Capítulo 6 - Conhecendo território

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Antes de começar o capítulo queria pedir que nos seguissem no instagram

@jullymoura e tamiresviudes

Aproveitem o capítulo, nesta quarentena vou analisar para postar dois capítulos por semana, um na terça e um na sexta... obrigada a todos!


Capítulo 6 - Conhecendo território


Há um ditado popular mais conhecido no mundo inteiro que se encaixa nessa abordagem que irei fazer hoje, "Diga-me com quem andas e te direi quem és!".

Vou utilizar a terapia familiar na tentativa de conhecer a convivência dos Biazins. Talvez aí esteja a chave para todo os transtornos da garota.

Já estava na hora de ir ao trabalho, coloquei uma camiseta branca e por cima meu blazer bege combinando com minha calça, nos pés uma bota preta baixa, pronta para encarar. Espero que não seja igual a última sessão.

Na sala de espera estava Caroline e seus pais sentados. Comportada, não sei se foi pedido dos pais ou estava num dia bom.

Esta sessão será diferente, vou conversar com a família sem focar apenas na paciente principal. Estávamos em quatro pessoas conversando, e até o momento tudo tranquilo, tinham uma vida suave, sem muitas preocupações, será que dentro da família não havia nada que pudesse ter afetado ela?

Entrei no assunto de sua graduação, não tinha boas notas. Carol afirmou que sempre quis estudar educação física mas com seus problemas acabou desanimando.

Conversamos sobre sua sexualidade, ela afirmou de pé junto ser hétero, nem indaguei até porque não tinha provas do contrário, foi apenas uma tentativa que aconteceu em minha sala e quem estava lá era seu inconsciente, seu lado maléfico, seu lado oposto, nem tenho mais comparações para isso.

Havia um acontecimento grave durante as crises de Carol, seus pais nem tocavam no assunto, mas em particular me contaram. Antes de obter sua carteira de motorista a garota pegou o carro dos pais e no caminho para uma festa, sem muita habilidade, acabou invadindo e pegando um rapaz de bicicleta. Isso foi consequência, não foi um motivo para estar na situação que se encontrava, está certo que vai ficar marcado para toda sua vida, Graças a Deus o garoto está bem.

-Vocês têm mais filhos? _ era última coisa que precisava saber, até agora não tinha nada que pudesse usar como um problema.

-Temos mais dois meninos, Rafael e Renan, eles moram fora, estudam. _ A Sra. Biazin segurou um pouco, mas deu para perceber que era um assunto sensível para ela.

Ao me aprofundar no assunto descobri que Caroline era muito ligada aos irmãos, eles são mais velhos, sempre andavam juntos. Quando seus sintomas começaram a aflorar fou na mesma época que Rafael foi embora para estudar, e logo após um ano foi a vez de Renan sair, daí que seus problemas pioraram. Muitas famílias não conseguem perceber qual foi o momento que piorou por estar sempre ocupados com seus deveres, é sempre bom reservar um horário para meditar sobre nossas vidas.

Agora seria um momento delicado, preciso olhar na cara de cada um e mostrar que a ausência dos meninos havia afetado muito mais do que imaginavam, a garota era a parte mais sensível da família, isso eu não tinha dúvidas.

-Bom Senhores já percebemos que os irmãos fazem muita falta para Caroline? _ Nem esperei respostas, completei meu pensamento - Proponho que façam algo em família para mudar um pouco a rotina e para ela se sentir mais acolhida.

Eles ficaram surpresos ao saberem que a mudança dos irmãos fez com que sua situação piorasse. Como Sra. Roseli sofrerá tanto com a distância dos filhos não pôde perceber que sua filha também sofria com isso.

Agora estava explicado o nosso último episódio juntas, ela na carência tentou usar a primeira pessoas que estava próxima que no caso foi eu. Mas será que ela fazia isso pela rua também? E o perigo que está correndo sozinha? Muitos veem uma garota sensível, carente e nem pensam duas vezes, cai pra cima. Nesse caso eu não consigo fazer nada, não posso vigiar 24 horas, seus pais terão que tentar melhorar esse clima entre eles e amenizar as crises de humor.

Assim que acabou a consulta atendi mais dois pacientes que eram mais tranquilos e fui para casa.

Após um banho fresquinho coloquei apenas uma camiseta grande para ficar de bobeira, me veio em pensamento a Caroline me assediando, será que ela não faria nada naquele dia? Poxa ela se jogou para cima de mim e diz ser hétero? Tudo bem! Pode ser uma confusão na mente, tem algum medo, vou aprofundar e descobrir.

Eu nem queria pensar no que eu faria se não tivesse no meu ambiente de trabalho, não negaria uma ruiva feroz.

Tarde demais, meus pensamentos maliciosos começaram a me dominar. Oh my god, aqueles lábios nos meus, ficaria a noite toda só neles.

Balancei a cabeça tentando tirar aquele pensamento, não misturo trabalho com romance, não tem como eu ter aquela ruiva nos meus braços, penso em tantas loucuras, ahhhhh... não conseguia, quanto mais pensava piorava tudo.

Tive que me levantar, trocar de roupa e ir dar uma volta, precisava limpar minha mente, ver pessoas, tomar um ar. Já estava bem tarde, o céu estava bem estrelado, bem próximo de onde estava havia alguns bancos, foi por ali mesmo que fiquei, observando o pessoal que por ali passavam. Havia muito tempo que não fazia isso, observar o movimento, as pessoas, o ambiente.

Liguei para Vitão, ele sempre sabia como me distrair. Foi como uma ligação de desespero, precisava de alguém para tirar meus pensamentos que não saia de uma única cor "laranja".

Como sempre, chegou em pouco tempo, não falei o porque estava por lá, foi um pouco estranho, não era de meu feitio mas nem questionou, apenas fez o que faz de melhor, um fim de noite maravilhoso.

Por pouco tempo que o conheço já podia dizer com toda certeza o quão mulherengo era, raridade estar sozinho, mas também, lindo do jeito que é não tem como ficar sozinho, se eu gostasse de homens ele seria uma ótima opção.

Como um dos meus melhores amigos isso já não era mais segredo entre a gente, vivia tentando arrumar mulheres para mim, confesso que estava há muito tempo sem ninguém, sem tempo e muito ocupada com trabalho.

Como já de imaginar, combinou com uma garota de encontrar conosco, queria terminar a noite com uma companhia, mas por sua surpresa a garota gostou de mim, não me lembro de alguma vez acontecer isso, foi um momento engraçado, jamais esqueceremos, na tentativa de me distrair e ao mesmo tempo sair com uma garota, Vitão acabou ficando sozinho.

Moça muito atraente mas não queria uma distração no momento, então só apreciei a conversa dos dois que por sinal era muita bobeira, mesmo sendo novo ele era muito maduro quanto algumas coisas mas quanto a mulheres não tinha nenhuma maturidade, também não era segredo para ninguém.

Ah Vitão, como tenho um apreço enorme por esse garoto, é como minha família, apesar de não ter tido coragem o suficiente para lhe contar algumas coisas mais íntimas, não por não confiar mas por não ter confiança em mim mesma para me abrir com alguém no momento.

Já me sentia mais relaxada, me despedi , estava tarde então precisei ir embora, os dois ficaram por um tempo ainda conversando.

Dois PolosOnde histórias criam vida. Descubra agora