19 • Compreensão

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Kirishima ouviu cada palavra do loiro com muita atenção. Cada detalhe, cada sensação, cada elemento daquela história eram contados por Bakugou de modo simples, mas suficientemente detalhado para que fosse facilmente compreensível.

Infelizmente, o nome daquele dragão era desconhecido a si, pois nasceu e viveu em uma aldeia humana, não tendo tanto contato com outros dragões.

Haviam ido para a casa do loiro, onde entraram ouvindo questionamentos dos progenitores do rapaz que foram ignorados por conta da ansiedade em finalmente contar aquilo ao dragão.

- E foi assim que eu o matei... - concluiu, passando as costas da mão no rosto para retirar as lágrimas que insistiam em aparecer, temendo a reação negativa.

- Bakugou. - chamou-o - Você não o matou.

- Ele morreu por minha culpa, então sim, eu matei.

- Não. - negou mexendo a cabeça, sentindo as lágrimas escorrerem por sua face. Estava sentado no chão até o momento, ouvindo Bakugou contar sua história, mas tratou de levantar deitando hesitante ao seu lado. - Ele te protegeu e você tentou protegê-lo também.

- Mas eu fui fraco, cacete - sentiu o ruivo envolvê-lo em seus braços - Não mereço ser abraçado - tentou se desvencilhar do aperto.

- Você estava machucado - apertou mais forte - Não dava pra fazer nada.

- Dava - insistiu na mentira, desvencilhando-se do aperto e sentando na cama - E eu continuei sendo um fraco do caralho.

- Bakugou... - levantou também, aproximando-se do loiro.

- Você me encontrou na beira do rio, lembra? - questionou, fitando as orbes carmesim com intensidade.

- Sim, você deve ter caído ou-

- Eu não cai - admitiu com dificuldade, vendo Kirishima arregalar os olhos assustado.

- Você...

- Sim - respirou fundo - eu pulei. - a sensação desgostosa de admitir aquilo invadiu seu peito. Não tinha orgulho algum em ter feito o que fez. - Pulei porque não suportava mais pensar no que fiz.

Ficaram em silêncio por alguns segundos.
Eijirou fitou Bakugou pesaroso, não esperava por aquela informação e por um momento não soube o que fazer, não queria mostrar um reação errada diante daquela situação. Lembrava-se de quando ele admitiu que se envolveu em uma briga para morrer...

- Mas eu te encontrei. - afirmou baixo, esgueirando-se até o lado de Bakugou.

Katsuki sentiu os olhos arderem e a garganta fechar, mas mordeu o lábio, segurando as lágrimas e deixando que o outro se aproximasse até sentar ao seu lado.

- Você não foi fraco, Bakugou - afirmou novamente, e o loiro iria negar, mas sentiu um braço passando por sua cintura lhe puxando para mais perto.

Ficou em silêncio. Não sabia o que dizer. Estava envergonhado de admitir o que fez, de ter feito o que fez, mas aquele simples gesto de apoio lhe deixou sem palavras, lhe confortou ao passo que imaginou se merecia aquele dragão.

***

- Katsu... - A voz feminina se fez presente no quarto. Parou ao ver seu filho junto ao outro rapaz deitados na cama lado a lado.

Ainda era uma cena um tanto quanto estranha aos seus olhos, contudo, não julgava seu filho de modo algum. Viu o quão abalado ficou quando Eijirou disse ser apenas um amigo e também presenciou o carinho que nutriam um pelo outro quando finalmente pôde reencontrar seu filho.

Beloved Dragon [DESCONTINUADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora