Para Susan Greenfield, pesquisadora da Universidade de Oxford, a consciência não é um lampejo, mas um contínuo de conexões dos seus neurônios, que vão ocorrendo do momento em que você nasce até o fim da sua vida. A cada nova experiência, seu cérebro faz uma representação mental que é armazenada em sua memória. "Quanto mais o mundo passa a ter significado para você, mais conexões são feitas em seu cérebro", diz Susan Greenfield. Ou seja: o que faz de você é a soma de todas as representações que você faz dos outros e do seu ambiente, e que pode se expandir a cada dia. E se a maioria das suas representações são negativas? E se você tende a acumular só as memórias ruins?
-Doutora, eu não consigo ser feliz, desde aquele dia, desde aquele acidente, nada na minha vida me traz felicidade, ou vontade de viver. - Bruno mais uma vez relatava sobre o sentimento que tem sido seu companheiro ultimamente. O Bruno é um menino incrível, jovem, novo, cheio de vida, como diz minha mãe. Ele se encontra num estado muito complicado de depressão; há alguns anos havia sofrido um grave acidente. Estava saindo do trabalho de bicicleta quando um carro invadiu, e isso o deixou cinco dias em coma, na UTI, em estado grave. Mas sua família não perdeu as esperanças, todos os dias suplicavam por sua vida., Os médicos só tinham uma certeza: se Bruno saísse dessa, teria alguma sequela.
Ao voltar do coma, uma sequela lhe foi apresentada; apenas uma, mas foi o suficiente para deixá-lo com desgosto pela vida: o garoto estava cego. Bruno perdeu o interesse e o prazer em realizar as coisas. Foi indicado para o tratamento psicológico por já ter tentado tirar a própria vida duas vezes.-Bruno, você precisa encarar seus medos, sei que é mais fácil falar do que colocar em prática mas você terá que ser forte e mostrar que você pode! Não é porque você perdeu um sentido que terá que perder todos, isso vai se adaptar com o tempo. Quero acompanhar você todos os dias, serei sua amiga, pode confiar em mim. A partir do momento em que você entender que depende unicamente de si mesmo para ser feliz, vai se aceitar do jeito que é!
Bruno me virou na minha direção da minha e na sua expressão eu podia ler: ele acreditava que eu estivesse de brincadeira. Mas eu entendo; só sabe o que está passando quem já sentiu o mesmo. A depressão é uma doença que deveria ser dizimada da face da terra, ninguém merece sentir esse aperto como se estivesse esmagando as costelas. Aff. Eu estou aqui pra isso, estudei para ser essa pessoa que vai fazer aos poucos a depressão ser extinta.
E foi assim que fui fazendo, todos os dias acompanhando o rapaz que aos poucos foi demonstrando melhoras, já havia voltado a falar com seus amigos e estava pensando em voltar a escrever, ele era um grande escritor mas com tudo que passou perdeu a vontade de continuar. É um moço muito bonito por sinal, no meio de tudo o que passou teve que se resguardar, ele tinha uma queda por uma colega de faculdade e isso era recíproco até ele abandonar tudo por medo de ser rejeitado!
Algumas semanas depois Bruno veio me visitar na clínica, como colega, não estava sozinho, era ela, a Júlia, a tal moça que tinha uma quedinha e posso afirma eles formam um belo casal.-Olá, Dra Day, vim lhe trazer um presente em forma de agradecimento por tudo que fez por mim _ Júlia estendeu a mão para Bruno e entregou uma pequena caixa que logo me entregou: era um lindo colar de ouro com um pingente de signo. Como ele sabe que eu sou geminiana? Será que demonstro muito? Segurei o riso para não parecer que não tinha gostado, eu amei, coloquei na mesma hora.
Fiquei um bom tempo olhando para eles, sentindo aquela sensação boa de dever cumprido, de realmente fazer diferença na vida de alguém, de realmente ajudar.-Graças a sua ajuda estou conseguindo viver muito feliz, isso não é nada que você não mereça! _ ele falou despedindo-se de mim.
-Obrigada, Bruno! _ Minha voz saiu num tom e com palavras mais formais _ não saio da minha postura profissional em frente aos meu pacientes. Aqui sou a Dra. Day!
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Dois Polos
FanfictionDay, psicóloga renomada, se apaixona por paciente em reabilitação na sua clínica. Carol foi internada por sua família por ser muito rebelde e com temperamento instável. Às vezes é Carol, às vezes Caroline! --------------------- Histór...