12 • Cuidados

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- Acho que já deu, ele vai morrer logo - Tomura comentou enquanto fitava o corpo quase desacordado do loiro. - Vamos embora.

Mantinha os olhos semicerrados com dificuldade. Não havia morrido? Sentia a dor percorrer por cada milímetro de seu corpo. Era uma merda.
Sentia o cheiro ferroso do sangue no ar.
Provavelmente morreria pelo sangramento. Uma morte lenta e angustiante. Se arrependia.

- BAKUGOU? - Ouviu aquela voz que tanto amava, que tanto lhe trouxe conforto. Estava ouvindo coisas agora? A voz parecia tão alarmada, como se tivesse acabado de presenciar algo horrível.

- Pelos deuses, KACCHAN! - Ouviu a voz de do esverdeado. Por que diabos Deku estava metido em seus delírios?

- Kirishima, carregue-o, temos que correr! - Midoriya gritou e em questão de segundos o loiro sentiu os braços firmes e robustos do ruivo o envolverem. Ah, como amava ser envolvido por ele. Mesmo que houvessem sido poucas vezes, a sensação era ótima.

Abriu os olhos novamente com certa dificuldade e pôde fitar a expressão de Kirishima.
Estava em completo terror.
Não era aquilo que queria...
Era sua culpa novamente? Porra, Katsuki.

Se conseguisse ao menos mover um membro tentaria desvencilhar-se dos braços. Não os merecia, mesmo que quisesse estar entre eles pela eternidade.

*

Chegaram à casa do esverdeado correndo.
Depois da conversa, ao notarem que Katsuki não estava mais por lá, vasculharam toda a vila em sua busca. Todavia, chegaram tarde ao verem um loiro caído no chão quase como um cadáver, com os olhos semicerrados e a respiração fraca, cheio de hematomas.

Eijirou depositou-o gentilmente no colchão da cama de Izuku. Ela era mais larga, o que garantiria um descanso melhor ao loiro.

O esverdeado buscou analisar os ferimentos, pegando um pedaço de tecido para estancar o pouco sangue que derramava de uma ferida perto do abdômen.

- É grave? - o ruivo não tardou a perguntar, sendo consumido pela ansiedade.

- Não tenho certeza - A resposta vaga só serviu para alimentar ainda mais seu temor - Vou buscar algum curandeiro, eles sabem como dar o diagnóstico correto - pegou alguns equipamentos medicinais - Enquanto isso, lave as feridas superficiais para que não infeccionem.

Kirishima se esforçou para cuidar corretamente do loiro. Nunca havia cuidado de alguém seriamente machucado e ainda mais de alguém que amava. Estava desesperado com medo de acabar falhando e causar a morte de seu amado. Nunca se perdoria caso o fizesse.

Suspirou aliviado quando Midoriya voltou com uma mulher de cabelos negros e olhos cor carvão, carregava uma aura séria e prometia se esforçar para ajudá-los.

Após alguns minutos de cuidados e análise minuciosa dos ferimentos de Katsuki, a garota - conhecida posteriormente como Momo Yaoyorozu -, informou-os sobre a situação.

- A maioria dos machucados não são tão profundos, pois ele tem um físico excelente, eu diria - pontuou - Mas é necessário cuidarem das feridas mais sérias, tenho plantas medicinais aqui comigo - abriu a pequena bolsa que carregava.

*

Então, assim, realizaram os tratamentos necessários e esperaram que o loiro acordasse.
Que vivesse.
Sua respiração já estava melhor e os hematomas já estavam devidamente tratados, mas o loiro parecia estar em um sono profundo.

- Acorda, Bakugou - o ruivo ficou ajoelhado ao lado da cama, levando suas digitais a face adormecida do loiro - por favor... - as lágrimas ameaçaram cair.

- Vamos dar um tempo a ele, Kirishima - Midoriya avisou, mesmo que também estivesse quase no mesmo estado que o ruivo.

- E se ele não acordar? - fitou o esverdeado - E se ele morrer pensando que eu tenho medo dele? E se...

- Pare - seus olhos já ardiam - Não fale assim, o Kacchan vai acordar

- Desculpe - murmurou baixo ao notar que estava sendo pessimista demais.

Estava tão alarmado, não conseguiria queria nem imaginar a possibilidade de perder o loiro.
De perder alguém que amava, de novo.
Isso não teria acontecido se não tivesse se afastado em sinal de temor quando o outro se aproximou. Não teria acontecido se não tivesse sido tão insistente.

Teria sido diferente...

Provavelmente, neste momento, estaria deitado ao seu lado, abraçando-o e deixando carícias em seu rosto. Gostaria tanto de fazer isso, mas teve medo. Medo de fazer o loiro ser jogado à fogueira por um simples ato de afeto, medo de que estivesse cometendo um erro enorme, medo de estar sendo enganado.

Um medo idiota que agora trazia um amargo arrependimento.
Queria que o loiro acordasse.
Envolvê-lo em um abraço apertado para nunca mais deixá-lo ir embora.
Beijar aquela boca que tanto almejava e que tanto teve chance, mas que desperdiçara.
Sem receio algum, queria amar o loiro do jeito certo, do jeito que ele merecia ser amado.

Confiaria em Midoriya quanto o que aconteceu no "Dia da caçada", e respeitaria o temor que Bakugou sentia para contar aquilo.

Implorava aos deuses que tanto diziam julgar-lhe, que o desse mais uma chance, que trouxessem seu loiro de volta.
Nunca havia implorado tanto. Nunca quis implorar tanto, pois tudo que perdeu foi, teoricamente, por conta destes deuses, mas se eles detinham mesmo de alguma compaixão, que ao menos pudessem entender seus sentimentos.

[...]

Beloved Dragon [DESCONTINUADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora