar aquela doce sensação, e então toda aquela energia e sensações dentro do meu coração parecem fluir de mim pelas notas do meu instrumento
Posse senti-las fluindo sobre os meus dedos, transbordando para a plateia.

De forma inexplicável, sinto o cheiro das flores de sarraceno a qual Matheo me entregara, suas palavras naquela noite estrelada. "Por isso eu acho você linda" a forma como ele olhou naquela noite, a sua pergunta, se poderia o amar também. Eu quero, pelos céus, eu não só quero, como passei a ama-lo no momento em que o vir pela primeira vez anos atrás naquele sótão. 

Através dos teus Olhos - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora