Através dos teus Olhos - Livro I

When You Look Me In The Eyes

Cathlin

Aprendi a tocar violino aos meus seis anos de idade, a princípio a música se tornou um refúgio para uma garotinha solitária que não tinha amigos, ela se tornou uma pequena amiga para fugir dos meus desvaneio. Assim como um computador ou máquina de escrever é para um escritor empolgado. Depois que conheci Matheo, a música já não era mais um refúgio, ela se tornou a minha paixão, a medida em que tocava era como mergulhar em notas e melodias, eu podia sentir a vibração delas em minhas veias, levar algo belo ao ouvidos das pessoas.

Esses seis meses para mim teriam sido pior se não tivesse a música, apesar da ajuda de meus irmãos e minha cachorrinha Poopy, a minha relação com a música e inexplicável, a noite de hoje não era só importante por se tratar de um grande evento, mas porque era a realização de mais um de minhas metas, por mais que tenha participando de grandes outros concursos, não como esse. Ao longo desses seis meses depois da ida de Matheo, tentei andar bem ocupada tentando colocar no lugar da do,r ocupações como a música, bom digamos que foi um processo muito complicado. A noite de hoje, era mais que um marco para mim, pois pela primeira vez iria apresentar uma de minhas melodias, a melodia a qual fizera para Matheo

O trajeto para o teatro leva cerca de 15 minutos, isso se evitar o horário de pico da manhã e do final da tarde, também se não utilizar o metro. O grande anfiteatro fora denominado palácio dos anjos, por apresentar grandes mestres da música, fora as grandes orquestras como a Royal Concertgebouw Orchestra, que segundo a gravadora Gramophone é uma das melhores orquestras.

O grande edifício se encontrava no centro da cidade, o prédio se tratava de uma réplica inspirada no grande teatro Alte Oper, na Alemanha. Algumas diferenças eram notáveis entre os dois prédios, o Galaxy Star Royal, como fora batizado no início do século XX, contava com um andar a mais, também com um jardim adornado com luzes que lembra de estar olhando as estrelas, a intensão no prédio era justamente essa, algo que pudesse lembrar para quem entrava ali, se sentir andando sobre as estrelas.

Não era a primeira vez que me apresentava aqui, das diversas vezes ao longo de recitais e eventos que fiz parte, o grande palco do palácio dos anjos se tornou um aconchego, em que me via sobre os holofotes e a tensão de uma apresentação, em que me via desmanchar em versos e estrofes da minha melodia. Lembro uma vez em que estava no final do ensino fundamental, houvera uma visita ao palácio como passeio da minha escola, me recordo de como sentia, a sensação de formigamento em minhas mãos, a sensação maravilhosa em que o palco me transmitia, havia pedido para o instrutor da visita para deixar tocar um pouco, lembro claramente de Matheo falando como as oportunidades não deveriam ser desperdiçadas, naquele dia, Levi havia dito que todos deveriam me ouvir tocar ele fizera cada um dos alunos se sentar sobre os bancos da plateia, um frio me subiu a espinha. Já que metade ali tirava sarro da minha cara por falar com 'meu amigo imaginário' As palavras de Matheo foram claras. "Não olhe para eles" ele dissera suavemente, "Não deveria sufocar um dom que é nato, está na hora de verem o quanto você é maravilhosa, Caths, acredito em você" E foi assim, ao centro do palco encarando os olhos de Matheo, toquei pela primeira vez no Galaxy Star Royal, lembro da sensação inebriante, de como sentia a música deslizando sobre o ar, de como ela preenchia o grande espaço do palco e energia sobre a plateia, ainda podia sentir. A medida em que desliza meus dedos sobre as cordas, era como se fosse atingida por inconstantes correstes elétricas. Como meus cabelos balançavam fazendo cocegas em minha bochecha, e os olhos de Matheo tão calorosos e cheios de vida, brilhavam. 

Naquela tarde, eu não sabia, mas ele se tornou minha inspiração. Meu coração agora acelerava, em pensar que ele estaria ali no meio do público sentado em uma das cadeiras me ouvido tocar, ele verdadeiramente estaria ali, e todos os veria, todos. E a magoa pareceu não existir mais. O pensamento me fez sorrir radiante, sentia meu coração se encher de uma forma explicável, e em minha mente começava a imaginar como poderia ser a cena. De todas as vezes que me apresentei apesar de ele estar ali, eu poderia... poderia...Ha eu poderia. Sentir meus olhos enchendo de água, uma felicidade tão genina, uma ansiedade tão grande. Me fez lembra de algo que ele me disse quando eramos crianças... Meu Deus naquela noite o concurso parecia insignificante é tudo que queria era tocar minha música para ele. O medo que sentia parecia não existir mais e a raiva, ela se foi no momento em que me lembrei dos olhos de Matheo naquele dia. Do momento em que sentir a dor de sua perda, não quero sentir mais essa dor, não quero o ver partir mais uma vez.