10 • Conversa

2K 363 135
                                    

Eijirou suspeitava cada vez mais de Katsuki e isso só o deixava mais perturbado.
Sua respiração estava acelerada e seu coração estava disparado enquanto ainda estava encostado na parede.
Quando foram sozinhos para a casa depois de todas aquelas revelações, seu medo se intensificou cada vez mais, a ponto de negar o gesto de carinho de Bakugou.
Queria muito acreditar que era apenas um gesto inocente que traria calmaria à sua alma, mas seus instintos falaram mais alto fazendo-o se afastar.
Foi doloroso demais olhar a expressão que Katsuki fazia enquanto lhe perguntava se estava com medo de si.
Era uma expressão de mágoa misturada ao desespero.

Quando o esverdeado chegou, tudo apenas piorou.

E agora, estava ali temeroso, sentado no chão e encostado na parede onde esteve anteriormente enquanto bebia a água que Midoriya lhe ofereceu.

- Quer me dizer o que aconteceu? - Izuku indagou cuidadosamente.

- Eu não sei. - sentiu os olhos arderem - Não sei o que pensar...

- Do quê?

- Você não vai entender.

- Não vou se não me disser. - disse firme, fitando o ruivo nos olhos.

Eijirou abriu e fechou a boca várias vezes, estava hesitante. Não deveria dizer, certo? Era perigoso.
E se Midoriya espalhasse por aí que é um "pecador"? Ou pior, se o loiro fosse condenado também? Não deveria revelar.

- Não, não vai.

O esverdeado estreitou os olhos pensando em algum modo de descobrir por si só o que ocorreu entre eles e como ajudar. Acabaram de se conhecer, mas não era por isto que o abandonaria ali em um momento de fragilidade.

Cogitou várias possibilidades que poderiam estar levando o ruivo a chorar copiosamente e o que poderia levar o loiro a fumegar frustrado e sair a passos pesados no momento que chegou.

Lembrou-se da reação do ruivo quando exemplificou um grande animal a ser caçado, ou seja, dragões.
E mais, a reação do loiro dizendo que lhe explicaria mais tarde.
A mentira que contou sobre ter sido salvo por Katsuki. Se fosse algo tão simples assim, o loiro não hesitaria em contar todo orgulhoso de seu ato heroico.

- Kirishima, você tem alguma relação com dragões? - foi direto. Não adiantaria ficar enrolando demais, e uma perguntas dessas feita repentinamente tinha mais chance de gerar um reação genuína.

E foi exatamente isso.

As sobrancelhas do ruivo franziram surpresas, e encarou o esverdeado embasbacado por alguns segundos, antes de notar que sua cara estava praticamente o entregando e ensaiar alguma expressão divertida enquanto tentava negar tranquilamente.

- Não, que isso cara. - riu nervoso.

- É exatamente isso então. - Afirmou, vendo o semblante do ruivo contorcer-se em pavor - Acalme-se, eu não odeio dragões! - levou suas mãos ao cordão que estava embaixo de sua camisa - Vê? - continha um cristal de gelo. Conhecia este tipo de gelo, ele poderia apenas ser produzido por um dragão de gelo destinado ao seu par, e não poderia ser derretido, a não ser que fosse usado por qualquer outra pessoa que ele não fosse destinado.

- Isso é... de um dragão de gelo? - levou suas mãos ao cristal, analisando a superfície gelada e pontuda.

- Meio. Ele também era de fogo - sorriu envergonhado ao lembrar-se do dragão. - Ele me salvou uma vez e nos aproximamos. Mas tivemos que nos afastar, apesar de ainda no vermos semanalmente.

- Que incrível! - seus olhos brilharam ao imaginar a figura de um dragão de um dragão com dois elementos tão diferentes.

Midoriya sorriu.

- Eu o amo... - acabou por deixar escapar - Ah, droga! - fitou Eijirou apenas esperando as encaradas enojadas.

- Eu também amo o Bakugou... - murmurou sentindo-se queimar de vergonha. Parece que não era um problema, visto que o esverdeado era igual a si.

- O Kacchan? - arregalou os olhos - Tem certeza? Aquele cara mal-humorado?

- Ele não é tão mal-humorado assim. - explicou, lembrando da situação atual entre eles - Mas ele tem agido estranho - disse tristonho - Eu não queria teme-lo, mas ele não quis me contar o que aconteceu...

- Ah. - O esverdeado pareceu lembrar - Você diz, no dia da caçada...?

- Você sabe?

- Sim.

- Me conte! - se conteve para não pular no outro.

- Não vou contar. Isso é algo pessoal, que o Kacchan deve contar quando estiver preparado, sabe? - explicou - Mas eu te garanto que ele não pensa em te ferir e ele se culpa muito pelo que aconteceu. - colocou uma mão sob o ombro do ruivo a fim de transmitir a seriedade da situação.

- Tudo bem - Concordou ainda hesitante. Queria confiar no amado, porém temia estar sendo enganado.

- Que tal conversar com ele agora?

Eijirou acenou e foi guiado pelo esverdeado ao cômodo extra para convidados.

Mas ele não estava lá.
Nem nos outros.
Havia sumido daquela casa.

[...]

Beloved Dragon [DESCONTINUADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora