Irmandade

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"Droga."

Xingar foi a primeira coisa que Kara fez. A segunda foi correr até a irmã e antes que ela pudesse pegar o telefone e chamar por ajuda, teve seu celular arremessado para o outro lado da sala.

"Sem hospital ou polícia. Por favor."

"Como assim sem hospital ou polícia, Imra? Você tá maluca? Tá sangrando aí, nem consegue ficar em pé."

"Consigo sim, só me ajuda. Por favor, confia em mim, liga pra esse numero e diz que a neve precisa de ajuda. Só isso, passa o endereço aqui e pronto. Não fala meu nome, não fala o seu." Ela entregou um pedaço de papel. Kara revirou os olhos e levou a irmã até o sofá que tinham ali. Depois que ajudou a deitá-la, ligou para o telefone marcado. Com certeza isso estava no topo da lista de loucura. Deveria simplesmente ignorar Imra e levá-la para um hospital, mas ao mesmo tempo como explicar que a sua irmã que sumiu há quatro anos e só manda dinheiro pelos correios para a filha, surgiu na sua porta com um tiro nas costas?

A ligação durou menos de trinta segundos, deixando tudo ainda mais suspeito. Desesperada e com medo, Kara ligou para Alex e depois Lena. A essa altura, Imra já tinha desmaiado e ela não tinha mais certeza se estava com a irmã ou apenas com um cadáver.

"Droga." A fotógrafa cutucou a mais velha que gemeu de dor. "Desculpe. Queria saber se tava viva ainda."

"Eu tô. Apenas descansando os olhos."

"Claro, não tem nada a ver com esse sangue todo." A loira fez pressão com a toalha, tentando estancar o sangue. "Que merda você fez, Imra?"

"Não fala meu nome."

"Ótimo. Vou te chamar de merda mesmo."

Uma risada fraca saiu dos lábios da irmã. Levou mais alguns minutos até que ouviram uma batida na porta. Morrendo de medo Kara foi até lá e abriu. Um homem da sua estatura estava parado ali. Ele olhou para trás e depois para a fotógrafa. "A neve tá aí?"

"Neve? Eu a chamo de merda." Kara disse alto o suficiente para que a irmã ouvisse. Deixou o estranho entrar e o levou até o sofá. Ficou a uma certa distância, olhando a cada cinco segundos para o celular. Seu coração estava disparado e o fato das suas pernas não conseguirem parar quietas mostrava muito bem o quanto ela estava nervosa com aquilo.

"Primeira vez?" O rapaz perguntou para a loira.

"Não...fala...ela." Imra resmungou e Kara apenas sorriu amarelo para o homem.

"Ela vai ficar bem?"

Antes que a resposta viesse, a porta do estúdio foi escancarada. Alex e Lena entraram juntas e nem deram mais um passo, já que o homem tinha uma arma apontada para as elas.

"Guarda isso seu médico maluco, elas estão comigo." Kara gritou e o rapaz olhou para ela e depois para as duas antes de guardar a arma de fogo de volta em sua cintura.

"Não devia ter chamado mais ninguém."

"Não devia carregar uma arma na sua cintura." Kara rebateu já indo em direção a irmã mais velha e a namorada. Abraçou as duas ao mesmo tempo. "Estão bem?"

"Que merda tá acontecendo aqui, Kara?"

"Não fala o meu nome ou a outra lá vai se levantar do sofá e bater em alguém." A fotógrafa olhou sobre o ombro para a irmã. "Não sei, ela apareceu aqui, me pediu pra ligar pra esse maluco. Ela tava sangrando pra caramba, acho que foi um tiro. Eu realmente não sei, mas..."

"Devia ter chamado a polícia, ligado pra uma ambulância. Pelo amor de Deus, se é um tiro ela precisa de um hospital." Alex rebateu a caçula.

"Ela pediu para não ir para um hospital, nem polícia."

Vamos tentar mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora