2 • Lanche

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Eijirou guiou o novo companheiro fora da caverna, no caminho indicando o lugar que havia encontrado o loiro.
Este pouco se importou, pois estava imerso em pensamentos, algo parecia o incomodar muito.

Continuaram o caminhando seguindo o curso do rio que os leveou a um lago médio.
Era um lago não tão profundo, com uma cor cristalina muito bela. Algumas folhas de árvores que o cercavam estavam caídas em sua superfície.

- E a comida? - o loiro pergunta aparentando estar impaciente.

- Está aqui! - apontou para o lago - Só temos que pegá-la.

- Porra, é sério? - franziu o cenho nada satisfeito com o plano do ruivo.

- Não precisa ajudar se quiser, eu posso pegar tudo sozinho.

- Tá me dizendo que sou incapaz de pescar a merda de uns peixinhos? - indagou incrédulo com a audácia do outro.

- Não disse isso. Mas que tal provar que realmente é capaz? - disse ao outro como forma de persuasão, tendo em resposta um sorriso desafiador, enquanto o via pegar um galho qualquer, pois não tinham muitas opções disponíveis ali.

o loiro aparentava adorar ser desafiado.

*

No fim, juntos pescaram o suficiente para acabar com a fome por hora.
O loiro manuseava um galho com tanta maestria que, de fato, parecia uma arma mortal em suas mãos.

Porém, encontrou-se surpreso com a forma como Eijirou pescava. O ruivo não usava um objeto sequer, conseguindo grandes quantias apenas com suas mãos. Era bizarro e ao mesmo tempo admirável, embora o loiro não fosse admitir em voz alta.

Voltaram para a caverna com os peixes todos amontoados dentro da capa do loiro, que formava uma espécie de rede.

Ao chegarem na caverna, o humano tratou logo de acender a fogueira que residia no local.
E isto foi um grande alívio para o dragão, que por sua vez, quase cometeu o erro terrível de ligar a fogueira com seu próprio fogo como de costume.

Pegaram galhos finos para prenderem os peixes, e assim assa-los.
Comeram por um bom tempo em silêncio.

- Qual seu nome? - perguntou o ruivo quebrando o silêncio que reinava entre os dois.

- Katsuki. Bakugou Katsuki. - respondeu - e o seu?

- Kirishima Eijirou.

Ficarem em silêncio por mais alguns segundos, até que Katsuki aparenta lembrar de algo.

- Não vai me responder as perguntas de hoje cedo?

- Ah, claro. Havia me esquecido. - Respondeu coçando as têmporas.

Logo depois, Eijirou explicou toda situação anterior ao loiro, dizendo tudo que havia acontecido e explicou ao loiro que lugar era aquele que estavam, além de ter contado que fugiu de casa para o loiro, o que não era exatamente verdade.

- Bom, e você? Lembra o que aconteceu antes de chegar aqui? - perguntou em sequência.

Katsuki se manteve em silêncio de cabeça baixa, com o cabelo cobrindo seus olhos, parecia não querer responder a pergunta.

- Isso é um não...? - o ruivo insistiu.
O loiro continuou em silêncio.

- Vou dormir. - se manifestou com o tom de voz frio depois de alguns segundos calado, se alojando em um canto escuro da caverna logo depois.

Kirishima ficou confuso com o jeito que o loiro agiu, mas mesmo assim compreendeu que ele não queria falar sobre aquele assunto no momento.

*

Não estava tão tarde assim, mas pelo visto, Katsuki tinha tal mania de pegar no sono bem cedo.

Eijirou ficou observando o rapaz dormir em silêncio, não era uma visão tão ruim afinal.

"Enquanto ele dorme, o cabelo dele fica bagunçado. É fofo. E ele é tão..."
- Lindo... - acabou deixando seu pensamento escapar.

"Pera, quê?" - pensou enquanto sua face adquiria uma leve coloração avermelhada - "Droga, espero que ele não tenha ouvido... Isso é tão errado, Eijirou"

Ao mesmo tempo que foi desesperador, foi meio que um alívio, já que tinham elogios bem piores que poderiam ter saído da boca do ruivo.

Segundos se passaram e um silêncio dominou o local, Kirishima ficou nervoso depois que acabou deixando aquele elogio sair de sua boca, então decidiu tomar um ar fresco na esperança de se recuperar do susto.

Até porquê, não poderia dormir, já que acidentalmente durante o sono ele criara o hábito de se transformar - mesmo sendo bem raro, e ele sentisse os efeitos da transformação com o crescimento das asas em suas costas, e os chifres em sua cabeça - o ruivo não queria arriscar ser descoberto.

Não queria afastar o Katsuki. O loiro não parecia má pessoa, apesar de ser irritado e mal educado. Contudo, ao mesmo tempo que Katsuki era interessante, também poderia apresentar-lhe grande risco, principalmente por ser um humano.

Tal espécie sempre perseguiu a sua.
"Dragões eram criaturas monstruosas e horrendas que deveriam ser instintas imediatamente", era o que já ouvirá dizerem, mas na realidade não era bem isso.

Dragões não eram ruins, ao menos os que já havia conhecido não eram. Eles jamais ousariam machucar um ser humano por pura e espontânea vontade. Nem o próprio ousaria realizar tal atrocidade.

Mas, mesmo que fosse uma boa pessoa, um bom dragão, os seres humanos não foram tão bons consigo, levando-o a sua situação atual.

E com esse pensamento, acabou adormecendo acidentalmente.

[...]

Beloved Dragon [DESCONTINUADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora