14 • Reencontro Inesperado

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Demorou, mas veio aa
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Segundos, minutos, horas e enfim, um dia se passou até que o loiro despertasse. Abriu os olhos lentamente, sentindo as dores musculares de alguém que havia dormido por mais de oito horas.
Passou os dedos por seu abdômen, sentindo o um tecido diferente ali.
Levantou-se, se sentando na cama e retirando o lençol de cima de si para ver. Eram bandagens. Não havia morrido então?
Olhou ao redor do quarto, reconhecendo-o imediatamente. Era o quarto de Deku.

"Então eles me encontraram naquele estado?" assumiu enquanto a lembrança de ser carregado nos braços de Eijirou passou por sua mente.

Seu olhar continuou a vagar novamente, até começar a reparar na presença ao seu lado. Olhou para o lado e viu uma cabeleira ruiva debruçada sob a cama, se assustando ao ver que se tratava de ninguém menos que aquele dragão idiota qual nutria um sentimento misterioso.

Começou a levar suas digitais à face do ruivo conforme o chamava a fim de acordá-lo.

- Ei, Kirishima... - sem resposta. Chamou-o de novo, sem sucesso. - CABELO DE MERDA! - Gritou em desespero por pensar que algo pudesse ter acontecido com ele.

Suspirou aliviado ao ouvi-lo gemer irritado por ter sido acordado aos berros. Porra, que não lhe desse outro susto assim.

- hmm? - nem sequer abriu os olhos, apenas buscando tentar dormir novamente.

- Acorda, cabelo de merda. - Katsuki falou uma última vez, vendo o dragão abrir seus olhos de uma vez e fita-lo com as orbes cor carmesim brilhando em esperança.

- BAKUGOU! - Gritou sem receio, se levantando com certa dificuldade pela posição que havia dormido e cuidadosamente envolvendo o loiro em um abraço apertado enquanto as lágrimas formavam-se em seus olhos.

Katsuki estava completamente sem reação. Não sabia que o abraçaria sem hesitação alguma, muito menos de que choraria ao vê-lo acordar. Começou a retribuir o abraço, apertando o ruivo como se não fosse soltá-lo.

- Eu sinto muito, Bakugou... - falou entre soluços. - por duvidar de você, eu deveria ter confiado!

- Pare...

- Eu não suportaria ter te encontrado morto, não quero que alguém que eu ame morra novamente, não de novo - declarou, lembrando-se do passado, dos erros que ele cometeu, de quem ele não pôde salvar.

- Porra - praguejou - É eu quem tenho que me desculpar, cacete.

- Como? Te machucaram, Bakugou! Você não precisa se desculpar por nada!

- Eu fiz eles me machucarem. - assumiu.

- Hã? - arregalou os olhos atordoado com a informação.

- Eu não revidei. - afirmou, não conseguindo olhar nos olhos do outro - Fiz eles me atacarem pra morrer - puxou o ar pesadamente - Eu tentei morrer, Kirishima.

- Não... - não queria aceitar aquilo - Por quê?

Katsuki levantou a cabeça por um momento e fixou seu olhar às orbes carmesim, não conseguindo contar mais nada.

- Só... Sinto muito - ele diz com dificuldade - Não quero falar sobre isso, não agora. - declarou, se aproximando para não dar chances ao ruivo de responder, selando seus lábios suavemente aos dele e aumentando o aperto no abraço.

Eijirou ainda estava alarmado, confuso e perdido com aquela nova informação, contudo, compreendeu a situação, lembrando-se sobre a fala de Midoriya sobre coisas terem ocorrido em seu passado. A sensação de ter seus lábios selados com os do loiro foi maravilhosa, mas sabia exatamente que aquilo era apenas para dispersar sua atenção quanto ao assunto anterior, contudo, aproveitou a suavidade daquela ação, carinhosamente apertando Katsuki contra seus braços.

- O-o que é isso? - Ouviram uma voz feminina espantada.

Se separam e procuraram a direção de onde a voz vinha, parando seus olhares sob uma figura feminina idêntica à Bakugou. Possuía madeixas louras espetadas e orbes vermelhas, com um olhar tão afiado quanto o do loiro, porém ao fita-lo, seu olhar se contraiu em preocupação. Começou a se aproximar a passos largos até a dupla, aproximando suas mãos à face de Bakugou, tocando sua pele com delicadeza enquanto lágrimas escapavam por entre seus olhos.

- Filho, é você mesmo? - indagou, mesmo sabendo muito bem que não poderia ter outro pessoa tão igual a si no mundo.

Então, vendo o clima instaurado, Kirishima tratou de dar espaço para que a loira pudesse falar com Katsuki.
"Filho?" pensou. Bakugou possuía uma família, então? Isso aquecia seu coração ao passo que também lhe fazia sentir certa angústia por não possuir tal laço.

A loira continuou chorando abraçada a Bakugou enquanto o próprio segurava-se para não desabar, retribuindo seu abraço.

Eijirou viu outra figura adentrando o quarto, dessa vez sendo um homem de cabelos castanhos e um olhar alarmado provavelmente por ter ouvido a esposa chorar. Olhou para o loiro sendo quase esmagado nos braços dela, se aproximando rapidamente e abraçando-o também.

- Pelos deuses, pensei que nunca mais fosse te ver, filho - o homem disse, sua voz era gentil e recheada de carinho. Passavas as mãos gentilmente pelos fios de Katsuki, enquanto o abraçava apertado, como se não o visse há tempos.

A cena se prolongou por mais cinco minutos, onde Bakugou, mesmo ainda feliz de saber que seus progenitores estavam bem, começou a afasta-los e se levantar com certa dificuldade da cama. Sorrateiramente, se aproximou de Eijirou que não tinha ideia de como reagir àquela cena.

- Como souberam que eu estava aqui? - questionou verdadeiramente confuso e irritado.

- Midoriya nos avisou que havia te encontrado.

- Porra, Deku - praguejou.

- Me chamou, Kacchan? - o esverdeado surgiu na porta do quarto com um sorriso de desespero.

- Por que caralhos chamou eles?

- São seus pais, Kacchan! Estiveram preocupados com você! - explicou para ele - prometi que os avisaria caso te encontrasse, então cumpri minha promessa, pedindo para que Sero passase minha mensagem.

- Tsc. - estalou a língua para não descontar todo seu ódio no garoto. Não é que odiasse os pais, mas não queria vê-los assim, de surpresa. E ainda mais quando sua mãe lhe pegou beijando Kirishima.

- Quem é esse? - a mulher perguntou curiosa, apontando para Kirishima que se encontrava calado por todo esse tempo.

"Um amigo? Um amante? Um companheiro?" Katsuki não sabia descrever o que ele era para si, ficando travado nessa questão.

- Sou Eijirou Kirishima - se apresentou - Seu filho me salvou, então ando com ele para devolver o favor.

- Devolver o favor, é? - a loira estreitou os olhos, lembrando-se da cena que presenciara ao entrar no quarto.

- É-é - gaguejou, virando a cara para evitar contato visual com a mulher.

- Sejam sincer-

- Olha, parece que o Todoroki-kun chegou! - Midoriya gritou alto. É óbvio que foi de propósito para interromper a mãe do amigo e atrapalhar seu raciocínio. Porém, não estava mentindo. Todoroki chegou no timing perfeito.

A mulher suavizou a expressão, parecendo esquecer do assunto por hora, não hesitando em abraçar carinhosamente o filho mais uma vez pela saudade que sentira dele. O homem de cabelos castanhos fez o mesmo, e ambos foram até a pequena sala na casa para receberem Todoroki.
Era um príncipe, afinal.

[...]

Beloved Dragon [DESCONTINUADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora