15 • Príncipe

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Todos foram para a pequena sala, onde Todoroki esperava confortavelmente sentado no pequeno sofá. Suas roupas não eram de alguém da realeza, pois teve que se vestir com roupas mais comuns para não chamar atenção, além de realmente preferi-las.
Os pais do loiro saudaram o príncipe, mesmo que ele insistisse que não eram necessárias. Tinham respeito pela realeza - como qualquer cidadão naquela vila - enquanto o esverdeado também fazia o mesmo, pois mesmo sendo amigo de Todoroki, não queria desrespeita-lo.

Katsuki por outro lado estava pouco se fodendo. Seu corpo ainda doía, fazendo-o ter que se apoiar no ruivo que encarava aquela situação meio confuso pois notou algo estranho no tal Todoroki.

O rapaz possuía cabelos bicolores escorridos, semelhantes aos seus olhos de cores cinza e azul, além de uma cicatriz de queimadura - que trazia certo charme à sua face - contudo, exalava um cheiro diferente de um ser humano.
Era o cheiro de um dragão. Por quê?

- Todoroki-kun, por que está aqui? - Midoriya questionou-o confuso com sua chegada repentina.

- Ouvi de Kaminari que Bakugou estava por aqui - respondeu educado - Queria vê-lo depois de tanto tempo.

- Veio tirar sarro de mim, meio-a-meio? - bufou irritado com a presença do príncipe, arrancando resmungos de seus progenitores que lhe disseram que deveria ter mais respeito.

- Não. Gostaria de saber se está bem. - disse calmo, ignorando os rosnados de Katsuki - E este rapaz ao seu lado, quem seria? - questionou, fixando os olhos heterocromáticos na figura ruiva. Havia sentido seu cheiro diferente assim que entrou naquela sala, mas fingiu não notar.

- Ah, eu sou um amigo dele, Eijirou Kirishima - timidamente, o ruivo respondeu, fazendo uma reverência ao bicolor.

- Amigo? - a loira questionou, ainda sem se esquecer totalmente do que vira no quarto.

Kirishima ficou em silêncio e Katsuki olhou de relance para ela irritado.

- Sou Shoto Todoroki - sorriu gentil.

O ambiente de repente ficou silencioso novamente, mas tal silêncio foi quebrado por Izuku, que disse para se sentarem e avisou que iria preparar algo para comerem.

O príncipe começou a puxar assunto com o loiro, que mostrou-se irritado com as perguntas do rapaz no começo, mas logo foi se acostumando enquanto conversavam.

A mulher loira aproveitou para interrogar Kirishima, querendo conhecer o tal "amigo" de seu filho, apresentando-se como Mitsuki Bakugou e apresentando seu marido, Masaru Bakugou, que mal teve momentos de fala na conversa, pois a mulher falava eufórica sobre o quão difícil seu filho é e como era inacreditável que houvesse encontrado um amigo durante seu tempo desaparecido.

Kirishima ainda estava minimamente assustado com todas aquelas perguntas repentinas com bastante medo de revelar qualquer coisa sobre ser um dragão ou sobre a relação verdadeira que possuía com o loiro.

Midoriya voltou com lanches e começaram a conversar sobre assuntos triviais, vez ou outra com a mulher questionando onde Katsuki esteve nos últimos dois meses, mas parando assim que percebeu que ele não iria responder.

***

A noite caiu e estavam todos cansados. Todoroki começou a se levantar, despedindo-se de todos para, infelizmente, voltar à sua casa.

- Boa noite, T-todoroki-kun - o esverdeado falou tímido, suas bochechas levemente coradas denunciavam completamente seus sentimentos.

- Boa noite, Izuku - sorriu, fazendo questão de chama-lo pelo primeiro nome apenas para ver seu rosto quase pegar fogo. Olhando uma última vez para trás do esverdeado, vendo Kirishima sorrindo enquanto conversava com alguém.
Tentaria conversar com ele depois, mas por enquanto depositária sua confiança em Izuku.

- Izuku - chamou-o - Por favor, não deixem que descubram sobre ele. - claramente se referia ao Kirishima e Midoriya entendeu isso, acenando positivamente e confiante.

- Não vou deixar! - disse firme, arrancando outro sorriso despreocupado de Shoto, que mais uma vez se despediu e começou a se afastar.

No momento que Izuku fechou a porta, deu de cara com Bakugou.

- Descobrir sobre quem? - questionou irritado pelos segredinhos entre aqueles dois.

- Você sabe Kacchan - olhou no fundo de seus olhos esperando que o loiro lhe entendesse.

- Tsc. - estalou a língua, mostrando compreender.

Então ambos foram aos progenitores de Katsuki e os encontraram conversando com um Eijirou bem entusiasmado.

- Senhor e senhora Bakugou, querem ficar? - Izuku perguntou.

- Deku! - bufou irritado. Não queria seus pais por lá lhe enchendo o saco.

- Ah querido, não precisa... - Mitsuki lhe respondeu - Nós vamos levar Katsuki para casa - sorriu ameaçadora.

- O cacete -resmungou - Não sou aceito naquela merda de vila.

- Não moramos mais lá - Masaru explicou.

- Hã?

Então lhe explicaram que depois de seu filho ser expulso, o casal também saiu de lá, migrando para a vila onde onde a família Midoriya ficava, pois eram a única família que mantinham uma relação de amizade. Lá a vida passou a ser mais tranquila, mas não tinha sinal do filho em lugar algum. Houveram buscas incessantes, mas era como se ele simplesmente tivesse sumido do mundo, como se tivesse morrido.

E realmente pensaram que tivesse até serem chamados por Hanta a pedido de Izuku.

- Então filho, você não precisa se preocupar em não ser aceito.

- Mas eu não vou pra casa cacete - rosnou irritado. Se ir para casa significava deixar o dragão para trás, ele não queria ir nem fodendo.

- É por causa de seu amigo? - perguntou, apontando para o ruivo que ouvia tudo em silêncio.

Kirishima estava imerso em pensamentos. Os pais do loiro não eram maus, eram pessoas muito gentis e divertidas, descobriu isto mais no fim da tarde, onde contavam histórias sobre quando Bakugou era criança. Estava imensamente feliz pelo loiro ter uma família, um lugar para onde voltar. Bom, agora não precisava mais de companhia, certo? Encontrou seus amigos e parentes novamente, então não precisava mais dele por mais que quisesse protegê-lo.

Quando viu a loira apontar para si ficou confuso, havia se perdido na conversa.

Bakugou virou a cara, negando envergonhado e Mitsuki entendeu que se tratava exatamente daquilo.

- Não seja por isto - ela respondeu ao loiro - Se o amante dócil do meu filho quiser morar conosco, seria ótimo.

- Mitsuki... - Masaru iria alerta-la de que cometeu um equívoco quando um certo loiro lhe interrompeu.

- Ele não é meu amante! - gritou com a face queimando de vergonha, olhando de canto para Kirishima, que o fitou com o olhar magoado.

Se arrependeu na hora.

Kirishima sabia que não era nada para Bakugou, ou queria pensar que sabia, mas aquilo doeu muito de qualquer forma. O sentimento de desconfiança continuava bagunçando tudo.

[...]

Beloved Dragon [DESCONTINUADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora